Cidade inclusiva
Por Ascom | 22 de Set de 2018, 08h00
Em ato na Câmara de Vereadores, pessoas com deficiência reivindicam direitos
Sessão especial ocorreu na sexta-feira, 21, proposta do vereador Lucas Aribé
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Em ato na Câmara de Vereadores, pessoas com deficiência reivindicam direitos

Sessão especial marca Dia Nacional e Municipal da Luta da Pessoa com Deficiência

Pessoas com deficiência, familiares e representantes de instituições de apoio lotaram a Câmara de Vereadores de Aracaju na manhã desta sexta-feira, 21 de setembro, Dia Nacional e Municipal da Luta da Pessoa com Deficiência. Eles participaram de uma sessão especial, proposta pelo vereador Lucas Aribé, com o objetivo de chamar a atenção dos aracajuanos sobre o papel da comunicação na consolidação do processo de inclusão social. A tribuna foi ocupada por profissionais de diversas áreas, que falaram sobre sua trajetória, de que forma superaram e continuam superando as barreiras para a acessibilidade.

A pedagoga e concludente do curso de Letras Libras da Universidade Federal de Sergipe, Liana Maynard Garcez Silva; o empresário Breno Nunes de Oliveira, proprietário da Gelateria Il Sordo; a radialista Carol Guimarães; o Publicitário Ronald Andrade Filho, do blog “Rodas pra que te quero”; o músico Evanilson Vieira e o professor licenciado em Letras Libras Geraldo Ferreira Filho foram os palestrantes da sessão. Eles destacaram as garantias legais de acesso à informação, as práticas inovadoras da comunicação inclusiva e os caminhos e desafios para a construção de uma nova sociedade.

As palestras foram um incentivo para que outras pessoas com deficiência assumam o protagonismo das suas histórias de vida e no processo de construção de um mundo sem barreiras. “A inclusão é uma via de mão dupla. Não podemos apenas esperar que a sociedade faça a parte dela se não aparecemos, não somos ativos, não nos mostramos para exigir os nossos direitos. A primeira barreira é a atitudinal, e é preciso que cada um de nós faça a sua parte”, alerta Ronald Andrade, que além de publicitário é servidor do Banco do Brasil.

Já Geraldo Filho ressaltou a importância da construção de uma sociedade bilíngue para que pessoas surdas e ouvintes possam conviver harmoniosamente. “Eu sou surdo, a minha primeira língua oficialmente é a Libras, mas tenho que dominar também a língua portuguesa para ter acesso à leitura e outras formas de comunicação. O mesmo deve valer para os ouvintes, que precisam ter Libras como segunda língua para interagir com os surdos. Assim a inclusão acontecerá e nós poderemos assumir diversos papéis na sociedade, com surdos e ouvintes no mesmo espaço”, afirma.

Segundo Geraldo, para ser acessível de fato, Aracaju precisa atentar para algumas questões urgentemente, a exemplo da necessidade de os policiais dominarem a Libras. “Já fui abordado quatro vezes e sempre acham que estou mentindo, que eu não sou surdo. Na revista, falam comigo pelas costas. Tento me identificar, mas eles sacam as armas, apontam para mim, algo absurdo. Então, os policiais precisam aprender Libras urgentemente, inclusive os guardas de trânsito. E há outras situações. Se houver um problema no elevador de um condomínio e o surdo ficar preso, como ele avisa à portaria? E se o prédio pegar fogo, como vou saber, se o aviso é sonoro? É preciso tornar acessíveis as residências, os hospitais, os locais públicos para os surdos”, reclama.

Caminhada

Antes da sessão especial começar, muitas pessoas com deficiência participaram de uma caminhada de conscientização da sociedade sobre os respeitos às diferenças. Com cartazes e faixas, elas saíram da Praça da Bandeira até a Câmara de Vereadores. A ação foi do Conselho Municipal de Direito da Pessoa com Deficiência.

Para o vereador Lucas Aribé, idealizador da Semana Aracaju Acessível, essa participação das pessoas com deficiência é fundamental no processo de construção de uma sociedade inclusiva. “A nossa frase tradicional é: “Nada sobre nós, sem nós”. Ou seja, as pessoas com deficiência devem participar da construção das políticas públicas, dos planos de governo, e não serem lembradas somente em campanhas eleitorais ou na hora de pagar os impostos. Por isso, nós continuamos reivindicando espaço, inclusão, acessibilidade e respeito”, diz o parlamentar.

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