Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

O prefeito Padre Inaldo e a lógica da prudência e do bom senso no novo tempo político
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Inaldo Luis da Silva: transigências de sábio

O prefeito da maior cidade sergipana, depois da capital, Nossa Senhora do Socorro, Inaldo Luis da SiIva, PCdoB, o Padre Inaldo, é um neófito na cena política. Ele disputou apenas três eleições - as de prefeito, de 2012, quando perdeu, e de 2016, quando ganha - e, entre elas, a de deputado estadual, em 2014, que lhe valeu um mandato.

Mas esses seis anos renderam ao padre-prefeito alguns ensinamentos que podem ser considerados muito valiosos para ele pessoalmente e sobretudo para quem está disposto a percorrer os caminhos crespos da política, da vida pública.

Nesta quinta-feira, numa conversa informal com esta Coluna Aparte, Inaldo deixou vazar alguns desses ensinamentos. Ou aprendizados, se assim você preferir, leitor. O primeiro deles, aponta para uma certa calma, serenidade e prudência na política. Tradução: é não estar nela com uma sangria desatada de fazer carreira. É uma negação do patrimonialismo de poder, de mandos e mandatos.

Inaldo Luis da SiIva dá como exemplo uma quase forçação de barra de aliados e apoiadores para que ele apontasse um candidato próprio a deputado estadual, uma espécie de sucessor do lugar que houvera sido dele em 2014, deixado em 2016 para a Prefeitura.

Inaldo resistiu bravamente isso. Não transformou essa pedra em pão. E na razão para essa sua resistência está muita sabedoria: para ele, os tempos são outros, de política muito vigiada, e de nada lhe valeria forçar a barra para eleger um represente seu, ou supostamente de Socorro, e depois cair na malha fina dos órgãos de fiscalização e perder o juízo.

“Me diziam: “Tonho da Caixa elegeu a esposa, Zé Franco elegeu a esposa e uma irmã e Fábio Henrique elegeu a esposa deputadas estaduais”. Eu dizia: “Ok, mas eu não sou eles”, pontua Inaldo.

Para Inaldo, mais vale o sossego de não estar respondendo a nenhum processo eleitoral do que ostentar um eleito indicado seu que chegou lá através de um esforço descomedido e que envolvesse a máquina municipal. “Depois, eu tenho que ter consciência de que eu administro um município cheio de problemas”, diz Inaldo. A solução dele foi apoiar Luciano Bispo. E ajudou a elegê-lo.

Outro ensinamento de Inaldo Luis da Silva vem do modo como se apoia um candidato ao Governo do Estado - no caso, a Belivaldo Chagas neste ano. “Eu sempre ouvi a vida inteira as pessoas dizendo que nessas épocas os apoios se dão sob rios de dinheiro. Comigo foi diferente. Não aconteceu nada disso”, diz Inaldo.

Exato: além de condicionar seu apoio a Belivaldo ao fato de Fábio Henrique de Carvalho não estar no pacote, Inaldo preferiu pedir obras públicas para Socorro. E foi atendido, num punhado de mais de R$ 10 milhões de investimentos do Governo do Estado na cidade e estruturou esperanças de ser contemplado com mais no futuro Governo do Estado.

Apesar de estar há menos de dois anos como administrador, Inaldo Silva sabe que hoje os gestores públicos estão todos garroteados por uma lógica em que Ministério Público manda mais do que os prefeitos. Ele também não se perde nessa seara, e até diz aos secretários que não se aperreiem. Ao contrário, recomenda-os que, antes de se estressarem com tantas cobranças, entrem em sintonia com os promotores. “E que agradeçam por serem orientados a evitar erros”.

Há se se consentir: quem não vê sabedoria nessas prudências de Inaldo Luis da Silva, certamente sabido não o é.

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