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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Senador Valadares perdeu o senso de grupo, operou errado e a conta lhe veio amarga
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Senador Valadares: um passo errado e a candidatura do filho sob perigo

O senador Antonio Carlos Valadares, PSB, errou feio na passada que deu nesta eleição ao assumir status de uma liderança isolada, abandonar grupos e tentar ir para um cansado quarto mandato de Senado e ainda por cima eleger Valadares Filho governador do Estado.
 
A falta de humildade de Antonio Carlos Valadares lhe levou a desconhecer que o enorme sucesso, e respeito, que ele amealhou numa carreira de quase 60 anos sempre adveio de composições e ajudas de outros grupos da política de Sergipe. Afinal, nenhum homem é uma ilha. Um homem político, então.
 
No começo, Valadares foi um protegido dos Franco, chegado, como deputado, à Secretaria de Estado da Educação no Governo de Augusto Franco nos anos 70. Neste contexto, se fez vice-governador de João Alves Filho na eleição de 1982 e, rompido com os Franco, mas protegido de João Alves, se elegeu governador na histórica disputa de 1986.
 
Ainda numa visão de grupo, Valadares fez o famoso acordão de 1990, reanexando a família Franco à família Alves, trazendo João Alves de volta ao Governo, Albano pro Senado, ainda que ele mesmo ficasse sem mandato, e na planície. E em 1994, acostou-se a uma nova oposição, agora liderada por Jackson Barreto, e ali, num cenário que trazia inclusive apoio do PT, se elegeu senador pela primeira vez.
 
Em 2002, agora aliado aos petistas, com Zé Eduardo Dutra candidato ao Governo, Valadares se reelegeu senador para um segundo mandato. Em 2010, ainda na gamela do PT, ganhou seu terceiro mandato de senador.
 
Ali naquela eleição, fez uma aliança macro com Marcelo Déda, Jackson Barreto e Eduardo Amorim – um verdadeiro balaio de gatos. Em 2014, ainda dentro de grupo e já sem os Amorim, Valadares ajudou a reeleger Jackson governador do Estado, indicando o então aliado e amigo Belivaldo Chagas a vice.
 
Rompeu com esse agrupamento em 2016, na disputa pela Prefeitura de Aracaju, e tomou uma pancada. Agora, depois de perder o aliado Belivaldo Chagas, agiu altamente convencido de que seria um Don Ruan da política de Sergipe, manteve o rompimento com os governistas e ainda por cima deu um chute no traseiro de Eduardo Amorim e de André Moura. Síntese: sobrou para ele. 
 
Antonio Carlos Valadares não deixa de ser um político integro, cuja história de 24 anos no Senado não traz a menor mácula. Mas agora ele operou mal ao romper com os novos amigos da oposição. Como consequência, foi varrido de cena e corre sério risco de ver eliminado o próprio filho na disputa pelo Governo do Estado no 2º turno em 28 deste mês.
 
Isso estás super insinuado na diferença assombrosa de votos de Belivaldo sobre Valadares Filho revelada na eleição deste domingo. O resultado diz a Antonio Carlos Valadares que ele não é esse bruxo todo que imaginava ser. Mas, agora, já lhe é tarde.  

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