Jackson Barreto: uma vítima constante desses vídeos
Na passagem do primeiro para o segundo turno da sucessão estadual de 1994, cuja disputa envolvia Jackson Barreto e Albano Franco, o marketing da antiética e da agressão fez circular, em forma de desenho, “uma lapa de falo humano” numa alusão indecorosa à orientação sexual de Jackson.
Em 2002, também na passagem do primeiro para o segundo turno entre João Alves e Zé Eduardo Dutra, o marketing identicamente da antiética veio exibir, aí já dentro do horário da propaganda eleitoral da TV, uma jovem conhecida de muitos e então companheira de Dutra esmurrando as costas dele e puxando-lhe os cabelos, numa cena de ciúmes materializada num evento público.
Por coincidência ou não, Jackson e Dutra não viraram governadores de Sergipe naquelas ocasiões. A agressão aos políticos por seus concorrentes, em formato de comunicação, é uma arma covarde que muitos desavisados empunham em períodos eleitorais como uma espécie de marketing sujo e suplementar. Ele é sempre feito na surdina, o que o torna mais covarde ainda.
Com a evolução da comunicação, via os mais variados dispositivos móveis, a estrela da hora são vídeos apócrifos que tentam matar pela cepa os adversários. O que mais estranha, e causa perplexidade, é que nesta sucessão de 2018 esses vídeos azedos, escrotos e covardemente anônimos pipoquem às escâncaras faltando mais de cinco meses para as eleições.
Numa antecedência tão absurda que nos deixa a questionar o que acontecerá nos meses de agosto e setembro, âmago da campanha. Nesses vídeos, os alvos preferidos são Jackson Barreto, Antonio Carlos Valadares, Valadares Filho, Eduardo Amorim, André Moura. Só árvores graúdas, de quem querem decepá-las por inteiro. Ou torar alguns galhos. Nesses vídeos esses políticos são todos tratados como ratos de esgoto.
É impressionante que marqueteiros como Carlos Cauê, André Urso, Bira Suassuna, David Leite, Jr Aragão, Cícero Mendes, Marcelo Viana, Theotonio Neto, que possam estar associados como autores dessas baixarias - afinal, um vídeo não nasce como aquela flor no asfalto do poema de Drummond -, não parem para pensar que tudo isso só estraga ainda mais toda a classe política que já está demasiadamente estragada nesta hora.
Mas convenhamos: pela média da maldade, são vídeos primorosos - alguns bizarros, como o que põe chifres de labaredas no senador Valadares -, do tipo que que convencem incautos e desaviados - a maioria dos cidadãos - de que o detratado merece o peso do achincalhe que eles produzem e vazam.
Mas não merecem. Todos esses detratados merecem, sim, informações verdadeiras e, sem deboche, sobre seus passados e seus presentes. Mas a quem recorrer nesta hora e contra essas atitudes pânicas?
Um certo ministro presidente do TSE disse que iria jogar duro contra os abusos advindos das bandas da Web. Dá para ser levado a sério nessa promessa? Não é impossível garimpar os autores disso. Há vídeos em que os autores deles deixam vazar para o público áudios gravados por locutores manjados de campanhas em Sergipe.
É triste a constatação perene de que eleição no Brasil nunca foi algo limpo. Algo sóbrio. É triste a constatação perene de que eleição no Brasil agride mortalmente a própria política. Mais deprimente é a constatação de que o leitor referenda isso.
Na queda de braço em favor do seu candidato, todo eleitor adora o achincalhe ao concorrente. Desavisado, não sabe ele que o seu candidato também paga este pato. E que com isso, todos perdem. Só quem ganha é a indecência.