Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

 Almeida Lima encara com “normalidade” atos de Belivaldo na Saúde e “não vê motivos” para se demitir
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José Almeida Lima: “Por que eu não vou ver legitimidade no governador para fazer tudo isso?

Os sergipanos que estejam tomados por um eventual sentimento de pena ou piedade do secretário de Estado da Saúde de Sergipe, José Almeida Lima, em virtude das “intervenções” - se é que se pode dizer assim - que o governador Belivaldo Chagas faz em sua Secretaria, devem repensar e mudar a visão dos fatos.

Porque o próprio Almeida Lima não está constata nada de errado ou anormal em ver parte da estrutura da SEES sendo retirada do seu comando dia após dia por atos e mais atos do governador Belivaldo, todos sem que lhe faça a mínima consulta, sequer lhe dê um informe prévio. Almeida não se sente incomodado, aviltado, ou coisa que o valha.

“Eu não estou vendo nada do outro mundo. Eu não estou sentido nada”, diz ele. “O senhor não vê motivos para ir embora?”, pergunta-lhe a coluna Aparte. “Eu queria saber por quê? Eu acho que nem comporta a pergunta, imagine a resposta”, responde ele.
 
Para sentir-se “à vontade”, Almeida dá uma explicação aparentemente plausível. “As Diretorias não são minhas. São do governador. Eu sei quais são as atribuições de um secretário. Você já imaginou se o governador fosse eu? Se imaginasse, eu estaria fazendo a mesma coisa”, diz ele. Vale a pena ler a breve conversa entre ele e esta coluna.

Aparte - Parte da sociedade sergipana acha que o govenador Belivaldo Chagas estaria lhe humilhando. O que o senhor acha disso? 
Almeida Lima -
Eu não acho. Eu não estou vendo nada do outro mundo. Eu não estou sentido nada.

Aparte - Nas conversas privadas que o senhor tem com o governador, sente ele ríspido com senhor, querendo lhe mandar embora?
Almeida Lima -
Não. Em hipótese nenhuma. Nunca vi isso.
 
Aparte - O senhor tem intenções de deixar o posto ou permanece na Secretaria da Saúde?
AL -
Por que eu deixaria? Eu não tenho motivo nenhum.
 
Aparte - Mesmo Belivaldo lhe cortando na carne, tirando suas Diretorias?
AL -
As Diretoria não são minhas. São do governador. Eu sei quais são as atribuições de um secretário e a atribuição de qualquer um outro.
 
Aparte - O senhor não está se sentido desconfortável?
AL -
Eu não. Eu cheguei para administrar a Adema e mexi em quem ali? Em ninguém. Você sabe que estive na Assembleia Legislativa duas vezes e ao chegar ali na condição de secretário da Saúde nas duas vezes, é só buscar nos anais, que consegue as palavras das deputadas Ana Lúcia e Maria Mendonça parabenizando o secretário porque continuou com a mesma equipe. Ao chegar aqui, eu me lembro bem, não trouxe ninguém a tiracolo, salvo a minha secretária de Gabinete, uma assessora pessoal e basicamente mais ninguém. Eu não tenho ninguém aqui na Secretaria.
 
Aparte - Mas Luis Eduardo Prado não era um nome do senhor?
AL -
Ora, eu encontrei o Luis superintendente da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Pelo amor de Deus: Luis já estava na maternidade.
 
Aparte - A Vera Lúcia de Oliveira, da Diretoria Financeira, não era um nome do senhor?
AL -
Vera Lúcia sim, porque desde o início do ano passado que eu tentei tirá-la de Clóvis Barbosa (ex-presidente do TCE). Mas nem ela quis vir e nem Clóvis deixou. Como neste ano ela saiu de lá e no final do ano passado eu havia feito uma divisão de recursos humanos e no financeiro, a coloquei aqui sem tirar ninguém.
 
Aparte - Qual o conceito que o senhor tem de Valberto de Oliveira Lima, que assume o posto de secretário Executivo? O senhor já o conhecia, o conhece?
AL -
Eu o conheço. Eu o conheço do Huse, do Hospital do Cirurgia, como conselheiro, e o conheço como aliado político de Propriá, com quem já conversei administrativamente inúmeras vezes e a quem, no início do ano passado, fui buscar opinião e sugestões sobre o Hospital de Urgências de Sergipe.
 
Aparte - O senhor terá uma convivência fácil com Valberto?
AL -
Não tem porque ser difícil. Em relação ao Hospital de Urgências, repito, ano passado fui buscar opiniões com ele. Do mesmo jeito, fui buscar opiniões com outro cirurgião e, aliás, ex-secretário de Saúde, que trabalha no Huse, o doutor Ivan Paixão.
 
Aparte - É confortável ter José Nilton de Souza no seu DAF, no seu Financeiro?
AL -
Amigo, a questão do serviço público não tem essa de ser confortável ou desconfortável. Este rapaz é do MDB. Foi prefeito de Pirambu pelo MDB, morou vizinho de mim naquela praça em que moro. É conterrâneo meu.
 
Aparte - As pessoas dizem que o senhor estaria pagando caro nessa relação com Belivaldo em decorrência das suas defesas de que Jackson não deveria deixar o Governo. O senhor se penitencia daquilo?
AL –
Não. Não, de forma nenhuma. Sou um homem político antes de ser secretário de Saúde, companheiro de Jackson, sou do mesmo partido de Jackson, companheiro e aliado dele, reconheço a liderança dele dentro do partido. Eu apenas emiti uma opinião.
 
Aparte - O senhor disse que não tinha a intenção de ser uma opinião profunda.
AL –
Não tinha. Emiti uma mera opinião. Mas é uma coisa tão antiga. Eu não tenho porque me penitenciar. Primeiro, não vejo reação nenhuma do governador. Segundo, se reação existisse, como algumas pessoas colocam aí, eu jamais atribuiria àquela opinião.
 
Aparte - Porque a sua opinião para que Jackson ficasse poderia significar que o senhor não queria Belivaldo como governador.
AL -
Eu nenhum momento me referi a Belivaldo nesse sentido. Ao contrário. Quando me referia a ele, era como nosso pré-candidato a governador. Não tem nada a ver. Primeiro que eu não vejo nenhuma reação dele e, muito menos, se houvesse uma reação, porque eu iria atribuir a uma mera opinião que eu dei lá atrás?
 
Aparte - Mas, então, o senhor acha normais essas ações do governador na sua esfera, de diretor do Huse, de Diretoria Financeira, de adjunto?
AL -
Você já imaginou se o governador fosse eu? Se imaginasse, eu estaria fazendo a mesma coisa, porque quando eu assumi a Prefeitura de Aracaju eu fiz as mudanças que eu quis fazer. Por que eu não vou ver legitimidade no governador para fazer tudo isso?
 
Aparte - O senhor, finalmente, não vê motivos para ir embora?
AL
- Eu queria saber por quê? Eu acho que nem comporta a pergunta, imagine a resposta.

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