Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

O amargo e violento Proinveste insiste em sangrar a memória de Marcelo Déda
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Jackson Barreto: alvo da ira dos aliados e das oposições

No próximo dia 7 de maio, o assunto Proinveste ligado ao Estado de Sergipe completa cinco anos de aprovação. Depois de muito sangramento de público, o então governador Marcelo Déda, PT, (1960-2013) conseguiu, sob inúmeros ajustes no projeto, ver a autorização para tomada de R$ 567 milhões de empréstimo pelo Governo do Estado passar pelo crivo de uma Alese cheia de tridentes e na qual ele não dispunha de maioria. Isso era um privilégio dos irmãos Amorim - Eduardo e Edivan.

Analistas mais sensíveis dão ao barulhento projeto do Proinveste - Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal - a condição de uma perversa pá de cal no agravamento da saúde de Déda, que lutava bravamente contra um câncer para o qual, infelizmente, perdeu a batalha no dia 2 de dezembro de 2013, a quatro meses e nove dias de completar 54 anos.

É difícil de se medir se o projeto foi ou não essa tal pá de cal, mas que muito entristeceu a Marcelo Déda, ah isso é fácil de afirmar. Ele foi confrontado rumorosa e indelicadamente num pedido de empréstimo que não era lá astronômico e cujos objetivos eram mais do que lícitos: o de proporcionar obras de infraestrutura para o Estado.

Em 2017, a mesma Alese aprovou empréstimo de R$ 560 milhões - só R$ 7 milhões a menos - junto à Caixa para o Governo de Sergipe, com a finalidade de Jackson Barreto recuperar estradas. Isso deu-se com um JB em casa, na rede, tomando suco de maracujá: não houve 1% do barulho que fizeram com o Proinveste de Déda. Certo que Sergipe não ainda botou a mão nesses R$ 560 milhões do ano passado.

Mas eis que a ferida chamada Proinveste entrou em erupção esta semana, com uma fala do governador Jackson Barreto em entrevista ao comunicador Gilmar Carvalho, e magoou aliados dele e arrastou oponente para o front. E o que disse o governador? Isso: “O recurso do Proinvest foi colocado em conta única. Quando assumi o governo, a conta única estava zero, tive que trabalhar esse tempo todo caladinho”.

O tema é espinhoso, mas não é nada novo. E nem parece que seja inverídico. Todos os oponentes de Jackson e de Déda sustentaram esta mesmíssima versão de 2015 até hoje. Jackson estaria, então, a serviço de uma ação que macule a memória de Marcelo Déda? Possivelmente, não.

O que cabe agora é uma ação de informação precisa e real: aquele dinheiro foi ou não parar na conta única do Estado, que fica no Banese? Poderia ter ido ou não? Se foi, está errado. As reações à fala de JB foram todas emocionais, e politizadas e de uma forma equivocada. Inclusive a dele mesmo, quando teve de vir a público esclarecer o que dissera.  

Nesta quinta, houve uma hecatombe de tuitadas sobre o assunto. Muitos, fora de foco. Eliane Aquino, a viúva de Déda, por razões insuspeitas, puxou o rosário. “Em relação às declarações feitas pelo governador Jackson Barreto a respeito do uso de recursos do Proinvest, quero dizer que estou perplexa e entristecida”, disse ela.

“Eu, mais do que ninguém, sei quem foi Marcelo Déda e o quanto até seu último momento de vida ele se preocupou com Sergipe e com a correta administração dos recursos públicos”, completou. Eliane só se esqueceu dizer de que houve apenas sete meses entre a aprovação do Proinveste - 7 de maio de 2013 - e a morte de Déda - o 2 de dezembro do mesmo ano. Por esta conta não estaria respondido que ele não pode ser dado como guardião desses recursos?   

Márcio Macedo, vice-presidente nacional do PT, jogou para a plateia. “Recebo informações de Sergipe sobre as declarações do governador Jackson Barreto a respeito de Marcelo Déda e do Proinveste. Fiquei estarrecido com tudo o que foi dito. Sergipe inteiro conhece o histórico de Déda, seu zelo com o dinheiro público”, disse ele.

E completou: “Todos também recordam da luta travada por ele para aprovar o Proinveste, que tantos benefícios trouxe para o Estado. Lamento essas declarações descabidas contra alguém que não está mais aqui para se defender. Mas quero deixar claro que não permitiremos que a imagem de Déda seja maculada”.

Até o senador Eduardo Amorim, PSDB, tirou lá sua lasquinha política no embate: “Para lavar as mãos e jogar para a plateia o desgoverno que comanda, Jackson Barreto não respeita nem o ex-governador Déda, a quem acusou de “falta de gestão”. Esta denúncia é muito grave e merece ser investigada pelos órgãos competentes”, disse ele.

Jackson Barreto, naturalmente desconfortável, sentiu o golpe e acusou, para se defender, alvos errados - só os oposicionistas. Até fez juras de amor. “A oposição está usando trechos da minha fala sobre o Proinvest para faturar politicamente e tentar nos desunir. Não vão conseguir. O respeito, a admiração e o amor que tenho a Marcelo Déda e a sua família são inabaláveis. Nem a oposição vai conseguir cindir isso”, disse.

Não está claro que cabe a Jackson Barreto dizer quem teria gasto os recursos do Proinveste da conta única do Estado? A coluna Aparte não será postada neste sábado, 31. Ela volta na próxima segunda-feira, dia 2 de abril.

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