Aparte
Opinião - Uma vela na mão, um zabumba preso à cintura e dois olhos nas urnas

[*] Adalberto Vasconcelos Andrade

Em Sergipe, não existem de fato partidos de oposição. Existem partidos que se alternam de lado - situação e oposição -, a cada eleição, de acordo com suas conveniências. Está aí o prefeito Gilson Andrade, sem partido, sendo cobiçado pelo PDT, PSD, MDB, PP, DEM e PSDB. O que só confirma o que disse acima.

Um “balaio de gatos” de siglas partidárias que faz com que os menos esclarecidos passem batidos de quem é situação ou oposição. Na verdade, não existe. Mas vou direto ao que interessa, porque o que vou escrever a seguir serve para a maioria da classe política.

É público e notório que todo político gosta de eventos, festas e procissão. De sentir-se no meio do povo. Com um sorriso estampado no rosto, seguem caminhando no meio da multidão pegando crianças no colo, beijando senhorinhas e abraçando a todos que encontram pela frente. Adoram estar nesses ambientes, principalmente quando as eleições se aproximam.

Conhecem a padroeira de cada município, e não perdem uma procissão. A maioria age assim com um único objetivo: vender a imagem de pessoa simples, humilde, cristão, e por isso não esquece das datas nem do povo que o elegeu. E muitos acreditam piamente nisso.

A Santa da hora é Nossa Senhora Santana, padroeira das cidades de Simão Dias, Boquim, Aquidabã e Santana de São Francisco. Nesses eventos, é comum você vê políticos da base governista e da oposição “batendo cabeça” entre os verdadeiros fiéis.

Mas tudo devidamente documentado através de fotos e vídeos pelas suas assessorias de comunicação, e posteriormente postados nas redes sociais à exaustão.

O mês de junho foi bastante propício para toda essa publicidade, em razão dos festejos juninos. Vários prefeitos usaram e abusaram desse expediente. Se o povo gosta de festas, eles muito mais.

É através desses eventos que eles se misturam ao povo em busca de popularidade e empatia com o eleitor. E não é só em Aracaju que esse expediente sempre foi explorado pelos governantes ao longo dos anos. Em Nossa Senhora do Socorro, Estância, Capela, Areia Branca e Itaporanga já renderem muitos votos para velhos caciques da política sergipana.

Hoje, os tempos são outros. Eles esqueceram que nem só de fé, pão e circo vive o povo. Meu consolo é saber que o eleitor brasileiro e sergipano já não se deixa enganar como foi um dia.

Os porteiras dos currais eleitorais foram abertas nas eleições do ano passado - em âmbito nacional, estadual e municipal -, e o estouro da “boiada” hoje assusta as velhas raposas da política local.

Já não podem contar com os votos de “cabresto”, e isso dificulta qualquer previsão quanto ao resultado das urnas nas eleições do ano que vem. Principalmente em Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana, São Cristóvão e Estância - onde estão concentrados os maiores colégios eleitorais do Estado.

Portanto, mesmo com a máquina nas mãos, nenhum destes tem certificado de garantia de nada. O poder emana do povo. O eleitor é quem vai decidir quem merece continuar ou arrumar as malas. Ano passado, velhos caciques da política sergipana levaram cartão vermelho. Mas eles voltam. Pense bem antes apertar o dedo na urna eletrônica

Quanto a eles, além de segurar uma vela nas mãos, sugiro que rezem para todos os santos, porque as velhas práticas não iludem mais o povo brasileiro, tampouco o eleitor sergipano. O resultado das urnas em 2018 não me deixa mentir. Que assim seja em 2020 e em 2022. E a vida que segue!

[*] É administrador de empresas, policial rodoviário federal aposentado, escritor e colaborador efetivo do Portal JLPolítica.

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