Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Aracaju discute planejamento para até 2055. E Sergipe, para quando?
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Paulo do Eirado: convite aos cearenses para expor o modelo do programa Ceará 2050

O grupo de estudo já está montado e é composto por empresários sem vínculos oficiais com a gestão pública da Capital, por todo o staff de Governo Municipal que tem algo de afinidade com as áreas de planejamento, por universidades públicas e particulares, pelas entidades de classe de todos os setores, pelo Sebrae e, sobretudo, pelo povo avulsamente.

Está bem delimitado que, apesar de a ideia ter o seu cordão umbilical ligado ao Comden, e de o Comden ser um Conselho Municipal, a condução desse planejamento é livre das amarras do Governo - veja que uma gestão, se renovada, pode durar no máximo oito anos enquanto o pensado quer se estender por até 36 anos.

Esse planejamento nasce com áreas nucleares definidas para receber os enxertos das ideias e concepções para esses 36 anos, e poderá ser fragmentado em três etapas - até 2030, 2045 e 2055. “Na última reunião do Comden ficou demonstrado que esse planejamento de longo prazo deve atender às áreas de desenvolvimento econômico, educação, ciência, tecnologia e inovação. E esses temas serão distribuídos por duas câmeras de atuação”, revela o empresário Juliano Cesar de Faria Souto, do Grupo Fasouto. “Mas o projeto é da sociedade. Ninguém vai querer impor nada pronto”, arremata Juliano Cesar.Coube a Juliano Cesar atuar na esfera desenvolvimento econômico e a Paulo do Eirado Dias, superintendente do Sebrae, no da tecnologia e da inovação. Por afinidade, os dois têm batido bola conjuntamente no projeto. Ambos acompanham, com entusiasmo compartilhado, por exemplo, a elaboração do Plano Ceará 2050, que o Governo, as entidades de classe e a sociedade do Ceará colocam em prática e que tem chamado a atenção do Brasil inteiro.

Paulo do Eirado Dias diz que o Sebrae tem como compromisso, dentro da aceleração do plano aracajuano, convidar os técnicos do Ceará para virem dar uma demonstração em Aracaju do que está sendo feito por lá.

“O Sebrae de Sergipe vai dar todas as condições, como passagens, para que esse pessoal do Ceará venha, faça conosco um evento interno, de discussão do projeto de lá, como é que se está chegando a essa visão de futuro, e depois a gente faça um evento aberto para os empresários e demais segmentos socais de Aracaju, para que identicamente se apresente a proposta que se materializa por lá”, diz Do Eirado Dias. 

“Os membros do Comden estão pensando em 2055 porque é quando a cidade completa 200 anos de fundação”, diz Paulo. “É bom que haja um marco nesse sentido”, admite Juliano Cesar. Melhor, no entanto, seria que o Governo do Estado pegasse gosto por um planejamento identicamente estirado e contemplasse Sergipe com algo mais profundo e não com uma demão de cal de quatro anos - se é que procede a informação do tal do planejamento deflagrado pelo Governo Belivaldo Chagas.

Um dos debates mais prementes da sergipanidade, desde há alguns anos, é o da necessidade de um planejamento alongado, aquele que olhe a linha do horizonte bem distante, pensando futuro de Sergipe e não meramente no presente. Não o famoso caça-e-come. O caça de manhã para comer no almoço e regurgitar os sobejos na janta.

E esse tem sido um debate, infelizmente, atarracado. Improdutivo, do tipo que nada avança, e que leva à conclusões infelizes como a que tem rotulado Sergipe como um pobretão espremido entre dois primos ricos, que são a Bahia e Alagoas.

Volta e meia tem alguém, inclusive aqui neste Portal JLPolítica - que aliás é muito preocupado com essa temática -, vindo à tona e esperneando contra essa letargia de pensamento. Bons exemplos disso foram o artigo e a entrevista dos empresários Jorge Santana e Alexandre Porto, ambos acessáveis pelos links.

Apesar da apatia e da escassez de grandes pensamentos, pior do que o está Sergipe não poderá ficar. Portanto, é preciso ceder ao lugar comum e acreditar que quem pensa grande se grandemente não realiza, pode ao menos atingir os patamares médios. Mas quem pensa pequeno, fatalmente está condenado a descer um pouquinho além do rés do chão - e nessa região só quem prospera são as minhocas.

Esta semana a Coluna Aparte tomou conhecimento de dois fatos nessa esfera. Um, se proceder, péssimo. Outro, alvissareiro. Do primeiro: o Governo do Estado estaria elaborando um plano de futuro para Sergipe, mas condicionando-o, ou aprisionando-o, aos quatro anos da gestão do atual governador Belivaldo Chagas. Esse, se assim se der, seria uma espécie de plano do rés do chão. 

Do segundo: o Governo do Município de Aracaju está ativando o Comden – Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico - com a finalidade nobríssima de fazer um plano de desenvolvimento que alcance e contemple os sonhos e as necessidades da cidade de Aracaju até 2055. Isso mesmo: até 2055.

Não se trata aqui de planejamento de gestão, ou de uma gestão em si, e nem tampouco de um certo gestor, apesar de a iniciativa ter sido deflagrada por um que está gerindo a cidade neste momento, que é o prefeito Edvaldo Nogueira, PCdoB.

Por essa ação que nasce no Comden, pensa-se no tal do futuro estirando, alongado - veja-se que entre 2019, mais precisamente julho deste ano, quando o planejamento do Comden deverá ganhar ares finais, a 2055, serão nada menos do que 36 anos. Mais do que uma geração.

Juliano Cesar de Faria Souto: “Projeto é da sociedade e ninguém vai impor nada pronto”
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