Aparte
Laudo da UFBa indica que óleo no mar do Nordeste tem origem venezuelana

Barril de petróleo encontrado no litoral de Sergipe, o Estado mais atingido pela contaminação da mancha de petróleo cru que avança no litoral do Nordeste do Brasil (Foto: AFP/Ademas)

Isso não elimina os impactos negativos, mas atenua e dissipa uma certa ânsia de se saber de onde veio esta “sujeirada” toda sobre as praias do Nordeste por resíduo de óleo petrolífero.

Pois é: estudos das Universidade Federal da Bahia, com apoio da UFS e Universidade Estadual de Feira de Santana, indicam vir da bacia da Venezuela. É disso que tratam uma matéria do Jornal O Povo, de Ceará, reproduzida aqui, e uma nota senador Alessandro Vieira, Cidadania.

Alessandro informa que o “custo total estimado de contenção e limpeza é de mais de R$ 40 milhões”, numa referência aos estragos em Sergipe. Comece pela matéria do jornal cearense.

“Um terceiro laudo divulgado nesta quinta-feira, 10, produzido pela Universidade Federal da Bahia - UFBA -, indicou mais uma vez que o óleo encontrado no Nordeste é proveniente de bacia petrolífera da Venezuela. Anteriormente, a Marinha do Brasil e a Petrobras haviam chegado à mesma conclusão.

O novo documento foi produzido com a justificativa de ser independente e mais um instrumento de colaboração com as investigações. Também nesta quinta, a Marinha informou que a mancha avançou pelo litoral e já chegou a Arembepe, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Em coletiva de imprensa, a diretora do Instituto de Geociências - Igeo-Ufba -, Olívia Oliveira, disse que as amostras recolhidas possivelmente são de petróleo cru que perdeu compostos químicos por meio de evaporação. “Devido ao longo tempo em que o material está no mar, a constatação [sobre ser petróleo cru] fica prejudicada”, disse ela.

Por ter viscosidade alta, os cientistas não descartam a chance de ser bunker, combustível usado em navios. Conforme a nota técnica, a análise dos biomarcadores e da presença de carbono apontaram que o material contaminante tem semelhança com um dos tipos de petróleo produzido na Venezuela. “Nenhum petróleo produzido no Brasil apresenta distribuição de biomarcadores similar aos resultados encontrados”, revelou a diretora.

“Existem alguns organismos que só viveram em determinado período da nossa era geológica, então quando identificamos esses organismos, chamados de biomarcadores, sabemos dizer quando ele viveu e comparamos com a idade das bacias petrolíferas”, esclareceu Olívia ao Correio. A esse processo é dado o nome de geoquímica forense.

Este estudo mais recente será remetido ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia - Inema -, que vem acompanhando e reunindo informações sobre o fato no estado. Os pesquisadores eliminaram a possibilidade de o óleo ser proveniente de vazamento de plataformas brasileiras de extração.

A análise do fluido foi concluída em três dias e contou com uma equipe técnica de 16 pessoas, entre geólogos, biólogos, físicos e químicos. O material oleoso usado no estudo foi coletado nas costas sergipana e baiana em parceria com a Universidade Federal de Sergipe - UFS - e a Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS.

“Antigamente, só quem tinha expertise neste conhecimento era a Petrobras. Quando os investimentos governamentais nas universidades cresceram, passamos também a investigar as amostras das bacias de petróleo. Quando acontecia um acidente, se a Petrobras fosse culpada, ela mesmo que se investigava. Então, isso não pode e é por isso que nosso estudo é importante, porque é isento”, observou a diretora em fala ao Correio”.

A propósito deste assunto, o senador Alessandro Vieira, Cidadania, despachou nota nesta quinta-feira, 10 de outubro, às redações de jornais e site e às mídia sociais de Sergipe falando em “Atualização sobre a questão ambiental”. É o que vai a seguir.

“1. Laudo independente da Universidade Federal da Bahia - UFBA - também aponta a provável origem venezuelana do óleo derramado.

2. Existe risco real de contaminação nos rios sergipanos, inclusive com impactos na captação de água para consumo humano.

3. Já temos duas empresas disponíveis em Sergipe para ação imediata, mas elas dependem de um comando objetivo neste sentido.

4. O custo total estimado de contenção e limpeza é de mais de R$ 40 milhões.

5. Independentemente de custo e da péssima situação fiscal sergipana, é preciso tomar uma decisão. O preço da demora será incomparavelmente maior.

6. Está marcada uma reunião com a ministra Teresa Cristina, para acelerar o processo de liberação do seguro defeso. Para esta reunião, estamos solicitando a presença da bancada nordestina.

7. Estamos solicitando a interferência direta da Presidência para acelerar este processo, da mesma forma como estamos cobrando a atuação firme do Governador.

Senador Alessandro Vieira”