Aparte
Opinião - A imprensa e a censura - V

[*] Adalberto Vasconcelos Andrade 

Trago aqui o contraponto da cantora Antônia Amorosa ao artigo O homem engana, a mulher trai”, republicado neste Portal semana passada. No final da posição dela, eu me posiciono. Vai transcrito na íntegra a seguir.

“O que difere o homem dos animais?

Reflexão sobre o texto “A mulher engana, o homem trai”, de Adalberto Vasconcelos

Algumas colocações do escritor assustaram-me no conceito de determinados comportamentos. Senão, vejamos: segundo o mesmo, quando a mulher trai o faz de forma fria e calculista, com certa descrição e evitando se expor ao máximo. 

Toda traição desperta no traidor o comportamento de defesa e sobrevivência. Segundo ele, a mulher trai uma, duas e três vezes e na quarta ela escolhe com quem quer ficar. Ora, o homem, além de trair baseando-se na cultura e na força física, ainda costuma constituir outras famílias além da que possui. 

Se o motivo está na capacidade sexual do homem, devemos questionar dentro da relatividade, já que o apetite sexual independe consideravelmente do gênero sexual. Existem homens que são sexualmente menos vorazes que algumas mulheres.

Com referência à cultura, onde o homem sempre se beneficiou, o processo de conscientização atual da humanidade deixa claro que a mulher possui inteligência igual, embora não se beneficie da força. 

Isso veio eliminar a ignorância que sempre predominou na alma masculina de que o forte, no aspecto físico, é sempre superior ao fraco. Ideia que durante milhares de anos subjugou e escravizou a mulher e que não podia mesmo ser considerada natural pois iria de encontro à capacidade de raciocínio humano, igualando-nos aos animais irracionais. 

O que é que difere o homem dos animais? É uma resposta facílima: o amor, é claro! A partir do momento em que o macho (racional) decide unir-se à fêmea (também racional), a base de sustentação do relacionamento que é a fidelidade torna-se fundamental para o seu crescimento e existência. 

Caso contrário, vai se tornar uma utopia, uma grande farsa. O maior problema de alguns homens é querer transformar parceiras em mães para lavar suas roupas, fazer sua comida e cuidar da sua perpetuação genética. Isso é o que chamamos de escravidão. 

Tanto a mulher quanto o homem possuem atração pelo sexo oposto, independentemente de relação ou compromisso. No entanto, o que difere e equilibra este processo é o nível de consciência e compromisso que cada um exerce sobre si mesmo e com as pessoas com quem opta conviver.

Portanto, como toda fêmea racional, desejo um homem que sirva aos sentimentos superiores (como o amor, por exemplo). 

Caso contrário que ele fira conscientemente sua racionalidade, comparando-se aos animais irracionais e colecionando fêmeas como fazem os galos, os touros e os cachorros também”.

Pois bem. Choque de opiniões sempre existirá. Isso é natural e salutar. Democracia é isso – e eu não condeno Amorosa pela visão dele.

Mas o que não podemos é assistir e ficar indiferentes com o que vem acontecendo nos últimos meses com relação ao tratamento dispensado pelo STF à imprensa.

É lamentável ver um ministro daquela corte censurar sites das revistas Crusoé e O Antagonista, exigindo a retirada do ar reportagem e notas publicadas sobre a ligação do presidente da corte, Dias Toffoli, com a Odebrecht. Isto é censura e intimidação judicial. Muito diferente de uma opinião.

[*] Administrador de Empresas, policial rodoviário federal aposentado, e escritor efetivo do Portal JLPolítica.