Aparte
Nitinho quer pedra fundamental da 1ª Câmara de Aracaju até dezembro de 2020

Josenito Vitale: obra moderna, ecológica e com 40 gabinetes (Foto: César de Oliveira)

Pode soar estranho, e soa, mas a cidade de Aracaju vai fazer 164 anos no próximo dia 17 de março e nem esse razoável tempo de vida foi o suficiente para dotar o seu Poder Legislativo de uma sede própria. Isso mesmo: a Câmara Municipal da capital vive em espaços concedidos. Em puxadinhos de favores. Feios. Apertados.

Mas se depender do seu atual presidente, vereador Josenito Vitale, o Nitinho, essa realidade tem prazo para começar a se dissipar. O Poder Legislativo Municipal de Aracaju tem um terreno no Centro Administrativo Governador Augusto Franco e Nitinho já encomendou o projeto arquitetônico para construir uma sede própria ali.

Ele fixa até prazo para começar. “A minha ideia é iniciar esta obra nem que seja no último mês de minha gestão, que será dezembro de 2020. Quero assentar ali a pedra fundamental desta obra. Minha ideia é terminar todo esse processo de licitação nesses dois anos que terei de mandato. Por cima, ela deve custar de R$ 16 milhões a R$ 20 milhões”, diz Nitinho em entrevista à Coluna Aparte. Veja.

Aparte - O que está faltando para que a Câmara de Aracaju tenha uma sede própria e à altura do Poder Legislativo?
Josenito Vitale -
Na verdade, nós já temos o projeto pronto neste sentido, e ele é muito audacioso. Para executá-lo, precisamos apenas do apoio não só do prefeito Edvaldo Nogueira como de parceria com o setor privado. Estamos nos programando para uma PPP - Parceria Público-Privado -, imaginando que por ela façamos com que o prédio num prazo de 20 anos seja integralmente do Poder Legislativo da Capital.

Aparte - Quais os benefícios de se ter uma sede própria para a Câmara de Aracaju?
JV -
Além da representatividade concentrada em um só local, nós diminuiríamos em muito os gastos com as verbas de representação pagas as vereadores. Hoje, quase todos os 24 vereadores de Aracaju têm salas alugadas em pontos diferentes e distante da sede da Câmara. Isso é ruim.

Aparte - O Poder Legislativo tem terreno próprio para esta empreitada?
JV -
Tem, e fica ali no Centro Administrativo Governador Augusto Franco, atrás da nova sede do Ministério Público do Estado. Foi uma concessão feita pelo ex-governador Jackson Barreto, teve um pequeno problema com o terreno, mas estamos conversando com o governador Belivaldo Chagas para resolver, e ele é a favor. Está doado. Só falta uma pequena questão na Procuradoria do Estado.

Aparte - Como é que se dá esse espalhamento dos gabinetes dos vereadores atualmente?
JV –
Veja bem, hoje nós dispomos de verbas indenizatórias exatamente para que os vereadores possam alugar o seu próprio gabinete em outro espaço que não o da Câmara - eu mesmo uso um escritório na avenida Tancredo Neves e estou indo para uma outra localidade. Eu acredito que essa configuração não é boa. O bom seria concentrar tudo isso num só espaço e de preferência numa sede própria. Para esta nova Câmara de Aracaju tínhamos um projeto desenvolvido pelo ex-vereador Sérgio Gois, anterior a este que nós desenvolvemos agora. No de Sérgio continha apenas 19 gabinetes.

Aparte - O senhor acha que essa diáspora, esse espalhamento dos vereadores por diversos espaços da capital, provoca prejuízo na essência do trabalho da Câmara? Se trabalhasse todos num só espaço, seria melhor para o Poder?
JV -
Não tenha a menor dúvida disso. A gente vê que às vezes o vereador sai da sessão da Câmara para poder atender seus eleitores em outros locais. Como todos os gabinetes na própria sede, nada melhor do que marcar reunião ali com seus assessores, com as lideranças, com o povo. O próprio presidente teria os vereadores mais perto do contato.

Aparte – E este projeto agora pensado pelo senhor muda o quê?
JV -
Nós elaboramos um projeto futurista, com mais de 40 gabinetes. Ora, somos 24 vereadores hoje, mas devemos pensar no crescimento futuro da cidade. Acho que não comportaria fazer um projeto importante como este com apenas 24 gabinetes e pensamos que poderíamos já projetar o futuro. Numa Câmara que valha por mais 50 anos à frente, porque acreditamos que daqui a 50 anos teremos os 40 vereadores nos quais pensou o projeto.

Aparte - O senhor tem uma justificativa para o fato de Aracaju, aos 163 anos de existência, não dispor de uma sede própria de Câmara Municipal?
JV -
Eu acho que se levou em conta, sempre, as dificuldades financeiras, e é por isso que entendo que é preciso que Poder Executivo abrace também esta causa. Se o prefeito Edvaldo Nogueira tiver boa vontade - e acho que ele terá - será a hora, e o faremos pela iniciativa privada. A minha ideia é iniciar esta obra nem que seja no último mês de minha gestão, que será dezembro de 2020. Quero assentar ali a pedra fundamental desta obra. Minha ideia é terminar todo esse processo de licitação nesses dois anos que terei de mandato. Por cima, ela deve custar de R$ 16 milhões a R$ 20 milhões.

Aparte – Isso é muito ou está de bom termo?
JV -
Não considero algo grande. Até porque, nossa intenção é fazer uma Câmara já toda mobiliada. E mais: pensamos em dotá-la de energia solar, até como forma de redução de custos. Vamos investir no reuso de água. Na verdade, pensamos num prédio em sintonia com o futuro ecológico. Que venha estar num novo modelo de construção.

Aparte - Então o senhor não acha que o Legislativo de Aracaju merece viver pendurado em prédios cedidos.
JV -
Não. Não acho, embora a gente agradeça pela doação desse em que estamos hoje, que é um prédio histórico, mas não oferece nenhum conforto para as demandas do Poder Legislativo de Aracaju. Nem só os vereadores e sobretudo a comunidade, que diariamente está lá visitando a gente. Quem entra ali se depara com um corredor estreito como se fosse um corredor da morte. Estreitíssimo. Não se tem um elevador.

Aparte - Mas o senhor não acha que a construção no Centro Administrativo Governador Augusto Franco leva o Poder Legislativo para muito distante do povo?
JV -
Não penso assim não. Acho que estaria de bom tamanho. Onde está o poder o povo aparece, e aquele espaço é o futuro também do Governo de Sergipe, que tem uma área ali reservada para a construção de um Centro Administrativo do Governo do Estado.