Aparte
O sergipano Pedrinho Rodrigues, “A voz do crooner brasileiro”

Pedrinho Rodrigues no Programa Sílvio Santos com José Augusto Branco, Guy Lupe e Sandra Bréa

[*] Mário Sérgio Félix

Pedrinho Rodrigues é um sergipano de Aracaju que foi batizado no centro cultural da música brasileira como “A voz do crooner brasileiro”. Pedrinho chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos 50 com o firme propósito de colocar o seu nome entre os maiores e melhores cantores brasileiros. E cumpriu.

Com ele, Sergipe voltava a ter mais um nome no cenário musical brasileiro. Antes, o compositor Carvalhinho (José Prudente de Carvalho, Aracaju/1913 - Rio de Janeiro/1970) fizera sucesso nacional com a marcha “Madureira Chorou”, para o carnaval de 1957.

Durante os anos 60, Pedrinho Rodrigues se consagraria como o grande crooner do Grupo de Ed Lincoln. Com Orlandivo, Sílvio César e o próprio Ed Lincoln tornam-se o conjunto denominado “O Rei dos Bailes”.

O destaque do sergipano é tanto que consegue, paralelamente atuando no conjunto, gravar discos que se tornaram memoráveis. Seu primeiro disco solo foi um 78 RPM, com duas músicas compostas por dois grandes compositores brasileiros - “Pourquoi”, de Caco Velho/Jadir de Castro, e “Tem Que Balançar”, de Carlos Imperial.

Essas duas músicas, posteriormente, seriam integrantes do seu primeiro LP, que levaria o nome de seu grande sucesso: “Tem Que Balançar”. Ainda nos anos 60, Pedrinho se tornaria um dos grandes sambistas da década, levando o título de Melhor Disco de Samba de 1962, com o disco “Tem Que Balançar” e sendo escolhido como o melhor intérprete de samba daquele ano.

Suas performances, quando em apresentação com o Grupo Ed Lincoln, fazia com que a plateia o reverenciasse como mais uma atração daquele grupo. O grande violonista Baden Powell o considerava o melhor cantor/intérprete de samba do Brasil.

E olha que Pedrinho dividia espaço no cenário musical com nomes como Cyro Monteiro, Miltinho, Jair Rodrigues, Wilson Simonal e outros de grande destaque nacional. Suas apresentações o tornavam mais querido do público e dos compositores.

Em seu disco lançado em 1968, estava “O Sambista Pedrinho Rodrigues”, dentre as diversas músicas gravadas, “Lapinha”, do amigo Baden Powell, em parceria com outro amigo, o Paulo César Pinheiro. Baden a classifica como sendo uma das grandes interpretações da música.

Porém, a que mais chamou a atenção da crítica, foi a composição que Cartola fez para sua esposa, Dona Zica, “Tive Sim”. Para Cartola, a mais bela interpretação. Pedrinho era dotado de uma voz inigualável. “Aveludada”, como dizia Oswaldo Sargentelli. Aliás, Pedrinho também foi crooner da Boite Ôba Ôba, desse que foi considerado maior “mulatólogo” brasileiro. 

Já considerado uma estrela de grandeza da música brasileira e do samba carioca, Pedrinho já não cabia mais no Grupo Ed Lincoln. Já era uma estrela de luz própria, dentro de uma constelação. Com a sua saída, foi substituído por Emílio Santiago. 

Agora iluminando a própria carreira, Pedrinho lança no início dos anos 70 quatro LP’s de grande importância para a discografia brasileira: “Brasil... Sambe ou Se Mande”. Nesta discografia, lança quatro volumes de grande sucesso.

Sendo um grande intérprete do samba e, claro, um exímio sambista, Pedrinho inova no jeito de levar o samba às gravadoras: em cada Escola de Samba carioca, convoca dois/três sambistas/ritmistas e cria diversos grupos de samba. Entre os mais famosos, que gravam com ele, estão “Os Nacionais” e “Conjunto Samba Som Sete”.

Com estes dois grupos de samba, viaja o Brasil e o mundo. O seu disco lançado em 1974, “Adeus Guanabara”, tem a contracapa assinada simplesmente pelo jornalista/crítico David Nasser. No final de suas observações sobre o disco, David escreve: “A interpretação de Pedrinho Rodrigues e do “Conjunto Samba Som Sete”, os arranjos, a regência e o trombone do maestro Nelsinho dispensam recomendação. É um disco para ouvir e guardar”.

A figura Pedrinho Rodrigues integra os grandes nomes do samba brasileiro. Ecoa na interpretação dos grandes sambas da história. Perpetua o nome do Estado de Sergipe entre aqueles que sempre dignificaram a música brasileira.

Se hoje os contratos entre as grandes mídias tornam-se referências, naquela época Pedrinho já era artista exclusivo da Televisão Tupi, onde se apresentava todo sábado no Programa Aerton Perlingeiro.

Sem contar as inúmeras vezes que se apresentava no “Cassino do Chacrinha” e no “Clube do Bolinha”. Este sergipano de Aracaju nos deixou num dia triste de 1996. Sua obra se eterniza pela grande voz aveludada e que ficou conhecida como “A voz do crooner brasileiro”.

[*] É radialista, pesquisador da história da MPB, técnico em Processamento de Dados e estudante de Estatística da Universidade Federal de Sergipe.

 

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