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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Histórico, João Alves merece todo o respeito e uma salva de deferência
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João Alves Filho: ninguém lhe suprime o peso e a importância histórica

Ninguém governa um Estado, por menor que seja, por três vezes, e todas elas eleito pelo voto direto do seu povo, e a Capital deste Estado por duas - ainda que numa delas, bionicamente - e sai disso ileso. Ou seja, não se sai disso sem entrar para história de um povo. Sem muitíssimo significar.

E é exatamente isso o que acontece com João Alves Filho, 78 anos (3 de julho de 1941), à beira da morte e aguardando apenas o seu desfecho final num hospital na Capital Federal do país. Não sair ileso, embute e inclui, infelizmente, até as fake news das quais ele tem sido vítima ao darem-lhe por falecido, mesmo com ele ainda vivo, como aconteceu na tarde desta terça-feira, 16 de julho.

A família de João Alves Filho, que está toda ao derredor dele em Brasília nesta hora, tem sido muito transparente nesta questão da saúde dele. Informa a qualquer um que queira saber do real estado de saúde - a começar pela esposa, a senadora Maria do Carmo Alves.

Essa, aliás, Maria mostrou-se uma grandiosa figura humana ao acolher o marido logo nas primeiras horas da doença dele - um Mal de Alzheimer que ela detectara com ele ainda no exercício de prefeito de Aracaju, em mandato iniciado em janeiro de 2013. Ela deixou o mandato de senadora em 2015 nas mãos de Ricardo Franco para vir cuidar dele, embora tivesse sido maltratada com a versão bisonha de que viera para fazer política e tentar ser governadora em 2016 - o que muito lhe magoou.

Senadora com mandato até o dia 31 de janeiro de 2023, Maria do Carmo Alves não teve dúvida: acabado o governo de João na Prefeitura de Aracaju no dia 31 de dezembro de 2016, ela o arrastou para Brasília, colou nele e cuidou-lhe como se fosse uma mãe zelosa tratando de um filho - se você quiser conhecer um pouco mais do lado leoa dessa mulher frente ao seu leão-marido ferido, recomenda-se a leitura da Entrevista concedida por ela ao JLPolítica no ano passado.

Mas há de se convir que o trato final de Maria do Carmo ao esposo esteve sempre em perfeita simetria com o peso do João Alves Filho público e histórico que todos os sergipanos conhecem desde 1977, quando se faz prefeito. Mas não histórico apenasmente pela quantidade de mandatos que ele obteve dados pelo seu povo, mas pela visão larga de gestão que nutriu durante toda a trajetória na vida pública.

Em síntese, João pensou grande e realizou grandemente. Possivelmente, nenhum outro governador de Sergipe nestes 200 anos de história se emparelhe a ele no modo de pensar e de realizar por esse Estado. É claro que, de por ter sido um político de direita ao centro, por ter se harmonizado com os militares sob a ditadura, por ter pertencido ao velho PDS nascido do tronco da Arena, alguns progressistas lhe olhem de soslaio. Torçam-lhe o beiço.

Mas tudo isso é firula em face da obra pública concebida e realizada por João Alves. E é por isso que o João Alves que está internado e com septicemia - uma infecção generalizada -, sem domínios das províncias do seu próprio corpo, merece todo o respeito nesta hora e sempre. A ele ainda vivo, cabe uma salva de deferência. E no dia em que se for, não reste dúvida, fará falta. Aliás, seu recolhimento paulatino já deu uma demonstração tácita disso. Que esta hora lhe seja leve e reverenciada.

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