É curioso como, a 12 dias para as eleições, duas chapas que reúnem as quatro maiores candidaturas ao Senado - que são as de Jackson Barreto, MDB, e Rogério Carvalho, PT, e de André Moura, PSC, e Heleno Silva, PRB - tenham contraído graves problemas de relacionamento interno na disputa.

Não se sabe essencialmente com base em que garantias, mas Rogério virou seus canhões contra JB, passou a dizer que ele não é legítimo na representação perante Lula e pede voto abertamente na propaganda eleitoral contra o emedebista.

Já pela dupla André e Pastor Heleno Silva, Heleno deu sinais de desarmonia muito mais cedo: antes mesmo de se iniciar a propaganda eleitoral no rádio e na TV, o Pastor já havia “eleito” o governo de Michel Temer como saco de pancadas. Não houve disfarce: estava batendo pra valer no seu “parceiro” de empreitada, André Moura, que é o líder de Temer no Congresso.

A conclusão a que se chega é a de que Jackson e André correm sozinhos, e por fora, dando as costas aos seus parceiros de chapa – ou recebendo as costas dadas por eles. Da parte de Rogério Carvalho, o móvel dos ataques a JB parece derivar de um mero ciúme sobre a apropriação que JB faz da pessoa de Lula.

Mas, diga-se de passagem, não é uma apropriação indevida e nem Jackson está sendo um impostor, uma vez que sempre houve harmonia entre ele e o nobre preso petista de Curitiba. Muito mais justo, e certamente proveitoso, pareceria se Rogério e Jackson se encambitassem e saíssem por Sergipe a fora se dizendo irmãozinhos siameses e pedindo voto um pro outro.

Apesar de ter cutucado André Moura primeiro, na esfera de Heleno há muita mágoa, porque “o todo poderoso André não estaria pedindo votos para ele” no âmbito da coligação. Num áudio que circulou nesta terça nas mídias sociais, André lamenta e diz que não tem como forçar correligionários a votarem em Heleno.

Também nesta terça, um político importante do grupo de Heleno manifestou a essa Coluna profunda indignação no fato de André não ter sequer solicitado que a prefeita de Japaratuba, a sua mulher Lara Moura, anunciasse no município que o segundo voto da família seria pro Pastor do PRB.

Enfim, o quiproquó nas duas esferas está armado, selado, carimbado e rotulado. E, pelo adiantado da hora, possivelmente não haverá tempo de Jackson Barreto e Rogério Carvalho nem André Moura e Heleno Silva trocarem beijos de língua.

Diante de tudo isso, quem deve estar confortável e se sentindo aliviado é o candidato a reeleição Antonio Carlos Valadares, PSB, que vê na briguinha desses quatro desagregados aumentar substancialmente a sua chance de ganhar um histórico quarto mandato de mão beijada.