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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Opinião - O neoliberalismo morreu de Covid-19
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[*] Jorge Santana

Neoliberalismo é um termo empregado em economia política desde os anos 1970 para descrever o ressurgimento de ideias derivadas do capitalismo laissez-faire. Seus defensores advogam em favor de políticas de liberalização econômica extensas, como privatizações, austeridade fiscal, desregulamentação, livre comércio e o corte de despesas governamentais a fim de reforçar o papel do setor privado na economia.

Condenado ao ostracismo depois das experiências fracassadas de Thatcher (UK) e Reagan (USA), ressurgiu com força nos últimos anos, sobretudo a partir da eleição de Trump (USA), em cuja esteira foram eleitos personagens obscuros, a exemplo de Bolsonaro. 

Somente a absoluta ausência de escrúpulos dos agentes econômicos neoliberais, focados exclusivamente em seus ganhos, justificam o patrocínio a políticos de extrema-direita, únicos dispostos a encamparem políticas antidemocráticas que abram caminho para a diretriz macroeconômica austericida.

Pois bem, eis que no auge da euforia neoliberal, com gritos e aplausos da legião de tolos que lhe seguem, aparece o novo Coronavírus, cuja virulência é tão (ou mais) intensa na economia quanto na saúde dos seres humanos.

O corona disparou o alarme, mesmo que personagens moucos como Bolsonaro insistam em não ouvir, a ponto de um dos mais importantes porta-vozes do liberalismo, o periódico inglês Financial Times, em editorial do último dia 3, ter antecipado a emissão do atestado de óbito, uma peça que deverá entrar na história, da qual extraio esse trecho - em tradução livre:

“Reformas radicais - revertendo a direção da política prevalecente - precisarão ser postas na mesa. Governos terão que aceitar um papel mais ativo na economia. Eles precisarão enxergar os serviços públicos como investimentos, ao invés de mera obrigação, e descobrir meios de tornar o mercado de trabalho menos inseguro. Redistribuição voltará para a agenda; privilégios para idosos e para os ricos devem ser ajustados. Políticas até recentemente consideradas excêntricas, como renda básica e taxação de riqueza, também serão parte da receita".

Descanse em paz, neoliberalismo, e espero que, desta vez, sem chances de voltar a ser ressuscitado.

[*] É engenheiro e empresário.

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