Reynaldo Nunes: “Quadro para o Senado nunca esteve tão embolado”

Entrevista

Tatianne Santos Melo

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Reynaldo Nunes: “Quadro para o Senado nunca esteve tão embolado”

Publicado em 5  de outubro de  2018, 20:00h

“Sergipe é um dos Estados mais desmatados do país”

Reynaldo Nunes é engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Sergipe em 1988, mesmo ano em que entrou no Partido Verde. Portanto, há 30. Desde então, tem o meio ambiente como pauta. A primeira candidatura dele foi para a Prefeitura de Aracaju, seguidas, praticamente em todos os demais pleitos - a deputado estadual, federal e governador.

Também já foi secretário de Estado do Meio Ambiente e presidente da Adema, além de ser auditor fiscal concursado do Estado desde 1989 e de ocupar a Direção de Articulação do Ministério de Meio Ambiente, antes de se desincompatibilizar para concorrer ao Senado. Sua experiência na área dá ainda mais peso à afirmação que ele faz ao JLPolítica, de que a pauta do meio ambiente em Sergipe piorou.

“Pela minha experiência ambiental, que já se deu no âmbito local e agora no federal, eu acho que a questão em Sergipe retrocedeu”, diz Reynaldo Nunes. “Quando fui secretário, por exemplo, em 2002 – há 16 anos –, deixamos um projeto de concurso público, porque muitos quadros já naquela época estavam prestes a se aposentar, mas ainda hoje nunca houve concurso na área”, critica.

Para se ter ideia, ele foi um dos poucos candidatos que levantaram o debate sobre a situação do Rio São Francisco. “Fizeram a transposição do rio, sem terminar a revitalização, e o resultado disso é que o rio está morrendo”, avalia. Por isso, ele pretende dar andamento a um projeto do Governo Federal que visa a revitalização do Rio.

“O Novo Chico é um projeto ótimo, com ações de reflorestamento, de saneamento, que incentiva o fortalecimento da gestão ambiental nos municípios ribeirinhos, no valor de R$ 1,4 bilhão. Ele está feito, o que falta são os recursos. E um dos nossos compromissos é a reativação desse projeto”, ressalta. Mas a pauta de compromissos de Reynaldo não contempla apenas a área ambiental.

“Iremos defender que o Governo Federal seja mais enxuto, porque há uma enormidade de cargos em comissão, cerca de 30 mil a serem nomeados pelo presidente eleito. Isso é um absurdo. O Governo americano não tem nem dois mil, já o de Sergipe tem três mil, sendo que é o menor do Estado da Federação. É preciso fazer uma gestão privilegiando os funcionários de carreira, tendo os cargos em comissão apenas necessários e não como uma forma de fraudar o concurso público”, diz ele.

Reynaldo Nunes também critica o foro privilegiado e o modo como a Reforma da Previdência tem sido pensada, assim como defende o pacto federativo. “O servidor público está há seis anos aqui sem recomposição salarial, então dizer que o servidor é culpado pelo déficit da Previdência é irreal. O culpado é o desvio do dinheiro pelos governantes, que devem ser responsabilizados criminalmente e devolverem o dinheiro. Também vamos defender um novo Pacto Federativo, porque hoje 60% do que é arrecadado vai para a União; 24% para o Estados e 16% para os municípios. Isso precisa ser rediscutido para que os municípios tenham mais recursos. É preciso ter mais Brasil e menos Brasília”, completa.

PESQUISAS DEVEM VIRAR CASO DE POLÍCIA
“Se você pegar cada uma delas, dão resultados diferentes no mesmo período dependendo de quem está contratando e de quem é o interesse. Então, a pesquisa acaba tendo o papel de influenciar o voto útil, de fazer com que ele vote em quem acha que vai ganhar”

O seu PV está coligado com o DEM, de Mendonça Prado, candidato ao Governo
Reynaldo Nunes: 30 anos de PV e muitos mandatos disputados

CONTRA FORO E REFORMA DA PREVIDÊNCIA
“Vamos lutar contra, porque a Constituição diz que todos são iguais perante a Lei, então não deve haver foro privilegiado para ninguém, nem para o Judiciário, nem para o Legislativo e muito menos para governador e presidente. Vamos lutar contra a Reforma da Previdência”

JLPolítica - Como o senhor avalia a aliança que o PV fez? Ela foi proveitosa?
RN –
Foi uma aliança que nós fizemos com o DEM e o PRTB. Hoje eu sou o único candidato ao Senado e, pela falta de tempo de televisão, a aliança está sendo boa para garantir um espaço que nos dê a oportunidade de passar as propostas. Outra coisa que precisa ser denunciada é essa legislação eleitoral, que pune os pequenos partidos com essa falta de tempo na TV. Eu sempre fui um defensor de que cada partido lançasse candidatura própria, mas se o PV tivesse lançado, eu não teria tempo nem de dizer meu nome, muito menos colocar as propostas. Então, é uma legislação que privilegia os grandes partidos e obriga os pequenos a fazer coligação. Por isso nós tivemos que fazer, para dar voz e fazer com que a população conheça nossas propostas. E é uma coligação ficha limpa, uma das primeiras a ter o registro de todos os candidatos aprovado pelo TRE, não houve nenhum pedido de impugnação. E também uma coligação que não tem ninguém em mandato, são nomes novos, como a gente sempre defendeu.

JLPolítica - Segundo as pesquisas, o desempenho de Mendonça Prado está baixo. O senhor pensou que seria assim quando fez a aliança?
RN –
Vou repetir o que falei sobre as pesquisas: se você for avaliar, o desempenho de todos que não são as grandes candidaturas, também está baixo. A de Dr Emerson, por exemplo. Acho que isso não condiz com a realidade, porque o que vejo na rua é descontentamento com a classe política e como é que você está descontente e as pesquisas dizem que o povo quer votar nos mesmos políticos? Quem eu peço voto diz que não vai votar em quem já tem mandato, e as pesquisas dizem o contrário, em todas as áreas. Então, para mim, elas não condizem com a realidade. Mas infelizmente elas as vezes impulsionam o voto útil, e o cidadão que votaria em alguém sem mandato, por exemplo, muda o voto achando que a pesquisa já decidiu quem vai ser eleito. Isso está ocasionando a mesma coisa em nível nacional. Muitas pessoas são adeptas da candidatura de Marina Silva, Rede, e ela é uma das vítimas disso, e começa a perder voto. As pessoas migram para uma candidatura fruto dessas pesquisas eleitorais. 

Em 2012, tentou ser prefeito de Aracaju

MAS E O QUADRO PARA O SENADO?
“Nunca esteve tão embolado. Ninguém pode dizer que está eleito, e a maioria ainda não escolheu seus candidatos a senador. E muitos ainda nem sabem que tem um segundo voto. Essa decisão será até o dia da eleição, então o quadro pode mudar totalmente”

JLPolítica - O senhor acredita nos resultados das pesquisas até agora ou vê uma reviravolta e considera possível ser eleito senador? 
Reynaldo Nunes –
Eu sempre tive uma posição sobre as pesquisas, desde o início do pleito, de que elas deveriam ser só para consulta interna, porque dizem que a pesquisa é científica, mas se você pegar cada uma delas, dão resultados diferentes no mesmo período dependendo de quem está contratando e de quem é o interesse. Então, a pesquisa acaba tendo o papel de influenciar o voto útil, de fazer com que ele vote em quem acha que vai ganhar. E as candidaturas, principalmente as que têm menos recursos, são vítimas das pesquisas, que, para mim, são um crime eleitoral, um caso de polícia, que o TSE deveria investigar. Porque ela influencia as pessoas, e em nível nacional, estadual e municipal. Só para exemplificar: quando fui candidato a prefeito, uma pesquisa de urna de um certo semanário me colocava com 0,5% de intenções de votos, e eu tive 3% dos votos. Ou seja, não há um padrão científico, é feita para influenciar o eleitor. Mas estamos trabalhando sempre e quem vai poder dizer o resultado é a urna. O eleitor tem que ser livre para dar o voto e não ser influenciado por pesquisas eleitorais. Até a eleição, tudo pode acontecer.

JLPolítica – E especificamente para o Senado?
RN –
O quadro para o Senado em Sergipe nunca esteve tão embolado. Ninguém pode dizer que está eleito, e a maioria ainda não escolheu seus candidatos a senador. A maioria das pessoas que converso ainda não escolheu o primeiro voto para o Senado e muitos ainda nem sabem que tem um segundo voto. Essa decisão será até o dia da eleição, então o quadro pode mudar totalmente.

Mas, nacionalmente, o PV está com o Rede Sustentabilidade, de Marina Silva

PAUTAS QUE DEFENDERIA NO SENADO
“Uma das questões mais importantes é, claro, a ambiental. Nós defendemos há 30 anos esse compromisso, não começamos a falar de meio ambiente agora. Defendemos as mesmas propostas desde 88, na época da Constituição de Sergipe, foi nossa iniciativa proibir construção de usina nuclear em solo sergipano, por exemplo”

JLPolítica - Quais principais propostas o senhor defenderia no Senado?
RN -
Uma das questões mais importantes é, claro, a ambiental. Nós defendemos há 30 anos esse compromisso, não começamos a falar de meio ambiente agora. Defendemos as mesmas propostas desde 88, na época da Constituição de Sergipe, foi nossa iniciativa colocar a proibição de construção de usina nuclear em solo sergipano, por exemplo. As Secretarias, tanto a Estadual quanto a municipal, também fomos os primeiros a defender. A defesa aos animais colocamos em nossa campanha à Prefeitura de Aracaju. Mas não é só isso. Vamos lutar contra o foro privilegiado, porque a Constituição diz que todos são iguais perante a Lei, então não deve haver foro privilegiado para ninguém, nem para o Judiciário, nem para o Legislativo e muito menos para governador e presidente. Vamos lutar contra a Reforma da Previdência, da forma que está sendo colocada, penalizando o servidor público e não cobrando a dívida previdenciária das grandes empresas. O servidor público está há seis anos aqui sem recomposição salarial, então dizer que o servidor é culpado pelo déficit da Previdência é irreal. O culpado é o desvio do dinheiro pelos governantes, que devem ser responsabilizados criminalmente e devolverem o dinheiro. Também vamos defender um novo Pacto Federativo, porque hoje 60% do que é arrecadado vai para a União; 24% para o Estados e 16% para os municípios. Isso precisa ser rediscutido para que os municípios tenham mais recursos. É preciso ter mais Brasil e menos Brasília.

JLPolítica – Alguma proposta com relação aos cargos em comissão?
RN –
Sim, iremos defender que o Governo Federal seja mais enxuto, porque há uma enormidade de cargos em comissão, cerca de 30 mil a serem nomeador pelo presidente eleito. Isso é um absurdo. O Governo americano não tem nem dois mil, já o de Sergipe tem três mil, sendo que é o menor do Estado da Federação. É preciso fazer uma gestão privilegiando os funcionários de carreira, tendo os cargos em comissão apenas necessários e não como uma forma de fraudar o concurso público, que é a maneira correta para o ingresso no serviço público. O governo precisa se preocupar principalmente com saúde, segurança e educação. Propomos, inclusive, que nessas áreas seja criada carreira em nível federal. Os professores, por exemplo, seriam federalizados. Não se pode priorizar a educação sem valorizar o professor, sem um salário digno para o professor. Não se pode falar em educação sem essa melhoria salarial.

E apresentou Eduardo Jorge como o candidato à vice-presidente de Marina

DEFENDE MENOS CARGOS COMISSIONADOS
“Iremos defender que o Governo Federal seja mais enxuto, porque há uma enormidade de cargos em comissão, cerca de 30 mil a serem nomeados pelo presidente eleito. Isso é um absurdo. O Governo americano não tem nem dois mil, já o de Sergipe tem três mil”

JLPolítica - A sua interlocução com Mendonça Prado durante a campanha foi boa ou deixou a desejar?
RN –
Foi tranquila. Ambos respeitando as diferenças ideológicas dos outros partidos. Sempre deixamos claro que, dentro da coligação, temos um posicionamento político que não é o mesmo do DEM nem do PRTB. Nós temos Marina Silva como candidata e a recebemos aqui, além do Eduardo Jorge, e o DEM tem seu candidato. O PRTB também tem sua posição. Mas conversamos e nos respeitamos como membros da mesma aliança e pedimos votos para os candidatos desta aliança. Eles pedem para mim e eu peço para eles. Esse problema nós vemos em outras alianças, onde há dois candidatos ao Senado, e um vira adversário do outro. Mas esse problema nós não temos.

JLPolítica - Essa aliança PV-DEM tem futuro ou para aqui, ao cessar a eleição?
RN –
Cada aliança depende de um processo eleitoral. O processo eleitoral vigente ainda não terminou. E depois vamos entrar no processo de eleições municipais. A próxima eleição já vai contar com algumas na lei eleitoral, como a cláusula de barreira, através da qual muitos pequenos partidos vão deixar de existir. E também será proibido fazer coligação proporcional, que será permitida apenas para a majoritária. Então, a partir das eleições municipais a conjuntura será outra, e não existe nenhum projeto de aliança futura entre o PV e o DEM. Teremos a liberdade de ver essa composição municipal. 

Em 2014, tentou ser deputado estadual. Apoiou a derrotada campanha de Eduardo Amorim ao Governo

PEQUENOS PARTIDOS SÃO PREJUDICADOS
“Outra coisa que precisa ser denunciada é essa legislação eleitoral, que pune os pequenos partidos com falta de tempo na TV. Sempre fui um defensor de que cada partido lançasse candidatura própria, mas se o PV tivesse lançado, eu não teria tempo nem de dizer meu nome, muito menos colocar as propostas”

JLPolítica - Hoje o senhor para pra pensar se teria sido melhor ou não permanecer com o Rede?
RN –
Os projetos iniciais não saem exatamente como a gente quer. Havia uma proposta, e eu sempre friso que, ideologicamente e até em termos de projetos, seria até tranquilo, mas naquele momento houve uma opção de filiação de dois deputados com mandato e nosso grupo de candidatos, também com toda a liberdade, questionou a composição de uma chapa com gente já com mandato, sendo que pregávamos a renovação, e a aliança não foi adiante. Esse foi o motivo principal de não estramos juntos, infelizmente. Mas continuamos juntos na defesa da candidatura de Marina Silva e não há sequer problema com relação ao Senado, porque tanto nós quanto eles só têm uma candidatura.

JLPolítica - O senhor já foi secretário de Estado e presidente da Adema e tem a preservação do meio ambiente como pauta. Como o senhor avalia esse tema em Sergipe dentro do contexto político? 
RN –
Pela minha experiência ambiental, que já se deu no âmbito local e agora no federal, eu acho que a questão em Sergipe retrocedeu. Quando fui secretário, por exemplo, em 2002 – há 16 anos –, deixamos um projeto de concurso público, porque muitos quadros já naquela época estavam prestes a se aposentar, mas ainda hoje nunca houve concurso na área. E isso é urgente, porque os órgãos estão defasados, trabalhando mais com pessoal em cargos de comissão, o que acredito que atrapalha muito o processo de licenciamento, já que o licenciamento precisa de um quadro especifico do órgão. Outra coisa é o fortalecimento dos órgãos municipais, que foi uma iniciativa do próprio DEM em Aracaju. E outros municípios vêm fazendo isso. O Governo de Sergipe precisa apoiar o licenciamento e incentivar a criação dos órgãos municipais, além dos resíduos sólidos, porque Sergipe é um dos Estados onde ainda há lixão. Tudo isso é prioridade. E o Governo Federal também precisa ajudar. Meio ambiente tem que ser prioridade de ambos, porque a maior parte da relação do Governo Federal é com o Estado, ele ainda não tem uma interlocução direta com os municípios. Os municípios, por sua vez, para não ficarem reféns das emendas parlamentares, precisam criar projetos, porque há muitos recursos do Governo Federal, o que falta são os projetos e a gestão.

Em 2018, se vê com chances, efetivas, de conquistar vaga no Senado da República

ALIANÇA COM DEM AMPLIOU ESPAÇO NA TV
“É uma coligação ficha limpa, uma das primeiras a ter o registro de todos os candidatos aprovado pelo TRE, não houve nenhum pedido de impugnação. E também uma coligação que não tem ninguém em mandato. São nomes novos, como a gente sempre defendeu”

JLPolítica - O senhor foi um os poucos candidatos a tratar do drama da escassez de água no São Francisco. Até que ponto esse tema lhe preocupa? 
RN –
Eu fui o primeiro secretário de Meio Ambiente que trouxe recursos federais para Sergipe, na época foram mais de R$ 1 milhão para projetos ligados ao Rio São Francisco, como o reflorestamento de margens, de rios efluentes, trouxemos equipamentos para fiscalizar, mas tudo isso se perdeu com o tempo. Fizeram a transposição do rio, sem terminar a revitalização, e o resultado disso é que o rio está morrendo. E é um rio que não atinge só os ribeirinhos. A bacia do São Francisco contempla 12,5 milhões de habitantes. Só em Sergipe, são mais 1,2 milhão, incluindo Aracaju, que sobrevivem da água do São Francisco. Existe um projeto do Governo Federal, o Novo Chico, que é ótimo, com ações de reflorestamento, de saneamento, que incentiva o fortalecimento da gestão ambiental nos municípios ribeirinhos, no valor de R$ 1,4 bilhão. Ele está feito, o que falta são os recursos. E um dos nossos compromissos é a reativação desse projeto. 

JLPolítica - Qual é a correlação que o senhor faz entre o excessivo desmatamento do Brasil e a redução de recursos hídricos em todas as regiões?
RN –
Essa relação é uma coisa bem básica: se há uma região com mais árvores, o clima é totalmente diferente e o índice pluviométrico muito mais alto. E a retirada das árvores causa um outro problema, que é a desertificação. Ela também já está havendo em Sergipe. Sergipe é um dos Estados mais desmatados do país, você quase não encontra área florestal. E quando chega ao ponto de ter deserto, é difícil recuperar. É muito melhor fazer o reflorestamento dos rios.

Reynaldo Nunes e o ministro do Meio Ambiente Edson Duarte

ALIANÇA COM REDE NÃO FOI ADIANTE
“Havia uma proposta, mas naquele momento houve a filiação de dois deputados com mandato e nosso grupo de candidatos, também com toda a liberdade, questionou a composição de uma chapa com gente já com mandato. Pregávamos a renovação, e a aliança não foi adiante”

JLPolítica - Terminada a eleição, o senhor volta ao seu cargo em Brasília ou permanece em Sergipe?
RN –
Não, eu me desincompatibilizei. Quando acabar a eleição, eu vou me apresentar à Secretaria da Fazenda, porque sou auditor concursado. Vou trabalhar normalmente.

Reynaldo e a mulher, Márcia

INTERLOCUÇÃO COM MENDONÇA FOI BOA
“Sempre deixamos claro que, dentro da coligação, temos um posicionamento que não é o mesmo do DEM nem do PRTB. Nos respeitamos como membros da mesma aliança e pedimos votos para os candidatos desta aliança. Eles pedem para mim e eu peço para eles”

JLPolítica - O senhor considera justa a disparidade financeira e de espaços entre os candidatos profissionais, dos esquemões, com figuras que pensem diferentemente a condução da sociedade e da política?
RN –
Totalmente injusta. A reforma eleitoral foi feita exatamente por quem tem mandato para exatamente se manter no poder e dificultar a renovação. Os próprios recursos foram colocados desproporcionalmente para os grandes partidos e para quem já tem mandato. O tempo de televisão também é muito desproporcional. Quem é novo não tem sequer espaço para mostrar o que pensa e, para piorar, eles diminuíram o tempo da campanha, porque tem mandato acaba fazendo campanha todos os dias praticamente, enquanto quem é novo não pode nem dizer que é candidato. O período foi muito curto. Hoje a dificuldade é financeira, de espaço na televisão e de tempo de campanha. 

JLPolítica - O senhor não acha que o PV, pelo tempo que existe em Sergipe, já deveria ter uma outra performance eleitoral?
RN –
O PV já participou de vários processos eleitorais, tivemos candidaturas para prefeito, já elegemos vereadores na Capital, já tivemos deputado estadual. O problema é que uma fragilidade eleitoral, e não só no PV, no sentido de a pessoa se eleger por um partido e depois migrar para outro. Nas últimas eleições municipais, por exemplo, o PV teve 44 mil votos para vereador, elegendo 21 parlamentares e 10 primeiros-suplentes. Então nós tivemos um bom resultado. E nenhum desses saiu do partido. No Brasil, muitas vezes, valem os projetos pessoas, dissociados da ideologia do partido. Talvez eu seja exceção. Estou no mesmo partido há 30 anos e nunca vou sair. Mas eu gosto de ser exceção e o partido vai continuar pregando sua ideologia, porque isso que é importante. Mais até do que a performance eleitoral. Essa performance, aliás, depende da ideologia. Embora o processo eleitoral brasileiro vincule não são a ideologia. A compra de voto existe, vai acontecer muito na véspera desta eleição e precisa ser combatida, porque é o mal de todos os males. Se não temos dinheiro para a saúde, a educação, é por causa desse processo de corrupção eleitoral. Não vamos modificar nosso discurso em defesa do meio ambiente nem que isso nos faça perder votos.

Ao lado de Pena, presidente nacional do PV, único partido ao qual se filiou até hoje
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