Luciano Barreto: toda generalização é perigosa
“Eu tenho a doutora Danielle Garcia na condição de uma pessoa honesta e sincera, atua sem propósito pessoal contra a corrupção e me preocupa vê-la sendo usada nesta hora pela oposição, numa visão maniqueísta do bem e do mal, de quem possivelmente queira se vingar de Jackson Barreto. Ela tem de ver que toda generalização é perigosa. Aliás, essa vontade de se vingar de Jackson eu vejo também no delegado Alessandro Vieira neste segundo turno, o que pra mim está errado. Ele tem oito anos para ser senador, e deveria agora era estar preocupado em ser muito grato aos sergipanos pela votação que lhe deram”, diz o presidente da Aseopp.
Para a sua própria fala no vídeo polêmico, a delegada Danielle Garcia tem uma interpretação diferente da que faz o empresário Luciano Barreto e boa parte dos sergipanos. Ela não muda um milímetro a visão de que os Governos “de Jackson Barreto e de Belivaldo são uma tragédia para a maioria dos sergipanos de bem que lutam contra a corrupção”. Mas não vê como corruptas as pessoas que lhes dão apoio, conforme assegurou como exclusividade ao Portal JLPolítica.
Danielle Garcia, com 18 anos de Polícia Civil, admite uma saudável e respeitosa relação familiar com Luciano Barreto – “gostamos dele, da esposa Celi e das filhas” -, diz ter tido com ele, sim, uma conversa sobre uma eventual candidatura dela, como fala Luciano, mas insiste que há risco em se fazer generalização do que ela disse - apesar de sustentar o lado trágico contra os que tentaram combater corrupção nos Governos de Jackson e Belivaldo.
“Eu não falei que todo mundo que esteja ao lado dos dois seja corrupto. É obvio que não. Estou certa de que não generalizei. Eu quis dizer o Governo dos dois é uma tragédia. E é. Basta olhar os números da saúde, da educação e da segurança pública. Agora, se quiserem que eu fale de perseguição, eu falo. Sem problema nenhum. Será que eu não sou perseguida pelo Governo dos dois? Será que eu estou inventando esta história? Por que será que me tiraram da Deotap?”, diz ela.
“Diferentemente de muitos nesse Estado, eu não preciso da autorização de ninguém para dizer o que penso. O doutor Luciano Barreto é uma pessoa por quem tenho o maior carinho do mundo – por ele e pela família. Ele tem amizade com Jackson Barreto e eu respeito isso. Mas isso não me impede de dizer as coisas. E olhe que por tudo que passei e sei, estou sendo bastante comedida. O que eu não mereço é estar passando por isso: faço parte do corpo docente do Ministério da Justiça, na semana passada fui convidada a dar uma aula em Brasília e a Secretaria de Segurança Pública simplesmente me vetou, como já fez várias vezes. Se isso não for perseguição, me internem logo num hospício”, diz a delegada.
Foto: Tássio Andrade/G1
O empresário Luciano Barreto, 78 anos, mantenedor do Grupo Celi e sobretudo como presidente da Associação Sergipana de Obras Públicas e Privadas - Aseopp -, tem reagido fortemente à fala da delegada da Polícia Civil de Sergipe, Danielle Garcia, utilizada na propagada eleitoral do candidato Valadares Filho, PSB, na qual ela trata de uma suposta corrupção no entorno dos Governos de Jackson Barreto, MDB, e de Belivaldo Chagas, PSD. “O sopro de renovação que cruzou o Brasil não chegou em Sergipe. A continuidade do Governo de Jackson Barreto e de Belivaldo é uma tragédia para a maioria dos sergipanos de bem que lutam contra a corrupção”, diz a delegada, num vídeo projetado na grade da propaganda de Valadares Filho e que teve uma avassaladora repercussão no Estado.
Como empresário, e ainda mais como um intransigente representante classista, Luciano Barreto sentiu-se incomodado com o que ele entendeu por generalização de Danielle Garcia. “A delegada Danielle Garcia, que é minha amiga pessoal e pessoa por quem eu tenho enorme apreço, tem todo o direito do mundo de apoiar a quem quiser em qualquer eleição. Agora, não acho certo é que, para isso, ela saia fazendo denúncia generalizada de que ao lado do governador Belivaldo Chagas que, eventualmente, não foi o candidato da preferência dela, só tenha corruptos”, diz ele. Danielle Garcia avisa que não foi bem o que falou.
Mas Luciano Barreto reforça: “Não aprovo isso. Porque, como a Danielle sabe, toda generalização é injusta. Por uma opção muito pessoal, eu estou ao lado do governador Belivaldo Chagas e não sou corrupto. Mais do que isso: o próprio governador Belivaldo Chagas não é uma pessoa corrupta e nem faz um Governo corrupto. Digo isso por conhecimento de causa e sem precisar agradá-lo, porque não dependo de Belivaldo e nem do Governo dele para nada. Mas sei como ele, nesses seis meses, toca as coisas do Governo com decência e com muita dignidade. Por isso que não acho certa a maneira como se posicionou a minha amiga Danielle”.
“Em respeito a muitos empreendedores, a muitos construtores de Sergipe, e em nome deles, eu não posso e nem deveria ficar calado. Não tenho mais idade e nem paciência para tamanha omissão. E é com profundo respeito à pessoa da minha amiga Danielle que digo aqui essas coisas. Digo por achar necessário dizer. Digo por entender que a visão de ódio político da minha amiga Daniella Garcia não pode macular os justos. O que ela deveria fazer era apontar quem são os corruptos ao lado de Belivaldo Chagas e em que espaço do Governo eles atuam - se não quer apontar os que eventualmente estejam do lado de Valadares Filho. Aí, sim, se confirmados os seus apontamentos, teríamos muito respeito pela denúncia dela”, reitera o empresário.
“Outra coisa: não me parece o mais acertado que a delegada Danielle se exponha tanto e com tanto ódio nesse processo eleitoral. Defenda o seu candidato, sim, isso é muito justo. Valadares Filho lhe parece o melhor? Que seja. Apoie. Mas não macule os demais e nem deixe dúvidas e imprecisões sobre os apoiadores de Belivaldo. Em Sergipe todos se conhecem. E sabem, por exemplo, que Danielle é uma pessoa do bem”, diz Luciano Barreto.
Para este empresário, “o histórico de integridade” de Danielle Garcia poderia até ter lhe rendido um mandato parlamentar nas eleições deste ano. “Ela é uma pessoa que deveria ter, sim, disputado o mandato de deputada estadual. Essa minha opinião não é coisa de pós-eleição e nem por ter visto o formidável desempenho do Delegado Alessandro Vieira, seu colega que se fez o senador mais votado de Sergipe. Bem antes das convenções, Danielle e seu esposo estiveram na minha casa e eu lhe dei este conselho: “Seja candidata, que você vai se sair muito bem”. Ser ou não ser, era uma decisão pessoal dela. Não foi. Mas continuo achando que se tivesse sido candidata, estaria hoje eleita. Mas uma vez não sendo, não me parece que seja o mais justo vir agora ao segundo turno macular pessoas generalizadamente”, pontua Luciano. Daniella é casada com o promotor de Justiça Henrique Ribeiro Cardoso.