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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Apelar para intervenção militar é erro torpe e sem nenhum amparo
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Jair Bolsonaro: não viria por golpe, mas sinaliza uma visão militarista

O Brasil falhou. O Brasil falhou e se perdeu profundamente. Este é o sentimento que me assalta com profundo pesar quando me deparo com gente aparentemente de boa formação cultural levantando crachás de simpatia por uma intervenção militar na vida política do país.

E o que mais espanta nessas atitudes é que esse ser social não está restrito a figuras maduras, que eventualmente tenham convivido com os obscuros 21 anos da ditadura militar que cingiu a nação de 1964 a 1985 e que estivessem a regurgitar algum tipo de saudade.

Não. Entre os que flertam esta possibilidade, há muitos jovens. Há muita gente “sarada”, que “bebe cerveja e cospe no chão” de uma certo verniz do politicamente correto. É malhada em opinião, frequenta até curso superior e se diz libertária e democrata. “Muderninha”, como diria o colunista dos colunistas, Márcio Lyncoln.

Esse tipo de gente – jovem e madura - está arrepiando facilmente a pele quando um Mourão de cancela milico range saudades dos tempos de Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel, João Batista Figueiredo e dos seus supostos milagres brasileiros.

Esse tipo de gente - novíssima ou da velha guarda - tem ouvidos cegos para as atrocidades que aquela outra gente milica perpetrou contra o Brasil. Esse tipo de figura humana contemporânea quer se vingar do erro atroz - a bandidagem instituída pelo lulopetismo -, chamando de volta na saudade e na realidade um dos períodos mais sombrios e tenebrosos da história do Brasil.

 É aí que se vê que o Brasil falhou. Quando os militares se viram forçados a restituir o Governo aos civis, ainda que por eleição indireta em 1985 e com o Governo caindo, por fatalidade, nas mãos de um dos filhotes deles - o pernicioso José Sarney -, não eram nem 10% os brasileiros que migraram do ensino médio para o superior.

Hoje, este índice supera os 50%, o que só aprofunda mais o senso e o espanto de que o Brasil falhou. Esse percentual de nível superior nos diz sobejamente que a quantidade não rimou com a qualidade. Temos “mais educação superior”, sim, mas menos compreensão e menos tolerância para com o que é democrático. Para o que é sano.

Ou seja: não se formou uma massa crítica. E uma certificação maior disso vem do fato de que nas melhores escolas de nível superior, que são as públicas, sobretudo as federais, há um profundo sentimento de viuvez em relação ao PT e seus ídolos podres, como o Lula. Sentimento que permeia professores e alunos.

E neste limbo vemos os dedos em riste falando em intervenção militar. Ou dando asa e corda a brucutus como este senhor chamado Jair Bolsonaro, para quem a atávica e perversa realidade social deste país pode ser revertida a golpe de baioneta, a pontapés de coturnos.

 As pessoas que manifestam esse tipo de saudosismo estão alienando algo sagrado que lhes pertence: o poder pessoal de operar mudanças. Sim, só elas - e mais ninguém - podem “derrubar esse troço todo”, viu general Hamilton Mourão, com a força de suas atitudes e de suas consciências. Com o poder de seus votos.

Do contrário, não tem saída. Não é assim e nem por aí. Por mais degenerada que esteja neste momento, com seus tipos bizarros bem representados por Lula, Eduardo Cunha, Gedel Vieira Lima, Aécio Neves, Dilma Rousseff, Michel Temer, Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Zé Dirceu, a política ainda é o nosso salvo-conduto.

A política, não estranhe, irmão, ainda é o que pode nos salvar nos redimir. Joguem pedra, mas ela é a nossa Geni. Fora dela, tudo está perdido. Fora dela, tudo recende a barbárie. Porque barbárie é entregar o Brasil a um general ou coronel brucutu e de cu na mão, cheio de medo, de desrazão e insensibilidade. Barbárie para o que seja democrático. Para o que seja liberdade.

Sim, o Brasil falhou. O momento exige profunda lógica da sociedade como um todo para reparar isso. Só não pode ser através do retrocesso. Só não pode ser alienando a liberdade. Ditadura, nunca mais.

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