Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Pré-candidato a prefeito quer projeto de aclamação pra resgate econômico de Boquim
Compartilhar

Jorge Alves: “Não adianta ir para uma guerra, uma disputa política, e daí?”

A sucessão municipal de Boquim acaba de ganhar mais um pré-candidato a prefeito e este está mais preocupado com a gestão futura e a retomada do crescimento econômico da cidade do que com política propriamente dita. Chega a sonhar com uma aclamação que abolisse a disputa.

Trata-se de Jorge Alves, 54 anos, filiado ao DEM desde 2006, mas que nunca disputou qualquer mandato eleitoral. Ele é um pequeno produtor de acerola e comerciante do setor - compra frutas de uma maneira geral para o suprimento das indústrias da região.

Para Jorge Alves, economicamente o município de Boquim morreu a partir da década de 1990 e nenhum dos gestores que o administraram de lá pra cá foi capaz de apresentar um plano de retomada da cidade que um dia foi considerada a terra da laranja e o epicentro da economia do sul de Sergipe.

É com vontade de mudar este cenário que Jorge Alves se apresenta. “Tenho um projeto de pré-candidatura a prefeito pelo DEM. Mas nosso projeto é para se fazer diferente. Para fazer uma outra história em Boquim. Nos últimos anos a gente perdeu a citricultura, que veio à falência”, constata ele.

“Não tivemos nenhum projeto nesses 12 anos para 16 anos voltado para a agricultura. Eu entendo que a agricultura é a única maneira de a gente levantar a economia do município. É preciso fortalecer a citricultura e também a própria agricultura em outras vertentes”, diz ele.

“Essas três últimas gestões não foram capazes de fazer essa diferença. Infelizmente, as duas gestões de Pedro Barbosa, a gestão de Jean Carlos e a de Eraldo Andrade não foram voltadas para a citricultura, e fomos à falência. No Estado, a região sul hoje está pobre”, reitera.

Jorge Alves é bastante crítico do estado de inanição e de falta de vontade dos gestores de Boquim frente a questões mais estruturantes da cidade. “Quem viveu a Boquim da década de 80 e começo da de 90 viu o oásis que era a cidade e hoje chega-se a Boquim e vê a tristeza que é. Está todo mundo sem perspectiva. A cidade está pobre, pobríssima”, constata ele.

“O pior é que a gente vê a classe política de Boquim sem reação. Ela não reage aos problemas. Creio que não tem projeto. O próprio Pedro Barbosa, que agora quer voltar, passou oito anos e não conseguiu deixar um legado nessa área. Vou buscar um jeito de a gente fazer um novo diferente em Boquim”, diz.

Jorge rejeita o atual modo de se pensar gestão. “Os prefeitos hoje são muito imediatistas. Eles querem inaugurar logo uma praça, uma avenida, um equipamento público qualquer. Tudo bem: você tem que ter tudo isso daí. Mas precisa ter um projeto mais estrutural que deixe algo para as futuras gerações”, sugere Jorge.

“Acho que Pedro Barbosa já teve uma grande oportunidade. Porque na época em que ele foi prefeito pegou Marcelo Déda como governador e Lula como presidente. Ele tinha que ter aproveitado isso daí e implementado a volta da citricultura e da agricultura familiar mais forte. Não fez”, diz.

Apesar desta visão crítica em relação à classe política, Jorge Alves acha que, diante do quadro de pobreza a que chegou Boquim, a cidade mereceria um consenso geral de todos e uma aclamação de um projeto coletivo de resgate da economia. Deixando a disputa de lado.

“É porque a questão hoje aqui em Boquim não é de disputa política. Seria até bom, olha que utopia, se nós não tivéssemos nem uma eleição. Dissessem: vamos pegar esse candidato aqui, juntar todo mundo, apresentar como uma solução. Porque não estou vendo espaço para disputa política. Quem for o próximo prefeito de Boquim tem que fazer um governo de coalisão, e juntamente com o governador. E o meu não é um projeto político, mas um projeto social para a cidade”, filosofa Jorge Alves.

Claro que isso é algo difícil, hipoteticamente impossível, quando o poder está em disputa - e a cidade já tem como pré-candidatos ele mesmo, João Fontes Júnior, do Cidadania, Eraldo Andrade, pela reeleição, Pedro Barbosa, por uma parte da oposição, e Gilton de Tonho de Gileno.

O ex-prefeito Luiz Fonseca também é filiado do DEM, mas não é pré-candidato e em tese estaria no projeto de Jorge Alves. “São essas coisas que eu vejo que a sociedade de Boquim hoje clama. É por isso que falo que serei um candidato para buscar todo mundo. Vou buscar o consenso. E para quê? Para a gente dar uma reerguida no nosso município. Não adianta a gente ir para uma guerra, uma disputa política agora, para buscar o poder do município, e daí? Para oferecermos o que à sociedade?”, questiona.

Deixe seu Comentário

*Campos obrigatórios.