Saúde
Por Rede Alese | 19 de Jun de 2019, 07h48
Deputados estaduais debatem doação de medula óssea
Houve palestra sobre o tema na terça-feira, 18, na Alese
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Deputados estaduais debatem doação de medula óssea

A oncohematologista e coordenadora técnica do Hemose, Lourdes Alice Marinho, falou sobre a questão

A Assembleia Legislativa promoveu, nessa terça-feira, 18, um amplo debate sobre a importância de se promover a doação de medulas ósseas no Estado. Para fazer uma exposição para os deputados foi convidada a médica oncohematologista e coordenadora técnica do Hemose - Centro de Hemoterapia de Sergipe -, Lourdes Alice Marinho.

Durante sua palestra, a expositora agradeceu a oportunidade de falar sobre um tema tão importante e aproveitou para tirar dúvidas dos parlamentares sobre o tema. Ela explicou como a pessoa que tem interesse de ser doadora se inscreve no Cadastro de Doadores Voluntários e de quem precisa da doação deve buscar o Cadastro de Receptores. Ela desmistificou muita coisa em sua fala e ainda pontuou que o transplante pode combater até 80 tipos de doenças.

Lourdes Alice explicou ainda que, normalmente, a pessoa que precisa de doação encontra alguém compatível com mais facilidade na própria família. “Um irmão tem 25% de chances ser 100% compatível. Se não achar na família isso vai de 1 para 100 mil para encontrar outra pessoa. Por isso é preciso ter muita gente cadastrada como doadora de medula óssea”.

MITO

A palestrante colocou ainda muita gente confunde medula óssea com medula espinhal, mas não tem nada a ver uma coisa com a outra. “Tem a ver com o tutano do osso. Ficam nos ossos da bacia. Também é dali que é retirado o material para o transplante. Esse tecido vai dar origem a várias células do sangue (hemácias, plaquetas e as células-tronco). Não vai apenas se multiplicar, vai formar outras completamente diferentes”.

TRATAMENTO

Ela explicou ainda que o tratamento substitui a medula doente ou deficiente por uma nova que vai se multiplicar e reestabelecer a saúde. Lourdes colocou os vários tipos de transplantes, dentre eles, o autólogo, onde a pessoa passa pela quimioterapia, se trata e aquelas células-tronco retiradas e congeladas, voltam após um tempo. Já o transplante alogênico é quando o paciente recebe a doação de outra pessoa, de um parente.

O TRANSPLANTE

Em seguida, a palestrante detalhou os procedimentos para a realização de um transplante de medula óssea, com a realização de testes específicos de compatibilidade onde são analisadas amostras do sangue do receptor e do doador para verificar a total compatibilidade e evitar que a medula seja rejeitada pelo receptor. Daí em diante o doador passa pelo procedimento cirúrgico para retirada da medula óssea sem qualquer comprometimento à saúde.

Já o receptor passa por um tratamento de ataque às células doentes e recebe a medula sadia e as novas células começam a se desenvolver. “Quem tiver disposição de ser um doador, basta procurar um Hemocentro na sua cidade. Aqui nós temos o Hemose. Lá a pessoa vai assinar um termo de consentimento livre e esclarecido e vai passar por um procedimento de cadastro. Vai passar por uma palestra e vai sentir que tem uma vida esperando por ele”, disse Lourdes.

QUEM PODE DOAR 

O cidadão precisa ter entre 18 e 55 anos, estar em bom estado de saúde, não ter doença infeciosa transmissível pelo sangue (HIV ou hepatite) e não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (lúpus e artrite).

Por fim, a palestrante explicou os dois cadastros existentes: de doadores e receptores. “Temos o Redome - Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea - e o Rereme - Registro Nacional de Receptores. Em 2008 o País tinha menos de um milhão de doadores; hoje temos quase cinco milhões. Somos o terceiro maior do mundo graças ao incentivo do governo via Ministério da Saúde. Em 2013, Sergipe Sergipe fazia em torno de 800 a 900 transplantes por ano. Em 2018 foram mais de nove mil e, até abril, já fizemos 1,7 mil”.

DEPUTADOS

O deputado Vanderbal Marinho, PSC, destacou a palestra como “importante” pela informação sobre doar a medula óssea. “É um procedimento extremamente simples e para o doador não há nenhum risco. É uma medida extremamente eficiente e que é para salvar uma vida”. A deputada Janier Mota, PR. enfatizou o empenho dos profissionais que fazem o Hemose na luta para salvar vidas.

O também deputado Dilson de Agripino, Cidadania, pontuou a importância da doação para o tratamento de uma série de doenças; já Goretti Reis, PSD, deu ênfase a necessidade de se propagar ainda mais a campanha para estimular as pessoas a doarem; já o deputado Garibalde Mendonça, MDB, aproveitou o ensejo para tirar algumas dúvidas que ele possuía sobre o assunto, além de valorar a importância do debate.

Por fim, a autora do requerimento, a deputada Maria Mendonça, PSDB, destacou o trabalho da coordenadora técnica do Hemose e se emocionou ao tratar do tema por conta de um drama que envolveu toda sua família sobre a necessidade de uma doação de medula. “Levamos o Hemose ao Campi da Universidade Federal de Sergipe em Itabaiana, mobilizamos todos os segmentos, graças a Deus tivemos várias pessoas cadastradas, inclusive toda a minha família. Não achamos um compatível, mas felizmente ele se recuperou com o tratamento e pode voltar”.

A deputada disse que possui dois projetos voltados para o assunto, um de 2011 e outro de 2012, mas que jamais foram colocadas em prática efetivamente essas leis. Ela confirmou que vai ter uma audiência com o Secretário de Estado da Saúde e que vai aproveitar para fazer os devidos requerimentos. “Só sabe quem passa por um problema desses, que afeta toda a família e deixa todos os envolvidos com problemas”.

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