Aparte
Opinião - A ilusão da política de geração de emprego do prefeito Padre Inaldo

[*] Uilliam Pinheiro

Uma das melhores políticas públicas para o enfrentamento da pobreza e da desigualdade social é, sem sombras de dúvidas, a geração de emprego. No ano de 2019, no Brasil foram criados 644 mil empregos, segundo dados do Caged do Ministério da Economia.

Em Sergipe, o saldo também foi positivo, onde a diferença entre as admissões e demissões foram de 1.545 novos postos de emprego. Mas quando falamos do município de Nossa Senhora do Socorro, o resultado foi de desemprego, e isso é alarmante.

Nossa Senhora do Socorro teve o pior resultado entre os municípios do Estado de Sergipe: aqui o desemprego cresceu. Somados novos postos e diminuídos aqueles que foram fechados, ficamos com o saldo negativo de 834 postos de emprego no ano de 2019.

Se a geração de emprego é uma das melhores políticas públicas para o combate à desigualdade social e à pobreza, infelizmente em Socorro essa proposta de política não é levado à sério pela atual gestão do prefeito Padre Inaldo.

Através da Secretaria de Trabalho é executada uma política eleitoreira e populista de tentativa de geração de emprego com a promoção pelos quatro cantos da cidade das tais Caravanas, Mutirões - não importa o nome quando o único resultado é cultivar ilusões na população.

As tais ações promovidas pela gestão de Socorro prometem entrevistas de emprego, cursos profissionalizantes e outros apelos que enchem os olhos dos desavisados. Contudo, os dados do Caged mostram que tais ações não têm tido o resultado esperado.

As promessas de entrevistas de emprego não ocorrem, os ditos cursos profissionalizantes têm cargas horárias insuficientes para preparar as pessoas para o mercado de trabalho. Boa parte das instituições que desenvolvem os cursos profissionalizantes não têm credibilidade no mercado e portanto não acrescentam um diferencial no currículo do trabalhador.

Desconfio que o que está por trás de todo esse aparato das Caravanas é a criação de bancos de dados para uso posterior, objetivando uma manutenção de poder do prefeito Padre Inaldo.

Mas não é somente a Secretaria de Trabalho a responsável pelo fracasso na geração de emprego e renda em Socorro. A Secretaria de Indústria e Comércio, que tem como objetivo a atração de empresas e empreendimentos, não apresentou um programa sequer de atração de investimentos nestes três anos de gestão municipal.

Não há um diálogo efetivo com a classe empresarial por parte da gestão e a falta de infraestrutura e de manutenção do município dificulta a instalação de novas indústrias e comércios. Exemplo claro é a precária infraestrutura do distrito industrial localizado no Conjunto João Alves.

Ao não priorizar estratégias claras e integradas entre as diversas Secretarias para gerar emprego e renda no município, Padre Inaldo deixa claro que o seu objetivo é manter a população dependente do Estado e consequentemente dos “apadrinhamentos” políticos decorrentes dos empregos gerados através dos cargos comissionados.

A falta de atenção nesta área gerou o acúmulo de cerca de 20 mil jovens sem ocupação no município e em busca do seu primeiro emprego. Mas, o leitor pode questionar quais as possíveis saídas para interromper o desemprego em Socorro. A primeira sugestão é que a gestão do prefeito aproveite o pouco tempo que lhe resta e mude o rumo de sua política de geração de emprego.

Segundo, sugiro a criação de uma parceria público-privado com o Sistema S na condução dos cursos profissionalizantes desenvolvendo formações que efetivamente qualifiquem os socorrenses para o mercado de trabalho. Ora, se o prefeito Padre Inaldo é parceiro do deputado federal Laércio Oliveira, que preside a Fecomércio, por que será que esta solução nunca foi implementada?

Minha terceira sugestão é a da criação de um Fundo de Apoio aos Microempreendedores Socorrenses. Essa medida seria implantada juntamente com o Governo do Estado, o Banese e o Banco do Nordeste. Mais uma vez enfatizo a falta de habilidade de articulação política do atual prefeito, aliado do governo estadual mas sem ações conjuntas para resolver questões estratégias para o município como a geração de emprego e renda.

Ademais, Nossa Senhora de Socorro precisa preparar sua população para se inserir nas oportunidades que surgirão a partir dos empreendimentos voltados para a produção de óleo e gás na grande Aracaju, especialmente em Barra dos Coqueiros. Se esta capacitação não começar agora, quando essa mão de obra for necessária não teremos pessoas capazes para ocupar as funções ofertadas.

A gestão do prefeito Padre Inaldo é um claro fracasso na área de geração de emprego, prejudicando a população pela ineficiência de produzir projetos consistentes e realizar as articulações necessárias. Nossa Senhora do Socorro precisa deixar de ter o pior resultado na geração de emprego em Sergipe.

Basta vontade política e coragem para abrir um diálogo efetivo com os setores envolvidos e empoderar a população. Em 38 meses, Padre Inaldo demonstra ser um gestor de plantão preocupado apenas na manutenção do poder em suas mãos. É preciso mudar o rumo da política de geração de emprego no município. Ou será a hora da população demitir seu prefeito do cargo?

[*] É graduado em Ciências Econômicas, ativista social e cidadão de Nossa Senhora do Socorro.