Adriana Leite: “A baixa representatividade da mulher na política é uma conta que não fecha”

Entrevista

Jozailto Lima

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Adriana Leite: “A baixa representatividade da mulher na política é uma conta que não fecha”

“Claro que não arquivei o sonho de ser deputada estadual”
15 de março - 8h00

Entre as poucas mulheres sergipanas que ocupam de fato espaço no território político do Estado de Sergipe, profundamente demarcado pela presença masculina, está a professora e bacharela em Direito Adriana Leite, Republicanos, e vice-prefeita de Estância.

Como obviamente haveria de ocorrer a uma pessoa com esse perfil, Adriana Leite ocupa espaço e o faz por onde com suas visões, ideias e preocupações exatas em direção às pessoas e suas boas inserções na vida.

Aliás, antes de se envolver com a política grande, essa que exige filiação partidária, gera disputas eleitorais e promove algumas cotoveladas, Adriana Leite já tinha um outro foco político.

Este, a partir da sua própria formação de professora, onde sempre atuou desde mocinha, e da predicação que fez e faz na prática, e em campo, de que não há saída se não for pela formação escolar.

Desde 2004 Adriana atracou em Estância, pelo seu litoral, a zona das praias, e atraída feita mosca pelo açúcar da educação, que ainda hoje a arrebata.

“Cheguei como professora, através do processo seletivo coordenado pela professora Geovana de Oliveira Lima na região de Porto do Mato para trabalhar na Escola Luz e Vida, com o Padre Hubert Leeb e com a própria Geovana”, costuma relembrar ela.

Dali em diante nunca mais Adriana Leite desgrudou-se de Estância, e sua inserção na vida da cidade e das pessoas foi num crescendo vertiginoso.

Talvez a prova maior esteja no fato de que em outubro de 2018 nada menos do que 8.066 estancianos cravaram um voto no nome dela na disputa que empreendeu por uma vaga de deputada estadual, uma vez já tendo passado pela experiência eleitoral de disputar a Vice-Prefeitura, quando não é a dona direta do voto.

Por esses 8.066 votos ela é demasiadamente grata. “O meu conceito é o da gratidão e do muito respeito a todas as pessoas que confiaram e depositaram em mim espontaneamente a esperança de termos uma mulher, uma professora de origem humilde, como deputada na Assembleia Legislativa”, diz.

Esses 8.066 estancianos se juntaram a mais 4.946 sergipanos de todas as regiões do Estado e deram a Adriana 13.012 voos - deixando-a a apenas mil votos de botar o pé no mandato. Novamente, ela é grata ao todo da sua votação e não admite que esse montante possa ser chamado de “apenas” 13.012 votos. Jamais.

“Não vejo como “apenas”. Muito pelo contrário, são 13.012 votos conquistados espontaneamente por eleitores que acreditaram na nova política, e eu tenho muito orgulho de cada voto desse. Faltaram mil para eu ser eleita - aí, sim, “apenas”. Em tudo, dou graças a Deus”, diz.

E aqui Adriana faz um aviso do que pensa pro futuro: “Claro que não arquivei o sonho de ser deputada estadual. Almejo contribuir de forma mais ampla com a minha cidade e com o meu Estado. Evidentemente, não se ganha sempre, mas o fato de não ter conseguido no último pleito não me conduz à desistência. Ao contrário disso, continuo com a convicção de que a política precisa da garra, da sensibilidade, da responsabilidade e da perspicácia feminina - e eu me considero apta para representar a todos”, diz.

Adriana Leite chama a atenção para um detalhe nesse universo “da responsabilidade e da perspicácia feminina”. Para ela, a mulher precisa, com urgência, descer do discurso e subir na prática da ocupação de espaços políticos. Assim como ela mesma vem fazendo. Tomada por uma consciência de gênero, vê defeito nessa conta.

“As mulheres são maioria da população e do eleitorado, e no entanto estamos aquém em representatividade política. Eu digo que no mínimo temos uma democracia fragilizada. A baixa representatividade da mulher na política é uma conta que não bate e não fecha. Cadê as mulheres nas Assembleias Legislativas, no Senado, nas prefeituras?”, fustiga ela.

Talvez os mais exasperados vejam em Adriana Leite uma mulher pública e política meramente em decorrência de um homem público e político – um dos mais vistosos de Sergipe, o ex-deputado estadual, ex-prefeito de Estância e industrial Ivan Leite, de quem ela é esposa, a quem ela admira muito, não nega pra ninguém e de quem foi secretária municipal.

Claro que Ivan Leite lhe é referência e a ajudou a estar onde se encontra. Mas ela faz por onde. Faz a parte dela. “Muito me orgulho do trabalho que realizei ali através da educação”, diz, numa referência à sua primeira hora em Porto do Mato. Ela afirma que o casal se complementa sem que haja tolhimento de um ao outro.

“Ivan não me cerceia em nada. Como todo casal, divergimos em alguns pontos e isso se dá pelas personalidades fortes de ambos. Por exemplo, sou mais explosiva, e em algumas situações ele me faz refletir a não reagir de bate-pronto ao que está me incomodando e vice-versa. O tempo deu-lhe resiliência”, constata.

Nesta Entrevista, por exemplo, Adriana Leite exercita bem “o refletir” e o “não reagir de bate-pronto” frente à relação com o prefeito Gilson Andrade. O prefeito, ela e Ivan vivem uma desengraçada e açucarada queda de braços na demarcação de poderes. Mas Adriana dá de ombros e tira por menos.

Em vez de fogo, ela é claramente propensa a jogar água fria na fervura dessa relação. Diz apenas “desconhecer” os “porquês” desse tratamento recebido, e retrai qualquer perspectiva de crítica e de censura ao parceiro de gestão, desativando o gato e o rato envolvidos nessa refrega.

Extrovertida, simpática, mas sem afetação, Adriana Oliveira Santos Leite nasceu em Aracaju no dia 18 de outubro de 1975 - não é do tipo que esconde a idade. É filha primogênita do casal Washington Alcino dos Santos e Nailda Oliveira Santos e tem mais quatro irmãos.

Iniciou muito cedo a vida trabalhista. Aos 14 anos, já ajudava ao pai numa farmácia da família. Como sempre gostou de estudar, principalmente inglês, com 17 anos já ensinava a língua de William Shakespeare em várias escolas particulares de Aracaju e de Nossa do Socorro.

O industrial Jorge Leite, seu sogro, foi lá prestigiar o matrimônio dela com o seu filho
Adriana Oliveira Santos Leite nasceu em Aracaju no dia 18 de outubro de 1975

DOS ESPAÇOS QUE LHE CABEM NO GOVERNO DE ESTÂNCIA
“Tenho cumprido a função de vice-prefeita com a discrição e a serenidade que o cargo exige, pois é evidente que nenhum vice consegue fazer tudo o que deseja”

JLPolítica - Qual é o sentimento que a senhora tem da atuação de vice-prefeita ao lado de Gilson Andrade nestes 36 meses?
AL -
Tenho cumprido a função de vice-prefeita com a discrição e a serenidade que o cargo exige, pois é evidente que nenhum vice consegue fazer tudo o que deseja.

JLPolítica - A senhora teria um justificativa plausível para o fato de não lhe ter sido dado um espaço mais ativo no governo municipal? 
AL -
Desconheço os porquês.

JLPolítica – Se houver uma dissidência de fato em relação a Gilson, o nome a disputar a Prefeitura deve ser o seu ou o do seu esposo Ivan Leite?
AL -
Deus proverá...

JLPolítica – A senhora descarta algum de aliança com o ex-prefeito Carlos Magno?
AL -
Não tem sido objeto de análise essa possibilidade.

É filha primogênita do casal Washington Alcino dos Santos e Nailda Oliveira Santos e tem mais quatro irmãos

DANDO GRAÇAS PELOS 13.012 VOTOS OBTIDOS NO ESTADO
“Não vejo como “apenas”. Muito pelo contrário, são 13.012 votos conquistados espontaneamente por eleitores que acreditaram na nova política, e eu tenho muito orgulho de cada voto desse. Faltaram mil para eu ser eleita - aí, sim, “apenas”. Em tudo, dou graças a Deus”

JLPolítica – Qual é o seu sentimento diante dos apenas 13.012 votos obtidos no Estado inteiro?
AL -
Não vejo como “apenas”. Muito pelo contrário, são 13.012 votos conquistados espontaneamente por eleitores que acreditaram na nova política, e eu tenho muito orgulho de cada voto desse. Faltaram mil para eu ser eleita – aí, sim, “apenas”. Em tudo, dou graças a Deus.

JLPolítica – Em síntese, o que faltou para que os sergipanos compreendessem sua mensagem e lhe garantissem mandato de deputada estadual? 
AL -
Apenas os mil votos a mais...

JLPolítica - A senhora não acha que Ivan Leite usou pouco o poder da liderança dele nas demais regiões de Sergipe para lhe ajudar? 
AL -
Como Ivan era candidato a vice-governador na mesma eleição, ficou muito envolvido na campanha de governador, respeitando as campanhas dos demais deputados estaduais da coligação e isto de certa forma atrapalhou que ele pudesse ter uma maior dedicação a minha campanha, conforme ele próprio me explicava durante o processo, e eu entendia. O poder de liderança que usamos foi o de trabalho prestado, da campanha olho no olho. Se nossa mensagem não alcançou desta feita o número de votos necessário, poderá vir alcançá-los em outras. Gostaria de lembrar que está foi minha primeira candidatura de deputada estadual.

JLPolítica - Ainda a propósito da sua candidatura a deputada estadual, a senhora considera que houve corpo mole do prefeito Gilson Andrade em favor da sua campanha? 
AL -
Gilson Andrade poderia ter se esforçado mais, e ele sabe disso. Só o fato de ter liberado secretários municipais para votar em outro candidato, sendo eu a candidata a deputada estadual “dele”, já é um indício de, no mínimo, pouca boa vontade para comigo. Até hoje não entendo o que passou pela cabeça dele. Uma vez que voto é soma, quem comigo não ajunta, aparta.

Foi exatamente o magistério que colocou Estância no seu destino

DO PESO POLÍTICO DE IVAN LEITE EM ESTÂNCIA
“Ivan Leite é um divisor de águas: há uma Estância antes e depois de Ivan. De um município em caos para o progresso. A começar pelo marco de ter sido até hoje na história de Estância o único prefeito reeleito, somando 19.047 votos no segundo pleito, praticamente o dobro de votos da primeira campanha. Ivan encontrou o município quebrado e cheio de dívidas”

JLPolítica – E com Márcio Souza, do PSOL?  
AL -
Apesar do partido PSOL, Ivan Leite tem uma boa relação com Márcio Souza, o que não impossibilitaria ele apoiá-lo.

JLPolítica - Que tipo de memória teria ainda o estanciano de Ivan Leite prefeito de há 8 anos?
AL -
Ivan Leite é um divisor de águas: há uma Estância antes e depois de Ivan. De um município em caos para o progresso. A começar pelo marco de ter sido até hoje na história de Estância o único prefeito reeleito, somando 19.047 votos no segundo pleito, praticamente o dobro de votos da primeira campanha.

JLPolítica - Em 2005, como fruto da eleição de 2005, ele recebe uma Estância administrativamente saneada?
AL -
Jamais. Ivan encontrou o município quebrado e cheio de dívidas. Mas organizou as finanças com competência e seriedade com o erário e fez a cidade entrar nos rumos do progresso. Graças a Ivan, Estância multiplicou a arrecadação de ICMS através da implantação de fábricas como Crown, IVN, Famossul, Atual Textil, CIT - Companhia Industrial Textil) e outras. Na saúde, Ivan fez um grande diferencial: implantou cinco novos postos de saúde, conquistou a construção do Hospital Regional Jessé Fontes, ampliou o número de médicos, dentistas e enfermeiros e outros profissionais de saúde através de concurso público e adquiriu mais de 10 ambulâncias para o município. E, por fim, para não dizer que não falei das flores, e minha flor preferida é a educação, Ivan conquistou a implantação do Instituto Federal de Sergipe para Estância com vários técnicos profissionalizantes e o primeiro curso de nível superior em uma escola pública federal e gratuita, que é o curso de Engenharia Civil.

JLPolítica - Qual é o seu conceito dos 8.066 de votos obtidos entre os estancianos pela senhora como candidata a deputada estadual em 2018?
AL -
O meu conceito é o da gratidão e do muito respeito a todas as pessoas que confiaram e depositaram em mim espontaneamente a esperança de termos uma mulher, uma professora de origem humilde, como deputada na Assembleia Legislativa.  

Estudou o ensino médio no Colégio Estadual Atheneu Sergipense e fez Letras na Universidade Federal de Sergipe e Direito na Universidade Tiradentes

DO CORPO MOLE DE GILSON NA CANDIDATURA DELA A ALESE
“Gilson Andrade poderia ter se esforçado mais, e ele sabe disso. Só o fato de ter liberado secretários municipais para votar em outro candidato, sendo eu a candidata a deputada estadual “dele”, já é um indício de pouca boa vontade para comigo. Até hoje não entendo o que passou pela cabeça dele”

JLPolítica - Quem mais perde com o fato de uma cidade com o porte de Estância não ter uma representatividade na Alese?
AL –
É Estância que mais perdeu e perde, infelizmente. Carrego comigo o sentimento de combater o bom combate, tenho a coragem e a disposição para trabalhar pelo bem da coletividade mas, infelizmente, em época de campanha alguns olham apenas para seus projetos pessoais e imediatos.

JLPolítica - A senhora arquivou o sonho de ser deputada estadual ou tentará em outra ocasião?
AL -
Claro que não arquivei o sonho de ser deputada estadual. Almejo contribuir de forma mais ampla com a minha cidade e com o meu Estado. Evidentemente, não se ganha sempre, mas o fato de não ter conseguido no último pleito não me conduz à desistência. Ao contrário disso, continuo com a convicção de que a política precisa da garra, da sensibilidade, da responsabilidade e da perspicácia feminina - e eu me considero apta para representar a todos.

JLPolítica - A senhora está há quanto tempo vivenciando as realidades do município de Estância?
AL -
Há mais de 15 anos. Para quem não sabe, cheguei em Estância como professora para lecionar na Escola Luz e Vida, situada na região das praias e lá, não tenha dúvidas, foi um laboratório social. Ali vi de perto as necessidades do povo estanciano em sua raiz.

JLPolítica - Qual o conceito que a senhora tem do trabalho que fez ali?
AL -
Muito me orgulho do trabalho que realizei ali através da educação. Quantas vezes tive oportunidade de introduzir lições de vida para que aqueles adolescentes aumentassem suas perspectivas e mudassem a realidade em que viviam! Atualmente encontro ex-alunos que agarraram os livros, não desistiram dos saberes e são professores, administradores, músicos, prosperaram. Outro dia postei uma foto de #tbt (foto antiga) em minha rede social e um ex aluno me disse: “Professora, a senhora me ensinou a ser gente”, saudosamente lembrando das minhas aulas que, segundo ele, eram rígidas. Isso não tem preço. O sentimento de ter contribuído, alcançado os jovens, é muito gratificante. Estância precisa avançar, e tudo passa pela educação.

Deseja, mas não assegura que ela e Ivan Leite continuam caminhando, politicamente, com o prefeito Gilson Andrade

APORTA EM ESTÂNCIA PELOS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO
“Para quem não sabe, cheguei em Estância como professora para lecionar na Escola Luz e Vida, situada na região das praias e lá, não tenha dúvidas, foi um laboratório social. Ali vi de perto as necessidades do povo estanciano em sua raiz. Muito me orgulho do trabalho que realizei ali através da educação”

JLPolítica - O que de real deve ser feito para sair do discurso e vir para a prática com a necessidade de a mulher ter mais espaço na política? 
AL -
Você disse bem: sair do discurso. Fala-se tanto, mas na hora do voto temos números mínimos de sufrágios em favor das mulheres. Embora já tenhamos avançado, sigo com o pensamento de que somos boicotadas em todo o processo. Especialmente se a mulher se destaca e mostra potencial, alguns não suportam e querem puxar o tapete.

JLPolítica - Para a senhora, o que explica que, entre 15 parlamentares da Câmara Municipal de Estância, apenas uma seja do sexo feminino, na pessoa de Chica do Fato? 
AL -
Não há explicação para que isso ocorra. Poderia aqui fazer vários questionamentos, mas seria repetitiva. As mulheres são maioria da população e do eleitorado, e no entanto estamos aquém em representatividade política. Eu digo que no mínimo temos uma democracia fragilizada. A baixa representatividade da mulher na política é uma conta que não bate e não fecha. Cadê as mulheres nas Assembleias Legislativas, no Senado, nas prefeituras? Aqui em Estância, após longos anos sem representantes mulheres, Chica do Fato tem sido a voz feminina na Câmara, e tem desempenhado muito bem a função de vereadora. Para ela, meus aplausos.

JLPolítica - Como educadora, incomoda a senhora os rumos na esfera da Educação pública?
AL -
Se tem algo que me preocupa nessa nova geração é a precocidade sensual instalada nas crianças através de músicas e danças de adultos. Em reunião com a Secretaria de Educação, solicitei que fizéssemos uma conscientização no sentido de que em nossos eventos escolares a trilha sonora fosse de canções infantis, que nossas crianças adquirissem o hábito de ouvir músicas para sua faixa etária e não os baladões e funks. Que deixemos isso para quando eles crescerem. Parece uma atitude simples, mas faço questão de fazer esse alerta aos pais em todos os eventos em que participo. Preservemos a inocência de nossas crianças. Tenho recebido feedback positivo de muitos pais. Infelizmente somos um país marcado também pela exploração e pelo abuso sexual de crianças, e o que pudermos fazer para lutar contra isso, faremos.

JLPolítica - No aspecto geral, qual é o seu conceito para a Educação pública praticada no Brasil? 
AL -
Fui aluna de duas excelentes instituições educacionais públicas - estudei no Atheneu Sergipense e na Universidade Federal de Sergipe. As lembranças são as melhores possíveis, com professores comprometidos, ordem e respeito mútuos.

O sonho de ocupar uma das 24 cadeiras da Alese continua em campo

PELOS ESPAÇOS POLÍTICOS, MULHERES SERGIPANAS UNI-VOS!
“A baixa representatividade da mulher na política é uma conta que não bate e não fecha. As mulheres são maioria da população e do eleitorado, e no entanto estamos aquém em representatividade política. Eu digo que no mínimo temos uma democracia fragilizada. Cadê as mulheres nas Assembleias Legislativas, no Senado, nas prefeituras?”

JLPolítica – Mas algo mudou aí para pior? 
AL -
Muito me preocupa o viés “libertário” que adentrou nossas escolas. Olhando bem de perto os relatos, por exemplo, há professores com medo de alunos em sala de aula, fora as notícias horríveis mostradas pela mídia. Ocupamos a 88ª posição no ranking mundial de educação, e isso é péssimo.

JLPolítica – O que fazer, então? 
AL -
Para mim, o sistema educacional eficiente consiste em capacitar os alunos para no futuro diminuir a pobreza, promover inclusão social, fomentar a prosperidade e formar bons cidadãos. É tempo de refletirmos - governo, sociedade civil. Há urgência em encontrarmos alternativa pedagógica, comportamental que nos ajude a resgatar valores em nossas crianças e adolescentes. Ver aonde falhamos, fazermos a mea culpa e construirmos novos rumos.

JLPolítica – Qual é a sua visão da ideia da escola cívico-militar que surge agora no âmbito do Governo de Jair Bolsonaro?
AL -
Vejo na escola cívico-militar mais uma alternativa positiva de mudança. Por que, não? Entre as escolas particulares, há as adventistas, católicas, Batista, bem como outras escolas com perfis mais conservadores e com diversas modalidades pedagógicas. Por que não oferecer aos pais que não têm recursos para colocar seus filhos em escolas particulares dentro da orientação de sua preferência mais uma opção que privilegie a ordem e o civismo? Daria a estes pais mais uma opção de escolha.

JLPolítica - A senhora se dá por satisfeita com os rumos político e econômico do Brasil sob o Governo de Jair Bolsonaro nestes últimos 15 meses? 
AL -
É evidente o desejo dele e da sua equipe de fazer mudanças que tirem o Brasil do nível de desemprego em que o encontrou, como também o baixo crescimento do PIB apresentado nos últimos anos. Esses 15 meses são muito pouco tempo para que os resultados possam ser avaliados. Mas é claro que torço e oro pelo sucesso dele, que será o sucesso do Brasil.

Entende que existe uma Estância antes e depois do seu companheiro Ivan Leite

SENSUALIZAR AS CRIANÇAS É ALGO PREOCUPANTE
“Se tem algo que me preocupa nessa nova geração é a precocidade sensual instalada nas crianças através de músicas e danças de adultos. Em reunião com a Secretaria de Educação, solicitei que fizéssemos uma conscientização no sentido de que em nossos eventos escolares a trilha sonora fosse de canções infantis e não os baladões e funks. Muito me preocupa o viés “libertário” que adentrou nossas escolas”

JLPolítica – Que tipo de preocupação lhe causa a extrema polarização esquerda X direita que entrou em pauta no Brasil a partir de 2018?
AL -
Causa-me a preocupação de que esta conduta acirre a divisão, emperrando o país. O povo cansou de ideologias, de teorias bonitas em discurso e na prática, a corrupção.

JLPolítica - O que a sociedade quer hoje?
AL -
Vejo um novo horizonte, um modus operandi desgarrado de troca de favores e de chantagem entre Executivo e Congresso. O cidadão que está na ponta, que precisa utilizar o hospital, a escola pública, é quem sabe na pele como nosso país vinha ou “não” vinha sendo administrado. Quem estava acostumado aos vícios não quer largar, e isso está atrasando o Brasil. Torço muito para que nos dispamos de hipocrisias e lutemos juntos pela nossa pátria. Que todos nós nos vistamos do espírito de nação que há em cada um e, independentemente de gostar do governo ou não, faça a sua parte para o Brasil crescer.

JLPolítica - Até que ponto Ivan Leite, com a sua experiência política, garante liberdade para as ações da senhora nessa área?
AL -
Ivan não me cerceia em nada. Como todo casal, divergimos em alguns pontos e isso se dá pelas personalidades fortes de ambos. Por exemplo, sou mais explosiva, e em algumas situações ele me faz refletir a não reagir de bate-pronto ao que está me incomodando e vice-versa. O tempo deu-lhe resiliência, e as vezes quero que ele reaja de forma explosiva. Por exemplo, ele é flamenguista e eu sou vascaína. Mas a exposição pública requer equilíbrio sempre.

JLPolítica - Quais são as áreas sociais mais carentes num município do porte de Estância?
AL -
Como medida de efeito rápido, a geração de emprego viabilizaria o atendimento de várias das carências sociais. Por isso entendo ser um aspecto prioritário. Aflige-me, como vice-prefeita, receber inúmeros pedidos de emprego feitos por homens e mulheres aptos e capazes para trabalhar sem que eu possa resolver de bate-pronto. Vale ressaltar a enorme atuação do ex-prefeito Ivan Leite na atração de indústria com a consequente geração de empregos em vários segmentos.

JLPolítica - Preocupam-lhe algumas restrições do Ministério Público e do Poder Judiciário às atividades turística e imobiliária em Estância, sobretudo na região praieira?
AL -
Sem dúvida que sim. Mas ressalto que estas restrições não são criadas originalmente nem pelo Ministério Público nem pelo Judiciário, e sim por legislações de uso e ocupação de solo com clareza suficiente que impeçam este tipo de ocorrência. Por que no vizinho Mangue Seco, do município de Jandaíra, Bahia, são executadas diversas obras em áreas semelhantes a do povoado Saco, enquanto que nas Praias do Saco, Abais e Caueira existem impedimentos por sentença judicial? Tenho a esperança de que sejam encontrados meios de viabilizar o aproveitamento do nosso gigantesco potencial turístico em convivência harmônica com o meio ambiente.

Entusiasta, entende que as mulheres precisam caminhar políticamente
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