Aparte
OPINIÃO - O segredo dos seios

[*] Adalberto Vasconcelos Andrade

 

Os mistérios de uma mulher não são revelados pelo o que ela tem de melhor atrás, mas pelo o que ela esconde na frente, na parte mais íntima do seu corpo: o colo. Sigmund Freud, pai da psicanálise, mesmo com toda a sua experiência científica, não conseguiu decifrar de forma clara o inconsciente da mulher, o que ele denominou de continente obscuro.
 
Mas uma coisa é certa: o homem que desvendar o segredo dos seios terá avançado muito e estará cada vez mais perto de entender - mesmo sendo difícil de explicar - a alma feminina. Numa interpretação livre e sem a pretensão de querer provar nada, continuo acreditando no fundamento freudiano de que o pênis está para o homem assim como os seios estão para a mulher.
 
Se o corpo da mulher é um caminho a seguir por qualquer viajante solitário, os seios seriam a sombra de uma árvore frondosa à beira da estrada, o ponto de parada obrigatória para o descanso, o aconchego e o deleite de quem se aventura conhecer melhor o complexo, mas ao mesmo tempo, fascinante e misterioso universo feminino.
 
Viajando pelo seu corpo por entre grutas, montes e curvas, o homem precisa estar atento aos seus sinais e reações. Um dos erros mais comuns que ele comete no trato com as mulheres, é o excesso de velocidade. Para chegar aonde deseja - e todas sabem o motivo da pressa –, o homem tem que seguir um roteiro em forma de ritual, se quer ir adiante na conquista.
 
Toda mulher sinaliza, seja através do olhar, de um sorriso, de palavras ou gestos, se aprova ou não determinadas atitudes ou manobras bruscas no jogo de sedução. Todavia, o homem diante de um corpo atraente parece que perde a razão e para chegar mais rápido ao destino (a vagina), pula etapas, inventa atalhos e acaba se perdendo pelo caminho. A busca pela realização afetivo-sexual não pode ser egoísta. Tem que ser compartilhada.
 
Se o corpo é uma fonte inesgotável de prazer, a maior recompensa que um homem pode ter começa quando ele aprende a dar atenção a cada detalhe e a dedicar mais tempo aos seios de sua amada. Só quem descobre o poder do toque e dedica um carinho especial a essa parte tão sensível do sexo feminino é capaz de desvendar seus anseios mais secretos.
 
Por que toda mulher quando é flagrada nua ao invés de cobrir a região genital, leva as mãos sobre as mamas? Há quem diga que é por instinto materno, mas não acho que seja só isso. Penso que os seios à mostra revelam a nudez da alma, daí a timidez ou o medo de se revelar em público.
 
Mas entre quatro paredes, o homem que tiver a sensibilidade de identificar a forma mais agradável de tocá-los - já que cada uma tem o seu jeito próprio de acariciá-los –, e ficar atento às suas reações, não vai demorar a desvendar seus mistérios e alcançar (em tese) a sua alma. Do ponto de vista da psicanálise, o seio é a fonte das emoções mais profundas do ser.
 
Durante seu primeiro século de existência, a psicanálise estabeleceu o seio e o pênis como seus principais pontos de referência, mas o seio sempre perdeu projeção em relação ao pênis, apesar de Freud admitir que ele fosse a primeira zona erógena para a criança. Mas, recentemente, defensores da teoria freudiana, como Melanie Klein, questionaram esta hierarquia. De acordo com eles, é possível que Freud fosse prisioneiro de sua própria masculinidade. Se tivesse nascido mulher, talvez falasse de “inveja do seio” em lugar de “inveja do pênis”.
 
Em “História do Seio”, a escritora e feminista Marilyn Yalom comenta que de fato Freud nunca avaliou totalmente o seu significado do ponto de vista da pessoa que começa por mamar no peito de outra mulher e vem posteriormente a amamentar os filhos na idade adulta. Enfim, que os psicanalistas, cientistas e demais estudiosos me perdoem a ousadia, mas se até Freud se perdeu pelo meio do caminho, também me dou o direito de arriscar um palpite: qualquer mortal do sexo masculino que desvendar o segredo dessa tentação em dose dupla (os seios) terá qualquer mulher nua em seus braços, literalmente – corpo, alma e coração. E uma vez encontrando a felicidade em seu colo, quem precisa de prova científica?
 
[*] É administrador de empresas, policial rodoviário aposentado e escritor. Este texto e mais seis outros da mesma linha de afetividade humana e da autoria dele serão publicados nesta Coluna Aparte como forma de homenagem ao Mês dos Namorados.

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