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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Fim de Lula faz um enorme estrago no casco do PT de Sergipe
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Luiz Inácio Lula da Silva: triste fim deste Policarpo

A decisão coletiva da 8ª turma do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, que manteve com ampliação a pena de condenação imposta pelo juiz Sérgio Moro ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva não soou como uma novidade.

No fundo isso era algo esperado pelo próprio Lula e pela maioria dos petistas, mesmo os mais escandalosos, os que berraram pela inocência dele desde julho, quando Moro lhe aplicou a pena de nove anos e seis e meses de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro.

Discutir as diabruras e as desonestidades de Lula e do PT agora é chover no molhado. É leite derramado. Claro que a partir de então a defesa dele vai tentar cair em campo para derrubar a decisão de hoje da 4ª turma do TRF e viabilizar, à força, uma candidatura dele à Presidência da República. Se obtivesse êxito – se isso fosse possível, posto que foi 3 a 0 - seria um desserviço clássico ao Brasil.

Por ser “leite derramado”, esta coluna prefere fazer uma outra análise. Mais concreta e voltada para a realidade sergipana. Se “a morte” política de Lula, provocada pela ganância pessoal dele próprio e do seu partido patrimonialista, faz um estrago enorme ao projeto dele e do PT nacional, o que pode ocasionar a Sergipe?

Por aqui, o estrago deve ser bem maior. Muitíssimo maior. Mas por que? Porque o fim de Lula vem colado a tragédias notórias e naturais que este partido sofreu em Sergipe nesta década.

As mortes dos líderes Marcelo Déda e José Eduardo Dutra são apenas dois desses estragos, e naturalmente os maiores. A perda de mando do Governo do Estado para MDB e do domínio da Prefeitura de Aracaju para o PC do B, agrava tudo fortemente.

Hoje, o PT de Sergipe são dois deputados estaduais - Ana Lúcia e Francisco Gualberto - um federal - João Daniel - e a vice-prefeita de Aracaju, Eliane Aquino. De liderança um pouco mais nuclear, somente Rogério Carvalho, que está tentando mas enfrentando enorme dificuldade de botar de pé uma candidatura de senador.

Sem Lula, e sem ninguém no plano nacional para suceder em nem mesmo um terço do importância eleitoral dele, o protagonismo do PT de Sergipe evapora, esfarela. Esboroa. Fica difícil a reeleição do federal, complica a pretensão de Márcio Macedo de ganhar um mandato para Brasília, esfola o desejo de Rogério e deve deixar quieta no seu canto a vice-prefeita Eliane Aquino, a quem muitos atribuem a vontade de disputar um espaço com João Daniel e Márcio.

É bom lembrar que nas quatro vezes em que Lula, com todo o poderio político que desfrutou, e Dilma Rousseff se fizeram presidentes da República, nunca o foram em um primeiro turno. Tiveram de ir ao segundo – com Serra, Alckmin, Serra, Aécio, pela ordem de 2002, 2006, 2010 e 2014.

Agora, a tragédia se abate sobre Lula e o PT sem que haja um só nome mais à esquerda - nem no PT e nem fora dele - capaz de ser o receptáculo do espólio deles. Como não estar certo de que isso respinga seriamente sobre as probabilidades de Sergipe?

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