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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Governo está dando a Almeida Lima uma chance de pedir para sair da Saúde
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José Almeida Lima: uma triste sinuca de bico

Nunca na história de Sergipe um secretário de Estado foi submetido a tanta e tamanha imolação pública como a que ocorre com José Almeida Lima, o da Saúde.

Aos poucos, e sem piedade, o governador Belivaldo Chagas vai lhe minando exaustivamente, cortando fundamente em suas prerrogativas de gestor. 

E, mais do que isso, expondo as chagas da prestação do serviço público de Saúde sergipano. É preciso relembrar aqui os problemas com o Centro de Nefrologia do Huse? 

Tudo o que Belivaldo Chagas tem dito de público até agora aponta para uma questão central dramática: a saúde pública de Sergipe está em abissal descompasso. 

Não é que a que as comunidades, sobretudo as mais pobres, necessitam. Ao contrário, está muitíssimo longe disso. Não lhe agrada nem o fato de, pela ação de Almeida, o Huse estar em vias de ganhar 200 novos leitos.

Belivaldo Chagas não diz literalmente, mas o sentimento do Governo empreendido por ele em cerca de 20 dias aponta para a constatação de que “Almeida Lima deu um nó na saúde de Sergipe” e jogou as chaves fora.

Por essa lógica, o novo Governo trabalha com a ideia de que levará de três a quatro meses para regularizar o atendimento da saúde “destruído” por Almeida Lima. E Belivaldo berra a cada segundo num diapasão entre desesperado e resolutivo: eu tenho pouquíssimo tempo e não posso falhar.

Na esfera do governador do Estado, a concepção é a de que José Almeida Lima fez, pela Saúde, um governo paralelo. Não ouviu a ninguém, sequer à Procuradoria Geral do Estado. Caprichoso, fez o que bem quis e sobretudo o que não quis.

Um fato real que o Governo constatou nesse campo das liberdades almeidianas: todas as Secretarias já teriam entregue suas prestações de contas de 2017 ao Tribunal de Contas num prazo que vai terminar na próxima segunda-feira, 30. Menos a de Almeida. E há a desconfiança de que ele não o fará, por não ter as coisas sob controle. Será?

Diante de tudo isso, causa um certo desconforto ao Governo quando alguém coloca Almeida Lima no rol dos bons gestores. Todos os atos recentes do governador na esfera de Saúde negam isso. E negam suprimindo de Almeida, a cada dia, tamanho e importância. 

Ato 1: tomou-lhe o mando do Hospital de Urgências de Sergipe, tirando da Superintendência dali seu homem forte, o médico Luis Eduardo Prado, e indicando o médico Darcy Tavares Pinto. Mais que isso: dando a Darcy carta branca para agir sem consultar a SEES. O fez sem consultar Almeida.

Ato 2: tomou-lhe a Diretoria Financeira da SEES, tirando dali a ex-presidente do Banese, Vera Lúcia Oliveira, e mandando pro lugar dela José Nilton de Souza, ex-prefeito de Pirambu. Tomar o departamento de assuntos financeiros de uma secretaria é como entregar a alguém um carro sem volante. E o fez sem lhe consultar II.

Ato 3: na mesma leva de decisões, o governador nomeou como secretário Executivo da SEES - é uma espécie de adjunto - o médico-cirurgião Valberto de Oliveira Lima. Aqui, com uma gravidade a mais: matando pela cepa a influência Luis Eduardo Prado que, informalmente - não era nomeado por causa do elo com Huse – exercia a função de adjunto. E o fez sem lhe consultar III.

Se para bom entendedor “meio gesto basta”, o que se dizer de três? Na verdade, o Governo e o governador estão dando a Almeida Lima uma chance clara de pedir para sair. 

Não cabe aqui julgar se a imolação imposta a ele por Belivaldo Chagas é a mais correta e muito menos merecida. Mas seguramente cabe prefixar que, para quem tom o mínimo de autoestima, é a menos aceitável. 

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