Aparte
Dr Luizinho de Neópolis sonha com retomada do mandato e saída da política

Dr Luizinho: “A procuradora Eunice Dantas disse que eu agi descaradamente. Mas eu não agi descaradamente\"

Afastado do mandato de prefeito da cidade de Neópolis desde o dia 11 de dezembro do ano passado, o médico Luiz Melo de França, conhecido como Dr Luizinho, busca reaver seu posto de mandatário com uma cautelar em Brasília, que está em mãos do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

“Eu acho que essa cautelar sai. Estou otimista”, diz Luizinho. O otimismo de Luizinho, aos 65 anos, no entanto, se encerra por aí. Porque ele perdeu o encanto pela política e, mesmo se conseguir sucesso na justiça, garante vai apenas terminar o mandato.

“Se eu retomar a Prefeitura, não vou para uma reeleição. Definitivamente, não vou. Não tenho candidato e estou tentando ver se me afasto um pouco da política. Dizem que política só tem uma porta, que é a de entrada. A da saída é difícil de se encontrar. Mas eu quero encontrá-la”, diz Luizinho.

Profissional da Medicina ainda no batente - nesta segunda-feira, 18, ele dava plantão em Neópolis -, Luizinho não é nenhum novato nesse negócio de política. Ele se elegeu prefeito de Neópolis em 1992, em 2008 foi vice-prefeito e retomou o poder em 2016. Mas se admite um homem incrédulo com a política e suas nuances.

“Estou desanimado com a política, porque o sentido dela mudou muito. Hoje, vale o poder do troca-troca. Para se ser um bom político, tem que ser um bom comerciante, e eu não topo sê-lo. Acabou esse negócio de trabalhar pelo bem coletivo. Ninguém mais quer saber disso não. Eu sou de uma geração que só sabe trabalhar pelo bem coletivo. O Baixo São Francisco, por exemplo, é a região mais pobre do Estado, precisa de investimento governamental, mas ninguém olha e ninguém faz nada”, diz ele.

O desânimo de Luiz Melo de França se fez mais profundo diante da forma como perdeu o mandato à beira dos dois anos de ter chegado nele. “Eu fui afastado injustamente, com o Ministério Público Eleitoral me acusando de estar atendendo pessoas em consultas com interesse eleitoral, embora os atendimentos, que sempre fiz, se deram antes do período eleitoral, antes das convenções. E, ademais, eu sou um médico. Vivo de atender pessoas. Depois das convenções, eu não atendi a mais ninguém”, diz ele.

“Eu acho tudo isso uma injustiça. A procuradora Eunice Dantas foi dura comigo. Disse que eu agi descaradamente. Mas eu não agi descaradamente. Eu teria agido descaradamente se depois do registro da candidatura eu continuasse atendendo as pessoas. Seria, vamos dizer, um descaso com a Justiça, mas seu só atendi até as convenções, e a minha profissão é a de médico. Tenho mesmo que atender pessoas. Sempre atendi”, diz Luizinho.

Desde o dia 11 de dezembro responde pela Prefeitura de Neópolis o vereador Célio Lemos Bezerra, presidente da Câmara. A decisão da Justiça levou de roldão Luizinho e o vice dele, Miguel Lobo.