André Moura: “Como líder, faço meu trabalho. Mostro resultados e eficiência”

Entrevista

Jozailto Lima

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André Moura: “Como líder, faço meu trabalho. Mostro resultados e eficiência”

Publicado 25 de mar 20h00 - 2017

Em segundo mandato de deputado federal, André Moura, PSC, consegue ser, depois dos petistas Marcelo Déda e de José Eduardo Dutra, o político sergipano de maior projeção contemporânea no Congresso Nacional.

Depois de ter sido “demitido” por telefone, num final de semana, pelo presidente Michel Temer, PMDB, do posto de líder do Governo na Câmara, André foi reconduzido, triunfalmente, menos de uma semana depois, pelo próprio Temer, à liderança do Governo no Congresso. Com atribuições, logicamente, bem maiores.

André sabe o peso do papel que cumpre, tem boa teoria para justificar ter chegado lá e se diz confortável e seguro ao desempenhá-lo. “A mudança ocorreu pela confiança adquirida junto a presidente Michel Temer em função dos resultados positivos que alcançamos durante todo ano 2016”, diz ele.

“Conseguimos aprovar todas as matérias propostas pelo Governo. Matérias de interesse do País, algumas polêmicas e que repousavam ali há muitos anos. A minha escolha foi, portanto, uma decisão pessoal do presidente da República, lógico que ouvindo a opinião dos ministros do núcleo político, dos quais, hoje, também tenho a confiança”, diz.

É líder e fiel ao Governo Temer
Foi reconduzido, triunfalmente, menos de uma semana depois, pelo próprio Temer, à liderança do Governo no Congresso.

JLPolítica – Que fatos o levaram à mudança de gradação de liderança, da do Governo na Câmara para a do Governo no Congresso? Qual a diferença de uma para outra? Quais são as áreas de suas atribuições neste novo papel?
André Moura – 
Antes de mais nada, parabéns pela coluna Aparte aqui neste portal, já muito comentada nos meios políticos. Quanto à mudança, ocorreu, primeiramente, pela confiança adquirida junto a presidente Michel Temer em função dos resultados positivos que alcançamos durante todo ano 2016. Um ano, aliás, bastante difícil, turbulento, no qual se iniciou uma nova gestão após um processo de impeachment e, mesmo assim, conseguimos aprovar todas as matérias propostas pelo Governo. Matérias de interesse do País, algumas polêmicas e que repousavam ali há muitos anos. A minha escolha foi, portanto, uma decisão pessoal do presidente da República, lógico que ouvindo a opinião dos ministros do núcleo político, dos quais, hoje, também tenho a confiança. Em resumo, foi um reconhecimento pelo nosso trabalho durante o exercício da liderança do governo na Câmara Federal. A grande diferença desta nova função, por óbvio, se dá pela sua abrangência, afinal você trabalha com as duas Casas – Câmara e Senado. Quanto às atribuições, além do papel regimental de cuidar das medidas provisórias, dos vetos presidenciais e das PECs, o líder do Governo no Congresso Nacional coordena o Orçamento Geral da União, a apresentação de emendas e trata diretamente com os ministérios da Fazenda, do Planejamento e com a Casa Civil. Ainda tenho outras atribuições designadas pelo presidente, como a de acompanhar as matérias de interesse do Governo e buscar a aprovação delas nas duas Casas, ouvindo ambas as partes.

JLPolítica – O que Michel Temer viu na sua pessoa política para lhe dar tanto espaço assim no Governo dele?
AM –
 Creio que essa escolha decorra dos resultados positivos obtidos em todas as votações no ano passado, como eu já disse. Foi um processo no qual fui adquirindo a confiança do presidente e dos ministros. Inclusive, ao me nomear líder do Congresso Nacional, o presidente quebrou uma tradição de anos. Essa liderança sempre foi delegada a um senador, mas o presidente Michel Temer optou por escolher um deputado para o cargo, prova da confiança dele em minha pessoa e, acima de tudo, de reconhecimento na eficiência do trabalho realizado por mim na liderança da Câmara.

RENAN CALHEIROS
"O senador alagoano tem posição contrária a muitas das indicações feitas pelo presidente Michel Temer. Ele, por exemplo, também criticou a nomeação do deputado Aguinaldo Ribeiro para líder do Governo na Câmara e do deputado Osmar Serraglio para ministro da Justiça"

JLPolítica – É verdade que os senadores Eunício Oliveira e Renan Calheiros reagiram à sua indicação?
AM – 
Não, o senador Eunício Oliveira desde o primeiro momento apoiou a minha indicação. Nós já estivemos juntos em outras oportunidades. Não há nenhum problema entre nós. Já o senador alagoano tem posição contrária a muitas das indicações feitas pelo presidente Michel Temer. Ele, por exemplo, também criticou a nomeação do deputado Aguinaldo Ribeiro para líder do Governo na Câmara e do deputado Osmar Serraglio para ministro da Justiça. Enfim, é a opinião dele, que pode concordar ou discordar. Eu continuo fazendo o meu trabalho, mostrando resultados e mantendo a eficiência. Continuo ajudando nas votações, nas aprovações das matérias de interesse do governo. Convenhamos, nem Deus consegue agradar a todos, quanto mais eu, um simples mortal. No mais, tenho visitado os senadores e sou recebido com simpatia por todos eles. Tenho obtido sucesso na unificação da base governamental, na Câmara e no Senado. E isso é o que de fato importa: alcançar os resultados que o presidente e país esperam.

JLPolítica – Com um olhar real, em que o senhor acha que vai dar o Governo Temer? Em 20 meses que lhe restam, ele pode mudar o rumo da bagunça política e econômica em que vive o Brasil?
AM – 
Pode sim, e eu acredito que ele vai conseguir. Mas não é algo simples de fazer. Durante 13 anos o país viveu sob os desmandos políticos e econômicos do PT. Colocá-lo de volta aos trilhos demanda tempo. Não será da noite para o dia que sairemos da maior crise política e econômica de toda a nossa história, mas o presidente é um homem determinado, tem visão de estadista e, para nossa satisfação, a economia já apresenta números melhores. A produção industrial, por exemplo, cresceu 2,3% em dezembro, diminuindo a perda do ano passado. A inflação está no caminho da meta de 4,5%, a Bolsa subiu forte em janeiro e fevereiro, e o dólar recuou. Sem dúvida, 2017 deve ser o ano em que sairemos da recessão. A indústria deve terminar o ano com alta de 1%, após três anos de quedas fortes. Os indicadores de confiança estão melhorando: cerca de R$ 8 bilhões de investidores estrangeiros entraram na Bolsa já neste ano. Essa retomada da economia cria folga para o governo administrar melhor as contas públicas e ampliar os investimentos em infraestrutura, principal entrave para o crescimento sustentável do país. Então, a missão é difícil, mas com muito esforço e muita determinação, estamos conseguindo vencer os desafios.

André Luis Dantas Ferreira é relativamente jovem. Acabou de fazer 45 anos

JLPolítica – A reforma da Previdência pode desgastar mais e mais a Michel Temer? Qual é o seu conceito dela? Quais seriam, sob seu ponto de vista, os defeitos dessa reforma?
AM –
 A reforma é fundamental para o futuro da Nação. A Previdência está deficitária e chegou num ponto que o país não aguenta mais. O rombo deste ano pode chegar a R$ 300 bilhões, isso em decorrência de questões socioeconômicas – a alta taxa de desemprego, por exemplo – e também em função de questões demográficas, como o envelhecimento da população, aumento da longevidade e a queda da natalidade. A projeção é clara: ou se aprova a reforma da Previdência ou o sistema estará falido em 2024. Isso prejudicará os atuais aposentados e pensionistas e, também, as gerações futuras. O Brasil não suporta mais o sistema atual. Por ser uma matéria polêmica, difícil, que mexe diretamente com a vida das pessoas, ela traz desgastes. Na minha visão, as mudanças precisam ser melhor explicadas. A reforma não é tão dura como estão apresentando e, acima de tudo, ela se faz necessária. O governo não iria propor uma mudança tão abrangente simplesmente por querer fazer. Propôs porque ela é fundamental. O problema é que as pessoas acham que o governo nunca quebra. Esta, no entanto, é a nossa realidade. Muito pior do que a reforma será ter um sistema falido, como já aconteceu em outros países, como a Grécia, e como ocorre neste exato momento com o Estado do Rio do Janeiro, por exemplo. Ou seja, não é imposição. É necessidade mesmo.

JLPolítica – O senhor se arrepende de tanta e tamanha proximidade que teve com o ex-deputado Eduardo Cunha?
AM – 
Não tenho motivos para me arrepender de nada. A minha proximidade com o ex-deputado era institucional. Ele, presidente da Casa; eu, deputado. Aliás, todos os parlamentares tinham algum tipo de relação com Eduardo Cunha. Entretanto, é inegável que eu fui muito prestigiado na gestão dele por ter sido designado relator das principais matérias votadas à época, como o novo Pacto Federativo, a reforma tributária e a redução da maioridade penal, temas muito importantes para toda a sociedade brasileira. Fui prestigiado, sim, mas no cumprimento do meu papel parlamentar. Não tive outras ligações com Eduardo Cunha e, reafirmo, todas elas foram de cunho institucional.

A LIDERANÇA
“Quanto às atribuições, além do papel regimental de cuidar das Medidas Provisórias, dos vetos presidenciais e das PECs, o líder coordena o Orçamento Geral da União, a apresentação de emendas e trata diretamente com os ministérios da Fazenda, do Planejamento e com a Casa Civil”

JLPolítica – A audiência que o governador Jackson Barreto lhe pediu, e aconteceu, para tratar do Canal de Xingó, pode resultar em algo concreto ou ficará apenas em mais um blábláblá político?
AM –
 Na visita do governador, tratamos do Canal de Xingó e de outros assuntos do interesse de Sergipe. Sobre o Canal, estamos trabalhando para tirá-lo definitivamente do papel. O blábláblá ocorreu com outros políticos, que nada fizeram no passado para, sequer, licitar o projeto. Agora, os recursos para a elaboração do projeto já estão sendo buscados, para que possamos, finalmente, avançar para a etapa de construção da obra. A bancada federal está unida em torno desse projeto, e de outros que beneficiarão a todos os sergipanos. Com o tempo necessário, iremos avançar e entregar para a população muitos outros resultados positivos, que ela espera há tantos anos.

JLPolítica – Deputado, qual é a verdade que o senhor pode revelar sobre este assédio da Executiva Nacional do PMDB à sua pessoa, no sentido de que assuma o partido em Sergipe?
AM –
 São especulações, para não dizer, fofocas. Na verdade, tenho uma excelente relação com a Executiva Nacional do PMDB, mas o que eu posso garantir é que não tenho planejamento político de sair do PSC para nenhum outro partido. Nem agora e nem no futuro.

Em 2006, se fez deputado estadual com a maior votação do Estado, e em 2010 e 2014 apanhou o passaporte para Brasília

LPolítica – Deputado, procede, ou é ilusão, a impressão de que com seu arrebatamento por Brasília, pelo mandato e pela liderança que lhe é atribuída, o senhor tenha deixado um pouco de lado as tratativas locais e sergipanas?
AM –
 Muito pelo contrário. Eu tenho dado ênfase ainda maior às tratativas das questões sergipanas e obtido resultados extremamente positivos para nosso Estado. Sergipe tem sido a prioridade número um do meu mandato. Liberamos milhões e milhões de reais na forma de obras e convênios para os municípios sergipanos só no ano passado, e neste ano estamos trabalhando – e conseguindo – a liberação de recursos que vão presentear os sergipanos com a retomada das obras de duplicação da BR-101, de ampliação da pista do aeroporto de Aracaju, para a abertura de novas unidades do INSS em vários municípios do Estado, além de garantir a venda do milho da Conab por um preço mínimo ao produtor sergipano, entre outras ações.

JLPolítica – O seu projeto é de reeleição ou tenta o Senado?
AM –
 Hoje, trabalho focado na minha reeleição, mas não descarto a possibilidade de uma outra candidatura, desde que seja fruto de uma discussão em grupo, observando a vontade do povo sergipano

EDUARDO CUNHA
“Não tenho motivos para me arrepender de nada. A minha proximidade com o ex-deputado Eduardo Cunha era institucional. Ele, presidente da Casa; eu, deputado. Aliás, todos os parlamentares tinham algum tipo de relação com ele”

JLPolítica – Quem, entre Eduardo Amorim e Antônio Carlos Valadares, deve disputar o Governo do Estado pelo seu bloco?
AM –
 É uma decisão a ser tomada em grupo. No momento certo, todos decidiremos qual o melhor nome. Eu farei a defesa do nome do senador Eduardo Amorim, por considerar que ele reúne as melhores condições. Mas, não descarto o nome do senador Antônio Carlos Valadares. Sem dúvidas, pela sua biografia, ele tem condições de também ser o nosso candidato.

JLPolítica – Deputado, esta é uma mácula que a turma mais à esquerda tenta vender de Sergipe para resto do Brasil contra a sua pessoa: o senhor atentou alguma vez, ou mandou atentar, contra a vida pessoal do ex-prefeito de Pirambu, seu ex-aliado Juarez Batista?
AM – 
Sou vítima da maior campanha de difamação que um homem público já sofreu em Sergipe. Não conheço outro político que, mesmo dedicado a trabalhar pelo seu povo e pelo crescimento do seu Estado, enfrente uma ação de guerrilha, promovida especialmente por militantes de esquerda, conforme você mesmo identificou, notadamente os ligados ao PT e ao PC do B. Essa acusação já foi desmentida à Justiça até mesmo por quem a fez, em depoimento à Polícia Federal no ano retrasado. Mesmo assim, essa campanha de detratação ignora esses fatos. Ignora a verdade. Mas, como confio na justiça de Deus e na Justiça do nosso país, entendo que, ao final, serei inocentado, até porque jamais atentaria contra a vida de qualquer pessoa. Quem me conhece, sabe disso.

Em segundo mandato de deputado federal, André Moura, PSC, consegue ser, depois dos petistas Marcelo Déda e de José Eduardo Dutra, o político sergipano de maior projeção contemporânea no Congresso Nacional.
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