Aparte
OPINIÃO - Reflexões sobre a eleição para deputado estadual em Tobias Barreto

[*] Fernando Valeriano

Com o resultado da eleição estadual, eis que a cidade de Tobias Barreto recebeu com alegria a vitória dos dois políticos principais oponentes que realmente contavam como sérios postulantes:  Dilson de Agripino e Diná Almeida. O primeiro, ex-prefeito e atual líder da oposição local. A segunda, esposa do atual prefeito Diógenes Almeida e, por conseguinte, situacionista.

Pelo caráter plebiscitário da eleição (uma eleição dentro da eleição na cidade), Dilson de Agripino até pode se considerar vitorioso por ter tido uma votação com mais de 4,2 mil votos de vantagem sobre a candidatura de Diná Almeida e, pelos dados disponíveis, já estaria eleito apenas com a votação obtida em Tobias Barreto, contrariando as previsões dos “entendidos” da cidade.

Já Valdiná - este é o nome dela - ganhou de Dilson na totalização por mais de dois mil votos de frente - ela obteve 20.168 votos e ele, 18.038. Um fenômeno, pois, só num sistema eleitoral capenga, anacrônico e dado ao mercantilismo eleitoreiro é possível caber tal tipo de situação onde todos bicam do eleitorado de uma cidade, mesmo não tendo nada a ver com sua comunidade.

Esse tipo de situação se repete com quase todos os eleitos. Quase todos, é bom repetir, haja vista que é inconcebível que um candidato quase desconhecido tenha 300, 500, 800 ou mais votos nesta ou naquela cidade, via de regra, totalmente fora do seu polo de atuação.

No campo das expectativas destes dois eleitos, o que a população de Tobias Barreto espera é uma atuação forte sobre alguns pontos que são temas de promessas recorrentes dos governantes de Sergipe.

E quais seriam esses temas? Melhoria no sistema de fornecimento de água, que já está em colapso, além da péssima qualidade do produto - isso em todo município (quase 60 mil habitantes); rodovias estaduais em deprimente estado; alguma forma de incentivo aos setores que contam muito para a realidade local, como manufatura e comércio de têxteis.

Essas atividades são a base da economia municipal, atraindo uma vasta gama de outros agentes econômicos que se entrelaçam na cadeia produtiva. O estado precário das três rodovias que dão acesso à cidade afasta os clientes de forma crescente, além de dificultar a vida dos nativos que entram e saem.

Por último, se espera que esses dois parlamentares cumpram com seriedade os três papéis principais em termos de atuação: fiscalizar o Poder Executivo, legislar (seja apresentando projetos de lei ou se posicionando bem sobre outras propostas) e representar a sociedade nas suas demandas mais diretas, sem que se tornem meros “vereadorzões estaduais”, sem qualquer desmerecimento sobre verdadeiros edis. 

Por falar no tema “vereadorzões”, é hora de se pensar no voto distrital com urgência, pois do jeito que está é impossível alguém se eleja sem estrutura, que vem a ser o novo nome para a compra de voto.

[*] É advogado e filho de Tobias Barreto.

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