Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Como porta-voz do Rede em Sergipe, Henri Clay Andrade pensa projeto local e nacional
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Henri Clay Andrade: sonhado a política com P maiúsculo

Candidato a senador em 2018 pelo Partido Pátria Livre - PPL -, o advogado Henri Clay Andrade, 51 anos, trabalha a construção de uma candidatura a prefeito de Aracaju para este ano - agora pelo Rede.

Em sua primeira incursão eleitoral, Henri Clay obteve 109.562 votos. Foi bem. Agora, parece se dar a uma missão tríplice: viabilizar um projeto político-eleitoral em Aracaju, contribuir para uma ação que possa abolir a intolerância do horizonte da política nacional simbolizada pelas diabruras de Jair Bolsonaro e construir, ao mesmo tempo, um partido em Sergipe a partir da ossatura do Rede - que ele considera elementar que exista neste momento.

Para começo de conversa, Henri Clay assume a partir desta segunda-feira, 6 de julho, o posto de porta-voz estadual do Rede em Sergipe. Ou seja, vira presidente da Executiva Estadual desse partido. Ele está repleto de planos e de sonhos - e é disso que trata esta entrevista. Leia-na.

Aparte - O senhor assume a condição de porta-voz da Rede em Sergipe?
Henri Clay Andrade -
Sim, é o que vai ser formalizado na próxima segunda-feira.

Aparte - E é em nome de quê que se dá essa sucessão ao professor Bosco?
HC - Eu fui convidado para contribuir na construção do partido junto com o grupo que está comigo desde 2018, os que participaram da minha campanha para senador, assim que a Direção Nacional me convidou para assumir esse posto em Sergipe. Como era para contribuir e construir coletivamente, aceitei o desafio.

Aparte - O que significa porta-voz no âmbito do Rede?
HC -
É o mesmo que ser presidente do partido.

Aparte - E como “presidente”, o senhor pensa o quê para Sergipe?
HC -
É preciso fortalecer a Rede. A estratégia inicial é priorizar a viabilização de candidatura majoritária à Prefeitura de Aracaju, e disponho o meu nome para essa construção do partido em Sergipe. Outra tarefa prioritária é formar chapas competitivas para a Câmara de Vereadores, na capital e no interior do Estado. Em Aracaju, já temos uma chapa completa, com 36 nomes, e com perspectivas reais de elegermos três vereadores.

Aparte - E qual é o seu entendimento diante disso?
HC - É o de que nós temos amplas possibilidades de crescer e sair bem fortalecidos destas eleições. Vamos protagonizar a disputa majoritária em Aracaju e, da mesma forma, apresentar candidatos competitivos e qualificados para as Câmaras de Vereadores. Tenho certeza de que o povo vai assimilar e abraçar o nosso projeto democrático e popular. Após as eleições, vamos fundar diretórios nas demais cidades de Sergipe. A meta é chegarmos, em 2022, presentes e atuantes em todos os municípios do Estado.

Aparte - Natália Dalto também deixa de ser porta-voz da Executiva de Aracaju?
HC -
Sim, ela já deixou. Quem assume é Ricardo Vasconcelos, um advogado e militante social pelos direitos humanos. Ele é parte da renovação da política.

Aparte - E qual é a sua visão do Projeto Rede no âmbito nacional? Esse partido quer e pode o quê?
HC -
O Rede é um partido que é necessário existir. Ele é importante para a democracia, para a República, para a afirmação dos direitos sociais e para os princípios éticos da política. Rede é um partido que tem credibilidade, com presença no Congresso Nacional, contando com dois excelentes senadores, que são o Fabiano Contarato e o Randolfe Rodrigues, e figuras públicas de credibilidade, com militância social, como é o caso da própria Marina Silva e Heloísa Helena. É um partido que dialoga muito bem com a sociedade, e é de combatividade, que defende justiça social e direitos humanos. Ou seja, bandeiras que são progressistas.

Aparte - O senhor vê o Rede dentro do contexto do Movimento Somos 70?
HC -
Sim, com certeza. Está na luta aí pela formação de uma frente em defesa da democracia. Ele está disposto a demolir o atual estado de coisas em 2022, com certeza. O Rede está, inclusive, na frente do Fora Bolsonaro, pelo impeachment dele. Na janela da democracia, o Rede é um dos partidos que lideram esse processo. Ocorre que, nessa última eleição, Rede não alcançou a cláusula de barreira.

Aparte - Fazer o quê, então?
HC –
Então: qual é hoje o objetivo nacional nosso? É o de fortalecer o partido nessa eleição de 2020. Firmá-lo em todos os municípios, principalmente nos maiores, nas capitais, e em 2022 superar a cláusula de barreira para se manter vivo no cenário partidário brasileiro. Porque se não alcançar isso, extingue-se automaticamente. Então me sensibilizei e quero contribuir para ajudar nessa tarefa aí

Aparte - Qual é o principal norte do seu projeto de candidatura a prefeito de Aracaju?
HC -
Essa pandemia desfocou muito a possibilidade de exposição do nosso projeto, nesse primeiro semestre. Mas as coisas ficaram muito mais fortes em termos de bandeiras sociais e administrativas que o partido quer priorizar para essas eleições municipais e para as próximas gestões. 

Aparte - O que seria prioridade aí?
HC -
É bandeira prioritária estabelecer um programa social de segurança alimentar e fortalecimento dos serviços públicos essenciais. A crise econômica é profunda e a pobreza extrema vai aumentar com a pandemia. Isso é inevitável. Então hoje um governo, mais do que nunca, deve funcionar como indutor para a geração de empregos e estar muito presente para prover as necessidades básicas dos mais pobres. É fundamental.

Aparte - O senhor acredita que o coronavírus exibiu ainda mais as diferenças sociais do país?
HC -
Ficou muito evidente, não é. A verdade é que se escancararam as coisas. Foi também uma das consequências da pandemia, com a profunda crise econômica, que irão se agravar as diferenças sociais. Agrava por causa do desemprego, de parte da população que entra para a extrema pobreza, e tudo isso precisa de forte e eficiente intervenção do poder público. Hoje, mais do que nunca, uma gestão pública tem que ter prioridade no social.

Aparte - O senhor não teme a solidão do Rede num projeto eleitoral como esse a que se propõe? O senhor não se sente sozinho para disputar a Prefeitura de Aracaju?
HC -
Não. E não, porque tudo é uma construção. Acho que nada está posto em definitivo. Existe a possibilidade de coligações, de alianças e só assim há a nossa disposição para a construção de uma candidatura majoritária neste contexto. O que quer dizer isso? Para viabilizar a materialização de uma candidatura majoritária, passa-se por coligações com as frentes progressistas, dentro do nosso campo democrático e popular, e isso pode ser construído até o dia 16 de setembro, com a mudança que tivemos do período de convenção partidária. Até lá, nós vamos construir isso.

Aparte - Esse projeto da Rede é irreversível ou pode retroceder?
HC -
Não há nada irreversível na vida. Tudo é dialogável. O processo é dialético. Nós não trabalhamos com absolutismo, mas com democracia. O importante é que o partido tenha prioridades. Nossa prioridade é fortalecer o partido em duas tarefas a se cumprir: construção de uma candidatura majoritária, buscando viabilizar um espaço próprio na disputa, e formar uma boa chapa de candidatos a vereador, com 36 nomes. Essas são as duas tarefas até 17 de setembro.

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