Aparte
João Augusto Gama é contra que se construa uma Câmara nova para Aracaju

João Augusto Gama: “Uma sede para Câmara não é uma prioridade para Aracaju”

O ex-prefeito de Aracaju e ex-secretário de Estado da Cultura João Augusto Gama, MDB, reagiu contrário à ideia do presidente da Câmara Municipal da Capital, vereador Josenito Vitale, o Nitinho, de dotar o Poder Legislativo aracajuano de uma sede própria, cuja construção ele pretende iniciar ainda no ano que vem num terreno no Centro Administrativo Governador Augusto Franco, cedido pelo Governo do Estado.

O tema construção de uma sede própria para o Poder Legislativo Municipal de Aracaju apareceu numa micro entrevista concedida por Nitinho à Coluna Aparte e publicada na edição de ontem, terça, sob o título de “Nitinho quer pedra fundamental da 1ª Câmara de Aracaju até dezembro de 2020”.

“A minha ideia é iniciar esta obra nem que seja no último mês de minha gestão, que será dezembro de 2020. Quero assentar ali a pedra fundamental desta obra. Nós já temos o projeto pronto neste sentido, e ele é muito audacioso. Além da representatividade concentrada em um só local, nós diminuiríamos em muito os gastos com as verbas de representação pagas aos vereadores”, disse o presidente.

João Augusto Gama se posta frontalmente contra a ideia de se dotar Aracaju de um prédio específico projetado para o Legislativo, o que tiraria a cidade de um atraso de 163 anos nesse aspecto. “A Câmara Municipal de Aracaju está muito bem instalada em um dos prédios históricos mais importantes da cidade. Se cedido ou não, pouco importa. Trata-se de uma questão fácil de resolver. Não é difícil a transferência da titularidade do imóvel”, diz ele.

Nitinho considerou, na sua entrevista, que o problema não está no aspecto histórico do prédio usado pela Câmara, e sim nas suas dimensões - pequeno demais para as demandas de um Poder que tem 24 vereadores e que vivem todos pendurados em salinhas alugadas fora dele por ruas e avenidas de Aracaju.

“O que é um absurdo é colocar recursos de uma cidade carente de tudo para construir uma Câmara Municipal que está bem alojada no centro histórico da capital. Se há excesso de dinheiro, cubram um canal, pavimentem as ruas que estão precisando”, disse Gama.

De fato, a intenção de Nitinho – que não é nova - mexeu de perto com a visão de Gama. “Fica a indignação de um ex-prefeito que sabe das carências da cidade. Uma sede para Câmara de Vereadores seguramente não é uma prioridade para Aracaju”, disse Gama.

Pela lógica de João Augusto Gama, pouco importa que os Poderes em Sergipe não tenham um espaço para chamar propriamente de seu. Ele dá como exemplo o próprio Governo de Sergipe. “O Palácio de Despacho do Governo do Estado de Sergipe é alugado ao Fundo de Aposentadoria dos Funcionários da Caixa Econômica e, nem por isso, perde sua importância como Sede Administrativa do Governo”, disse Gama.

João Augusto Gama fez, ainda, uma outra reclamação. “É um absurdo chamar um prédio histórico ocupado pela Câmara de Vereadores de “puxadinho””, disse ele. O termo “puxadinho”, faça-se justiça aqui, não deve ser posto na conta de Nitinho. É do autor da Coluna Aparte, usado no lead (abertura da entrevista) e está devidamente metaforizado.

Não quer desconhecer a importância do prédio histórico cedido à Câmara. “Puxadinho” refere-se à incapacidade física de ele atender às demandas de um poder com 24 membros e quase mil servidores. Se esse prédio for cedido ao Poder Legislativo de Aracaju, como defende Gama, ainda assim continua insuficiente às necessidades da Câmara. O problema não está na posse dele.