Paulo Nunes quer modernizar a Ademi/SE e aproximar as construtoras
O empresário Paulo Roberto Nunes de Oliveira, diretor-presidente da Jotanunes Construtora, assumiu no começo de janeiro a Presidência da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário de Sergipe - Ademi/SE -, biênio 2020-2021. Paulo aposta no crescimento do setor em 2020, mas uma projeção ainda exige cautela - está otimista, diz ele, mas "com os pés no chão”.
“Passamos por uma crise muito grande de 2014 até meados de 2019, mas, felizmente, já sentimos uma melhora. E por que isso? Porque os fundamentos da economia melhoram também”, avalia Paulo Nunes. O empresário cita como resultado dessas mudanças a recente redução da taxa Selic - taxa básica de juros da economia no Brasil -, que já chegou a ser de 14% no passado e hoje está em 4,5%.
"Mesmo que não haja uma melhora nos salários das pessoas, aumentou a capacidade delas de pagamento. Com uma taxa de juros mais baixa, as pessoas têm mais capacidade de compra. Há, ainda, outros fundamentos, como a reforma da Previdência, que vai melhorar também as contas do País. E vem muito investimento em infraestrutura também. Então, tudo isso leva a uma melhora no mercado”, acredita o presidente da Ademi/SE.
Nesta entrevista, Paulo Nunes fala sobre as perspectivas para o setor imobiliário neste ano que inicia e adianta algumas ações que pretende implantar na Ademi/SE. Confira.
Política & Negócios - Quais as expectativas para o setor imobiliário neste ano?
Paulo Nunes - As minhas expectativas para 2020 – e ainda mais uns três anos – são de crescimento do mercado imobiliário. Passamos por uma crise muito grande de 2014 até meados de 2019, mas, felizmente, hoje, já sentimos essa melhora. E por que isso? Porque os fundamentos da economia melhoram também. As taxas de juros, por exemplo, caíram muito. Nunca teve, aqui no Brasil, taxas de juros tão baixas. A taxa Selic, que já chegou a ser de 14% no passado, hoje, está em 4,5%, e com perspectiva de cair mais. É, portanto, a menor taxa de juros da história.
Política & Negócios – Essa política impacta positivamente o mercado imobiliário?
PN - Mesmo que não haja uma melhora nos salários das pessoas, aumentou a capacidade delas de pagamento. Com uma taxa de juros mais baixa, elas têm mais capacidade de compra. A capacidade de comprar um imóvel, de realizar o sonho, fica mais concreta. Há, ainda, outros fundamentos, como a reforma da Previdência, que vai melhorar também as contas do País. E vem muito investimento em infraestrutura também. Então, tudo isso leva a uma melhora no mercado.
Política & Negócios - O senhor já consegue perceber indícios desse reaquecimento também no mercado sergipano?
PN - Sim. Percebemos isso pela diminuição do estoque das construtoras. Também está havendo mais lançamentos. Não para a classe média alta, mas para a classe média baixa. Antes, ela não podia comprar, mas, com a baixa das taxas de juros, começou a ter capacidade de compra. Bem, dizem que eu sou otimista. Sou, mas um otimismo com os pés no chão, porque os números estão aí e não mentem. Além disso, até mesmo o volume de contratação tem aumentado.
Política & Negócios - O Governo Federal praticamente acabou com a faixa 1,5 do Programa Minha Casa, Minha Vida. O que significa isso para o mercado imobiliário sergipano?
PN - O atual governo é avesso a subsídios. Ele quer gerar o crescimento do País através da iniciativa privada, através do próprio mercado. A faixa 1, por exemplo, precisa de um volume imenso de subsídios. Com essa nova política, com essas novas diretrizes, o investimento tem sido o mínimo possível. Já a faixa 1,5, infelizmente, está sendo encerrada. A tendência é acabar e só ficar a faixa 2. Então, isso impacta o mercado para essa faixa de renda e cria um dificultador para o cliente. O ideal é que isso fosse modificado.
Política & Negócios - O senhor acredita que é possível reverter essa situação?
PN - Tem como reverter, mas é uma decisão do governo, e seria preciso melhorar a renda das pessoas, para que tenham capacidade de comprar com poucos subsídios. Porque esse público não tem capacidade de adquirir imóveis se não tiver um subsídio do governo.
Política & Negócios - Quais as ações prioritárias que pretende implantar na Ademi/SE?
PN - A partir deste ano, vamos procurar fazer eventos, trazer formadores de opinião para participar de reuniões com os associados. Estamos num momento bom, em que o País está passando por uma mudança. Nosso objetivo é unir cada vez mais o grupo e traçar um planejamento no sentido de modernizar a entidade, aproximando ainda mais as construtoras. Vamos desenvolver uma pauta de ações com a diretoria, para apresentar o planejamento que temos. E, claro, vamos dar continuidade às ações do mandato anterior. Vamos continuar o trabalho que o ex-presidente Henrique Côrtes fez – e fez muito bem.