Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

NOVA ALESE 18 - Luciano Pimentel: legislador com alma de Executivo que leva o mandato a sério
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Após 35 anos de vida dedicados aos bancos, Luciano chegou à Alese em 2015

Executivo bem-sucedido na esfera pública, Luciano Azevedo Pimentel, 61 anos, PSB, é um cidadão que no alto de seus 56 anos, após se dedicar por 35 anos a bancos - sobretudo à Caixa Econômica -, assumiu um novo desafio em sua vida: cumprir uma função política institucional, ser deputado estadual. E não se arrepende.

Tanto que, quatro anos após sua primeira vitória, Luciano Pimentel novamente se candidatou a deputado estadual, renovando sua estada na Assembleia Legislativa de Sergipe - Alese. Ele conquistou 16.907 eleitores sergipanos na eleição de outubro passado.

“Não me arrependo de ter entrado na política. Disputei o primeiro mandato e, agora, o segundo. Às vezes, momentos de turbulências, incompreensões acontecem. Mas isso faz parte. Só não podemos somatizar nada”, ressalta Luciano.

OBSTINADO DESDE NOVO

Nascido na Bahia, mais especificamente na cidade de Brumado, Luciano Pimentel é um homem obstinado. Desde cedo, perseguiu seus sonhos, movido por uma imensa inquietação de ser e acontecer na vida.

“Sempre fui uma pessoa que perseguiu os objetivos. Sou extremamente inquieto. Eu gosto de trabalhar. Não consigo ficar parado por muito tempo. Eu gosto sempre de buscar novas ações, novos projetos. Minha cabeça sempre está em ebulição”, destaca.

Essa ebulição toda fez com que Luciano saísse, ainda no início da adolescência, das barras dos pais, e com o devido apoio deles - Adabérito Carvalho Pimentel, auditor fiscal da Fazenda da Bahia, e Maria Azevedo Pimentel, uma ativa dona de casa. Ambos falecidos. A mãe do deputado ainda teve a oportunidade de ver o filho ser empossado na Alese pela primeira vez, falecendo três meses depois, aos 92 anos.

Na eleição de outubro passado, Luciano conquistou os votos de 16.907 eleitores sergipanos

EQUILÍBRIO PROFISSIONAL E EMOCIONAL

O deputado também quer trabalhar com temas voltados aos aspectos econômicos. “Trabalhei muito tempo nessa área e tenho uma preocupação grande com o que está acontecendo hoje, com as dificuldades do Estado e do Brasil”, afirma.

“Acho que temos que discutir temas que ajudem o Estado a superar essa crise. Temas que possamos estar apresentando hoje e gerando resultado mais à frente. Não de forma imediata, porque na economia os reflexos são a médio e a longo prazo”, explica o parlamentar.

Luciano promete trabalhar tudo isso com muita cautela e sensatez. “Na vida, precisamos de equilíbrio tanto no aspecto profissional quanto no comportamental. Procuro não transferir a minha angústia para ninguém. Eu procuro ser cuidadoso no trato e na relação”, diz Luciano.

HOMEM DE NEGÓCIOS

Engano quem pensa que a vida do deputado se resume aos bancos, família e Alese. Ele já fez de um tudo. “Já lutei e trabalhei muito. Já passei por diversas áreas, o que você imaginar profissionalmente, fora da vida de executivo. Já tentei diversos negócios. É uma vida muito rica de experiências”, informa.

“Já tive várias empresas. Têm 20 anos que tenho um pequeno hotel, hoje administrado por minha mulher, e tenho um posto de gasolina. Mas já criei frango, já tive abatedouro de frango, já plantei coco, milho...”, relata.

Quando vê alguém esmorecido, sem ânimo para correr atrás dos sonhos, Luciano Pimentel dá seu testemunho de vida. “Quando vejo num certo grau de relaxamento, conto minha experiência. Novo, eu estudava Administração na Universidade Federal, durante o dia, fazia Economia à noite e trabalhava no Banco do Estado durante a tarde”, relata.

Luciano na época de superintendente da Caixa. No banco, ele passou por importantes cargos de comando

ENTRADA NA POLÍTICA

“Na Caixa, fui gerente geral em Propriá, depois, fui para Aracaju, virando a gerente regional, viajando muito pelo interior e construindo amizades. Depois, como superintendente, fui construindo mais amizades também”, relata.

Segundo o deputado, alguns amigos começaram a lhe sugerir que entrasse na política, uma atividade da qual ele nunca foi alheio. “A princípio, eu não tinha intenção. Mas foi um e outro falando, e acabei sendo convencido, entre aspas”, afirma.

“Alguns me diziam: “você vem de uma área do executivo, então, é melhor você não ir para a política. Na política, você precisa ter coro grosso”. Sabemos que, quando você faz algo do interesse de alguém, você é maravilhoso. Quando não, é odiado, massacrado, injuriado. E muita gente dizia isso”, relata.

REJEIÇÃO FAMILIAR

A família de Luciano também não concordava muito com a ideia de vê-lo político, disputando mandatos. “Não queria de forma nenhuma. Tanto a minha mulher, quanto meus filhos e meus irmãos. Até hoje, meus irmãos não acham adequado eu estar na política”, revela.

Essa rejeição familiar ocorre mesmo que na família do deputado, tanto do lado materno quanto do paterno, tenha laços na política. “Meu avô, por parte de pai, já foi prefeito de uma cidade da Bahia, militava na política. Meu avô, por parte de minha mãe, já tinha militado na política. Tive tio e primos prefeitos”, informa.

Deixando de lado as negativas familiares, Luciano se candidatou a deputado estadual em 2014. “Minha primeira eleição. Nunca havia sido candidato a nada. Única disputa da qual já participei e fui eleito foi como coordenador do Diretório Acadêmico da Universidade Federal da Bahia. Fora isso, nada”, relata.

LUCIANO DE 2015 E 2019

Uma vez na Alese, Luciano Pimentel experimentou algo totalmente novo em sua vida. “O Luciano que entrou em 2015 era um parlamentar que não conhecia como tramitavam as coisas na Casa”, diz.

“A diferença do Executivo para o Legislativo é que no Executivo você estabelece metas, objetivos. E aquilo dependia de você e eventualmente dos seus colaboradores - a Caixa eu tinha como Executivo. No Legislativo já é diferente, não é? Você tem que propor, negociar, ter paciência com os trâmites. Teve uma série de novidades para mim”, relata.

Para este novo mandato iniciado agora em 2019, Luciano chega mais maduro, claro. “Já venho com embasamento. Acredito muito que será mais produtivo. Vamos trabalhar com diversos temas voltados para os cidadãos. Tenho vários projetos já aprovados nesse segmento”, informa.

Neste segundo mandato, Luciano promete brigar por temas ligados aos cidadãos e a aspectos econômicos

CHEGADA À SUPERINTENDÊNCIA

De 1981 até 2015, Luciano ocupou grandes cargos de confiança. Na Caixa, também foi chefe de setor, gerente de núcleo, gerente geral, gerente regional. “Todas as funções que tinham na Caixa em Sergipe eu ocupei. Tudo fruto de muito trabalho. Sempre fui atingindo cargos superiores, inclusive, o de superintendente – que foi o último. Algumas vezes, fui convidado também para outros Estados. Mas nunca me interessei”, revela. Ele tem um apego tamanho a Sergipe que até parece não lembrar que é baiano de nascimento.

Ao longo de 35 anos como funcionário da Caixa, Luciano ficou fora da empresa por um único período. “Quando fui secretário de Planejamento de Aracaju (2007 a 2008), na primeira gestão de Edvaldo Nogueira. Eu era gerente regional. Depois, voltei como superintendente. Saí da Secretaria num dia à noite e, no outro dia, assumi a Superintendência”, relata.

Para o deputado, a Caixa lhe foi uma grande escola da qual ele traz extremos pontos positivos. “Apesar de ser pública, a Caixa é uma empresa que trabalha com comportamento de particular. Nela, você tem metas, objetivos. É extremamente organizada, muito normatizada. A Caixa ensina muito aos seus colaboradores e os disciplina também. A gente aprende muito, pois o nível de exigência é alto”, destaca.

CAIXA NO CORAÇÃO

Segundo Luciano, a Caixa ajuda também o colaborador na sua formação curricular, a exemplo do próprio que se formou em Administração de Empresas pela Universidade Tiradentes e tem pós-graduação em Gestão Empresarial, pela Universidade Federal de Sergipe - UFS. Na Caixa, o Pimentel foi, inclusive, instrutor na área Comportamental e Gerencial.

Mesmo sendo muito suspeito, mas após passar tanto tempo na Caixa e chegado ao cargo de superintendente, ele diz: “a Caixa é uma empresa que tenho no meu coração como bancário que fui a vida inteira. Ela forma seu quadro de colaboradores. Considero uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil, fundamentalmente na formação e qualificação. Se você tiver habilidades, buscar se desenvolver, você cresce”.

A Caixa, evidentemente, é uma das principais responsáveis por Luciano ser hoje deputado. As ações, vivências e viagens pelos municípios sergipanos permitiram-lhe um contato imenso com o povo sergipano, ao ponto de em 2014 ele ter sido votado em 74 dos 75 municípios de Sergipe.

Na primeira sessão como deputado, em 2015, Luciano com a família, em especial a mãe Maria, que faleceu três meses depois

ESPOSA, FILHOS E NETOS

Foi o Banco de Habitação que também contribuiu para hoje Luciano estar casado e com família constituída. “Foi aqui em Sergipe que construí minha trajetória profissional e pessoal. Foi onde me casei e onde nasceram os meus filhos e meus netos. Conheci a minha esposa no BNH”, informa.

“Sou casado com Telma Rios Pimentel. A primeira e a única esposa. Somos casados há... Eita, se eu errar, estou lascado! Deixa ver, de 1982 para cá, são mais de 36 anos. Vi, gostei e ela se aproveitou de mim e estamos aí até hoje”, relata o deputado, aos risos.

Eles vivem muito bem. Ambos fizeram uma carreira promissora na Caixa. Luciano e Telma são pais de três filhos. “Temos a Lorena Pimentel, que é nutricionista e fisioterapeuta. Atua muito como nutricionista e é muito competente, por sinal; temos outra filha, a Adriana, que é engenheira civil; e temos o Luciano Júnior, que é advogado. Todos os três são casados e cada um deles tem um filho. São os meus três netinhos - o Yuri, o Júlio e a Maria. São meus amores junto com os filhos e a esposa”, diz.  

ASCENSÃO NO BNH

Luciano, que sempre teve o apoio da família, teve uma excelente ascensão profissional nos bancos. “Lá no BNH tinha uma norma segundo a qual você tinha que ter uma experiência de um ano para o exercício de um cargo interno. E, antes mesmo desse um ano, o presidente do BNH na época, por meio de uma portaria, nomeou-me para responder por uma área, a de FGTS. E, quando fiz um ano, saiu uma portaria onde eu respondia por uma resolução da Presidência do Banco”, relata.

“No BNH, o máximo que tinha era superintendente, gerente geral e, abaixo deles, tinha o chefe de Divisão. Eu era o chefe de Divisão. Ainda muito jovem, assumi funções importantes”, destaca Luciano. Ao logo dos anos na Caixa, a coisa também não foi diferente.

Luciano chegou a assumir o topo, na esfera estadual. “Em 1986, um decreto presidencial, determinou a incorporação do BNH à Caixa. Com essa junção, tornei-me funcionário da Caixa, onde fiquei até fevereiro de 2015, quando assumi meu mandato na Assembleia e pedi a aposentadoria. Hoje sou aposentado”, informa.

Luciano com a família - esposa, filhos e netos - na primeira sessão deste ano da Alese, em 1º de fevereiro

ROTINA PUXADA

Ao mesmo tempo em que iniciou o curso de Administração Pública, o parlamentar também começou a fazer Economia, na Faculdade de Ciências Católicas da Bahia. Contudo, não aguentou a rotina pesada.

“Cursei por um tempo, mas depois tive que abandonar Economia, por conta do tempo. Fazia os dois ao mesmo tempo e ainda trabalhava. Trabalho desde os 18 anos. Inicialmente, no Banco Econômico da Bahia. Foi o meu primeiro emprego, lá em 1977”, relata o deputado, que também trancou o curso de Administração Pública no último ano, vindo concluir em Sergipe.

Luciano tem uma longa e exitosa carreira por bancos - Banco Econômico, Banco do Estado da Bahia, Banco Nacional da Habitação - BNH - e depois Caixa Econômica Federal, na incorporação por esta ao BNH.

VINDA PARA SERGIPE

“Depois do Banco Econômico, fiz o concurso para aquele que era considerado um dos bancos que pagavam muito bem, que era o Banco do Estado da Bahia. Trabalhei lá”, informa o deputado.

Em 1980, Luciano pulou para outra instituição, o Banco Nacional de Habitação - BNH. “Surgiu um concurso e fiz, lembrando que era a nível nacional. Fui muito bem classificado”, ressalta.

Foi o BNH que oportunizou a vinda de Pimentel ainda jovenzão para Sergipe. “Quando entrei, não tinha unidade ainda em Sergipe. Mas, quando foi em 1981 foi inaugurada uma aqui, em Aracaju. Funcionava no último andar, o 14º, do Edifício Jangada”, relembra. Nesta época, ele já ocupava cargos elevados no Banco de Habitação.

Há mais de 36 anos, Luciano é casado com Telma Rios Pimentel. Eles se conheceram no Banco Nacional de Habitação

MUDANÇA PARA SALVADOR

“Eu nasci no dia 5 do agosto de 1957, em Brumado, e saí de lá entre os 12 e os 13 anos. Fui sozinho para Salvador, morar na casa de uma tia. Foi uma decisão pessoal minha. Eu tinha essa tia e um tio que tinham muita proximidade comigo”, informa.

“Mas, claro, sempre passei minhas férias em Brumado. Depois, teve uma temporada onde minha mãe também foi morar em Salvador. Porém, ela não se adaptou e acabou voltando”, revela o deputado.

Ao sair de Brumado, além dos pais, Luciano deixou para trás cinco irmãos. “Somos uma família de seis filhos, cinco homens e uma mulher. Na escala, tem minha irmã, dois homens mais velhos e dois mais novos do que eu. Então, estou no meio”, informa.  

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

Longe do convívio da família, em Salvador, Luciano concluiu o ginásio, bem como fez o antigo científico e o ensino superior - estudando Administração Pública pela Universidade Federal da Bahia - UFBA - e Economia pela Faculdade de Ciências Católicas da Bahia, contrariando os desejos dos tios.

“Meu tio era engenheiro civil. Tinha uma construtora. E o sonho dele era que eu fizesse Engenharia Civil para trabalhar com ele. Mas terminei me enveredando por outro caminho”, relembra o deputado. 

“Em Salvador, acabei fazendo Administração Pública na Universidade Federal, numa época em que o curso só existia em três universidades do Brasil - na da Bahia, na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, e na USP, em São Paulo”, explica Luciano.

Luciano com a esposa Telma e os três filhos - Lorena, Adriana e Luciano Júnior

VIDA FRENÉTICA E FELIZ

Almoço e jantar sossegados não existiam para Luciano nesta época. “Na porta do edifício em que eu trabalhava, na Avenida Estados Unidos, em Salvador, tinha um carrinho de cachorro quente. Eu já avisava ao rapaz, que preparava o cachorro e o refrigerante e me entregava quando me via. Eu entrava às 12h30 e chegava na hora. Eu comia isso subindo para o terceiro andar”, relata.

Até hoje, o deputado vive essa vida frenética. “Trabalho muito. São raríssimos os dias que chego em casa antes das 21h. Da Alese, vou nos meus negócios. E, olhe que faço ainda academia três vezes por semana”, afirma, aos risos. Sem contar que é um dos 24 parlamentares que mais se desloca para o interior em nome de compromissos políticos e comunitários.

Luciano se considera um ser humano realizado com toda esta rotina. “Não nego: sou um caro muito feliz. Tenho uma família maravilhosa. Nem posso falar que choros e reclamos... Sou extremamente feliz com a minha vida. Olho para trás e vejo aonde cheguei. Então, só tenho a agradecer a Deus”, diz, emocionado.

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