Coronavírus
Por | 25 de Jun de 2020, 13h31
Comitê Sergipano Popular pela Vida reivindica imediato lockdown no Estado
Entidade lançou, nesta quinta-feira, 25, uma nova Carta Aberta
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Comitê Sergipano Popular pela Vida reivindica imediato lockdown no Estado

Frente ao expressivo crescimento das contaminações e mortes pela covid-19 em Sergipe, registrado nos últimos dias, o Comitê Sergipano Popular pela Vida - Copvida/SE -  emitiu, nesta quinta-feira, 25, uma nova Carta Aberta, em que expressa preocupação com a reabertura econômica no estado e defende o lockdown.

Reunindo mais de 40 entidades da sociedade civil, coletivos de direitos humanos, povos e comunidades tradicionais, movimentos sociais e populares, o Copvida/SE busca, por meio da Carta, sensibilizar o Governo do Estado sobre a preservação da vida, pautando a importância das medidas adotadas pelo Governo serem respaldadas em dados científicos.

A respeito disso, na carta, o Copivda/SE frisa que “é inacreditável que o Estado de Sergipe, que se encontra com a taxa de ocupação de 84% das UTIs públicas e privadas, sem qualquer programa ou projeto de testagem em massa da população, com a curva de contaminação em crescimento, continue nessa aventura anticientífica e inconsequente de retomada da atividade econômica”. 

Conforme dados dos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado da Saúde, já foram registradas, até ontem, dia 24, 524 mortes pelo novo coronavírus em Sergipe, sendo que mais da metade, 366, foram apenas no mês de junho, o que configura uma aceleração acentuada dos óbitos.

Criticando discursos que buscam opor vida e economia, as entidades que integram o Copvida/SE compreendem que essa é uma questão que nem deveria estar em discussão, visto que, como defendem no documento, “a vida é a condição fundamental para que todas as demais possibilidades humanas sejam realizadas. Não faz o menor sentido opor à vida qualquer outra alternativa, já que a vida é condição de todas as alternativas possíveis”.

Na carta, o Comitê também denuncia a ausência de diálogo por parte do Governo do Estado com a sociedade civil organizada, ao lembrar que “o Plano Popular de Enfrentamento à Covid-19 em Sergipe (Plano Popular pela Vida) foi protocolado no dia 8 de junho de e até agora não há nenhum retorno do Governo de Sergipe sobre essa iniciativa popular.

O Comitê de Retomada Econômica - Cogere - e o Comitê Gestor de Emergência - CGE -, que não possuem nenhuma representação popular, continuam a tomar decisões anticientíficas, em total descompasso com os dados de contaminação e mortes no estado de Sergipe”.

Como medida principal, mas não única, para a preservação das vidas em Sergipe, o Copvida defende que o Governo do Estado determine, de forma imediata, o lockdown.

“O Estado é o principal responsável pelo sucesso ou não do isolamento social. Infelizmente tal qual colocamos na Carta, podemos exemplificar que as pessoas só se conscientizaram da obrigação do cinto de segurança nos automóveis mediante blitz educativas e aplicação de multas. Essas medidas foram fundamentais para a redução de mortes no trânsito. Nesse momento, a rigidez com o isolamento por meio do lockdown, aliado a outras medidas de apoio a quem tem fome, é urgente por parte do Estado para evitar ainda mais óbitos pelo coronavírus”, destacou Lídia Anjos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, que integra o Copvida/SE.

Representante da Coordenação Quilombola de Sergipe, Izaltina Santos chama a atenção para a realidade enfrentada por grupos mais vulnerabilizados da sociedade.

“As prioridades paras comunidades tradicionais sempre foram deixadas para o segundo plano. Na pandemia nossa situação piorou, pois sequer temos acesso continuo à água, apesar de pagarmos alto esta conta. Há muita dificuldade de acesso aos benefícios, principalmente quem não está Cadastro Único do Governo Federal. A saúde das mulheres agricultoras e pescadoras é muito frágil em razão de nossas atividades. Tudo isso, aliado aos primeiros casos de contaminação pela covid-19 em nossos municípios, é o anúncio de um desastre sem medidas”, alerta Izaltina Santos .

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