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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Lula pede apoio de Jackson para Marcio Macedo, mas Jackson nega e diz que vai de Edvaldo
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Lula teve a manutenção do respeito de Jackson, mas não o levou pro projeto do PT

Gostando-se ou não do ex-prefeito de Aracaju e ex-governador Jackson Barreto, MDB, ele continua sendo um grande e precioso leitor da política do Estado de Sergipe. Um divisor de águas. Um observador ativo e um opinador direto e incisivo. Um personagem levado em conta pelo povo - pelos que o amam e pelos que o odeiam, e há muitos nas duas vertentes - e pela classe política, até a de fora do Estado.

Na última quinta, as opiniões dele publicadas na nota Jackson Barreto defende vice à altura das qualidades sociais e não-reacionárias de Edvaldo, aqui nesta Coluna, surpreendeu muita gente. Não simplesmente pela defesa rasgada que faz da figura pública e do projeto de reeleição do prefeito Edvaldo Nogueira, PDT. Mas, sobretudo, por deixar patente que deve haver uma abertura, uma distensão, na busca pelo preenchimento da vaga de vice na chapa de Edvaldo.

De espécie alguma vai ser por uma gula de vice-prefeitos que nós vamos atrapalhar a pré-candidatura de Edvaldo. E é até muito complicado se falar em quadros partidários neste momento. Porque entendo que Edvaldo Nogueira e os aliados devam ter maturidade suficiente para compreender que de uma hora pra outra possa aparecer um pré-candidato a vice que nem seja algum desses que estão aí pensados”, disse ele.

Jackson Barreto falou isso numa conversa exclusiva com o titular desta Coluna na noite de segunda, dia 3. Por questões operacionais, o conteúdo só virou nota na noite de quinta, 6. Muitos leitores acharam que JB estava mirando ali uma reanexação do PT com Marcio Macedo vice de Edvaldo e outros viram a fotografia de Henri Clay Andrade na fala do velho líder - “de uma hora pra outra possa aparecer um pré-candidato a vice que nem seja algum desses que estão aí pensados”

Olhando os fatos da política de Sergipe à distância, mas informado do bom desempenho de arranjos da direita, com a unidade entre Valadares Filho, PSB, e a delegada Danielle Garcia, Cidadania, na noite de quarta-feira, dia 5, Luiz Inácio Lula da Silva taca uma ligação telefônica para Jackson Barreto. O objetivo foi literalmente pedir-lhe algo forte e precioso: “Jackson ajude Márcio Macedo, vá para a candidatura dele”.

Não rendeu, e Lula deu com os burros n’água, com toda a deferência que JB lhe tem. Diplomático, mas direto e incisivo, Jackson teria lhe negado mais ou menos com esta linguagem: “Meu presidente, você sabe que você continua sendo o meu líder neste país. Em 2022, eu estarei com você, em seu palanque pessoal, no projeto que você capitanear. Não quero apenas votar em você ou num seu indicado. Quero que você me dê tarefas nacionais e sergipanas. Nós precisamos, não tenha dúvida, é derrotar esse povo do bolsonarismo que se instalou aí. Você não tenha dúvida da minha lealdade a você e a seu projeto. Agora, eu não posso ir para a candidatura de Marcio Macedo”.

E JB, a seguir, espremeu o carnegão das razões com mais força: “E devo lhe dizer, presidente, que aqui em Sergipe foi o PT que se afastou de nós. Eu sou parte de um projeto no qual tem o governador Belivaldo Chagas, tem o prefeito Edvaldo Nogueira e onde tem muitos outros companheiros que se elegeram conosco em 2018, e desde sempre, e onde tem, ainda, parte do espólio de Marcelo Déda”.

E teve mais: “Esse bloco, presidente, é o espaço onde construímos nossa vida política em Sergipe. Nosso campo e nosso projeto são esse aí. Foi PT, presidente, que saiu e foi PT que ficou isolado. Eu não posso lhe atender nisso, presidente. E, além disso tudo, tenho um compromisso com Edvaldo Nogueira. Edvaldo faz uma administração ética, séria e produtiva. A cidade ganha com Edvaldo prefeito e a gente não pode jogar fora isso, porque nós precisamos de exemplos desses, como foram o senhor e o seu Governo no plano nacional”, reiterou Jackson.

Vendo que desse buraco não desentocaria nenhum coelho a favor de Marcio Macedo, Lula apelou: “E por que Eliane Aquino não ajuda mais? Ela é secretária aí, não é, e tem condição de fazer mais”. Eliane Aquino, PT, para quem não sabe, é a atual vice-governador de Sergipe e fora eleita em 2016 a vice-prefeita de Aracaju ao lado de Edvaldo.

Foi quando Jackson Barreto lhe interpôs informações de desalento: “Não, presidente, Eliane não é secretária. Ela indicou uma secretária. Ela não faz porque não faz mesmo. Ela não agrega, ela não organiza, ela não é orgânica”. Segundo uma preciosa fonte desta Coluna, Jackson Barreto teria aproveitado a situação e passado a Lula uma outra fotografia nada colorida do senador Rogério Carvalho, PT, que é um dos maiores fomentadores da pré-candidatura de Marcio Macedo a prefeito.

“E acho, presidente, que o senhor precisa desconfiar dos planos de Rogério Carvalho para 2022. Esse rapaz não é fácil”, teria dito JB. Ao que Lula teria lhe respondido, meio que em concordância e anuência: “Desde que Déda era vivo, ele sempre me alertava sobre esse rapaz aí em Sergipe”.

Pelo visto, não será via Jackson Barreto que Lula e o PT vão aliviar a carga de isolamento da pré-candidatura de Marcio Macedo gerada a partir da aliança entre Valadares Filho e Danielle Garcia. Essa operação obtida pela engenharia política do senador Alessandro Vieira, Cidadania, é uma quase garantia de que Marcio e o PT nessa condição terminam a eleição num sagrado terceiro lugar. E os terceiros lugares não vão aos céus dos segundos turnos.

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