Aparte
Opinião - Uma campanha consciente

[*] Almeida Lima

É comum se dizer que “não há mal que não traga um bem”. Muito ruim é quando “o custo/benefício” entre o mal e o bem é desproporcional demais, sobretudo quando esse “custo” se dá em forma de dor, sofrimento e mortes. Muitas mortes, milhares e milhares de mortes ao redor do mundo.

Eu falo do mal da Covid-19 e de suas consequências para as eleições municipais deste ano, pois, afora o adiamento e as mudanças que ocorrerão no dia da votação, teremos uma campanha diferente, por causa do isolamento social. E é dessa mudança, que considero muito boa, que eu vou falar.

De logo, analiso que a mudança é muito bem-vinda, pois as campanhas eleitorais no Brasil, assim como em Sergipe e aqui em Aracaju, não têm se prestado para o fortalecimento da democracia representativa, diante de práticas perniciosas, viciadoras de sua legitimidade. 

O contato com o eleitor através de caminhadas, passeatas, carreatas e comícios, em nada contribui para lhe conscientizar enquanto cidadão e eleitor. São movimentos populistas, de oba-oba, apenas para inebriar o eleitor com sorriso largo, beijinhos em criança, abraço em idoso, aperto de mão, entrega de santinho, ou até mesmo com o adeus para só retornar quatro anos depois.

Esse tipo de campanha não proporciona o tão necessário conhecimento da história do candidato, o seu passado, o seu comportamento, as suas ideias, os seus projetos e propósitos, aquilo que lhe possibilita ter as condições para bem escolher o candidato a lhe representar no parlamento e no Executivo.

Gente, campanha eleitoral é coisa muito séria, e é assim que deve ser encarada por todos. Este ano ela não será na base do oba-oba, pois o isolamento social vai impor um estilo diferente. A campanha se dará na internet, por suas mídias e redes sociais tão bem difundidas mundialmente, mais até que no horário eleitoral do rádio e da televisão, cuja mídia não lhe dá a oportunidade de você interagir, não lhe valoriza como ser e lhe trata de forma hierarquizada: eles lá em cima, e você do outro lado, distante, sem opinar, sem participar, sem interagir.

Essa será a campanha que você deve exigir que o candidato se exponha. Exponha o seu conteúdo, o que ele representa, o que ele sabe. Exija. Não aceite pouco. Não queira um candidato vazio. Você tem o direito de saber tudo sobre ele. Afinal, se eleito, ele é quem vai cuidar do seu dinheiro, do dinheiro público, da saúde, da escola, da segurança, da habitação, do seu emprego e do seu futuro profissional. E isso não é pouco. Abrace essa nova forma de se fazer campanha eleitoral. Pense nisso.

[*] É advogado, ex-prefeito de Aracaju, ex-senador e ex-secretário e Estado da Saúde de Sergipe.

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