Aparte
Marco Pinheiro: “Mais políticos por vocação e não por profissão tornaria a imagem menos hostilizada”

Marco Pinheiro: \"É, sim, possível, ser parte ativa nos processos\"

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe, Marco Pinheiro, chamou a atenção por ter se filiado a um partido político este ano - ao Progressistas. Isso não significa prenúncio ou garantia urgentes de uma candidatura em 2020 ou em 2022. 

“Filiei-me por entender que é preciso que o empresário também participe do processo político, mesmo que não haja a intenção de uma candidatura. O processo de diálogo é complexo, mas precisamos pensar em como contribuir para que Aracaju, Sergipe e o Brasil passem a entender que empresários não são apenas pagadores de impostos ou geradores de empregos”, diz.

Um empresário próximo de um partido político, na tese direta de Marco Pinheiro, é um recado de que a política não deve ser vista como uma profissão. “O que observo é a demasiada fragilidade na imagem do agente político em si no Brasil, causada pelo fato de muitos tratarem a política como uma profissão, o que não é. Em minha opinião, mais políticos por vocação e não por profissão tornaria essa imagem menos hostilizada”, diz ele. Veja a seguir esta entrevista que Marco Pinheiro concedeu à Coluna Aparte

Aparte - Por que o senhor se filiou a um partido político?
Marco Pinheiro -
Na verdade, me filiei ao Progressistas há cerca de três meses por entender que é preciso que o empresário também participe do processo político, mesmo que não haja a intenção de uma candidatura. O processo de diálogo é complexo, mas precisamos pensar em como contribuir para que Aracaju, Sergipe e o Brasil passem a entender que empresários não são apenas pagadores de impostos ou geradores de empregos. Somos voz ativa no terceiro setor e, agora, também na política, pois entendo as dores e percalços desse caminho.

Aparte - Há planos ou planejamento de disputar mandato agora em 2020 ou em 2022?
MP -
Como presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe, tenho uma importante missão atualmente e, por meio dessa representatividade, estou presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, entidade que tem um importante papel no fomento de ações empreendedoras em prol de diversas frentes. Meu papel é auxiliar nesse diálogo e estou engajado em estabelecer ações que estimulem a retomada do crescimento de setores de nossa economia junto a outras entidades de classe. Não há planejamento de candidatura, pois meu foco é o trabalho em prol da categoria, e a prova maior disso está no diálogo estabelecido entre as entidades, com uma atuação conjunta constante em diversos momentos durante este ano. Ainda há muito a ser feito e espero contribuir ao máximo.

Aparte - O senhor acha que a classe que empreende deveria disputar mais espaços no Legislativo e no Executivo?
MP –
Veja: o empresário precisa ocupar os espaços políticos ao máximo possível, principalmente por conhecer a realidade de seus setores, já que sabe de cada dificuldade. Virá dos empresários políticas que valorizam suas iniciativas e o Brasil já tem exemplos de que podemos ser a saída. Minas Gerais é o Estado que mais gera empregos trimestre após trimestre, e o governador Romeu Zema é empresário com formação em Administração de Empresas. Mas também precisa vir de nós a crença de que é sim, possível, ser parte ativa nos processos, e não estou falando em grupos de WhatsApp. Mas em todo o processo real.

Aparte - Qual é a sua visão de partido político no Brasil?
MP -
Uma das muitas reformas que o Brasil precisa, é a política, a da reestruturação do sistema partidário e eleitoral. Somos atrasados e repletos de dificuldades, que deixam partidos a mercê de donos, que agem de maneira não democrática. Precisamos consolidar uma democracia onde a sociedade seja mais presente e não apenas aqueles grupos incrustados que dominam as estruturas partidárias, que usam as siglas como modo de atingir sua própria vontade.  

Aparte - Há democracia sólida com partidos políticos frágeis?
MP -
A democracia não é formada pelos partidos. Ela é a consolidação da vontade popular, o êxtase da valorização do ser humano como ser social e o que se tornou, na era moderna, um símbolo de igualdade. Não vejo como partidos frágeis possam fragmentar essa solidez. O que observo é a demasiada fragilidade na imagem do agente político em si no Brasil, causada pelo fato de muitos tratarem a política como uma profissão, o que não é. Em minha opinião, mais políticos por vocação e não por profissão, tornaria essa imagem menos hostilizada.

Aparte - Como é que o senhor analisa o cisma entre o presidente Jair Bolsonaro e o PSL?
MP -
Não acompanho as tratativas do Partido nem localmente nem nacionalmente, então é difícil opinar sobre um partido com o qual não possuo nenhum envolvimento nem pessoal, nem próximo. O que acompanho, como todo e qualquer cidadão, é o que a imprensa tem noticiado e que tem atrasado demasiadamente as ações necessárias no Congresso. Espero que tudo se resolva, sem prejuízos para o país.