Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Opinião – Pai, todo o meu carinho ao senhor e reverência àqueles que se fazem mais presentes
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[*] Leandro Pereira Gomes da Silva

Este foi um dia dos pais diferente, em que todos que não moram com os seus puderam refletir quanto tempo passam realmente juntos, não é verdade?

Trago neste momento este relato, que talvez alguns e algumas aqui se identifiquem, e outros possam tomar para si como uma das coisas mais singulares e belas que tenho a oferecer: histórias sobre as pessoas, para mim, mais queridas, e que de fato me marcaram.

É o caso de não ter lembranças de, na minha infância, já na longínqua década de 90 para estes dias digitais, ter visto meu pai falar alto com a minha mãe ou mesmo perder a cabeça com seus filhos.

Não me lembro de uma situação embaraçosa que nos fizesse passar. Algo que, por não ter feito parte da minha realidade, acreditava ser o comum não fazer na dos outros. 

Por olhar só por este aspecto, poderia ser o relato de um filho de pai divorciado, ou ausente, mas fico feliz e orgulhoso que não tenha sido este o caso.

Meu pai, o senhor sempre se fez necessário, e talvez tenha sido tanto não só pela sua característica, mas algo da sua criação e que moldou os seus irmãos. 

Essa forte presença foi algo marcante, inclusive nos cuidados de meu avô para com a minha avó – na saúde e na doença mais severa. Não sei se por isso se uniram e cuidaram dele como o fizeram ainda em vida. Para mim, algo da maior importância e significado.

O que sei, e que o senhor me ensinou, é que temos sempre mais a ouvir do que a falar. E esse é um conselho que permaneço tentando seguir aqui, mesmo sendo comunicador social. 

Veja, hoje me esforço para dar a voz a outras pessoas, que não a minha própria. É parte de um compromisso desse exercício de comunicação e jornalismo diário, no encontro que tenho desse contrapeso assumido para olhar este mundo rápido e passageiro e procurar perceber mais ao nosso redor.

E lembro dos relatos do meu tio avô, seu Lió, sobre algo que meu bisavô dizia bem antes de eu nascer: "se conhece realmente uma pessoa comendo um saco de sal com ela". Acho uma analogia valiosa de um homem simples, para dizer aqui que só o tempo realmente revela o que as pessoas têm por dentro, e acredito que hoje este é o caso.

Sobre este âmago, não foi o conforto que nos moldou, e menos teve o senhor. Mas posso dizer que tivemos todo o carinho e recursos que acredito que todos deveriam poder desfrutar, em atitudes como as suas. 

E mais: dentro das possibilidades reais de um homem de origem humilde e focado em viver o presente com a família, sem abrir mão de sonhar com um futuro melhor que não sacrificasse aquilo que era mais querido na nossa relação.

Não me lembro quando, mas em um momento da vida adulta me vi passando a buscar sua aprovação. É que na minha pouca percepção, acreditei por muito tempo que não era extraordinário com suas virtudes. Mas como podia estar tão redondamente enganado e mudar a minha percepção? O senhor sempre foi a exceção, não a regra. 

Precisei amadurecer muito para perceber como realmente era quem eu sempre tive a meu lado, e que responsabilizei, como tolo que fui na minha adolescência, por irmos embora de São Paulo e me distanciar das minhas amizades de lá.

Pai, este é um relato de gratidão que faço neste dia, sobre uma relação hoje que vai além, de amizade, de cumplicidade entre pai e filho, que dinheiro nenhum poderia comprar, nem feriado algum poderia representar na sua importância diária. 

Sei que o senhor, seu José, merece muito mais, e a aprovação que busco é o seu orgulho, por sempre entregar o meu melhor, mesmo quando não fazem por onde merecer. É pensar no outro e me preocupar com o que é importante de fato.

[*] É jornalista diplomado pela Universidade Federal de Sergipe, redator freelancer e social media. Atualmente assessora os assuntos de Tecnologia da Informação do Portal JLPolítica.

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