Tradição
Por Ascom | 03 de Out de 2018, 16h08
Doação de máquinas ajudará a manter vivo o trabalho da renda irlandesa em Sergipe
Empresa Torre foi responsável pela aquisição, em convênio com o Iphan
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Doação de máquinas ajudará a manter vivo o trabalho da renda irlandesa em Sergipe

José Antônio Torre Neto, empresário: \"Equipamentos dão sustentabilidade à tradição\"

Na terça-feira, 2, as artesãs responsáveis pela produção da renda irlandesa em Sergipe puderam ver os seus destinos ganhar um novo contorno. Tudo isso, graças à doação de 10 máquinas para a produção do "lacê", cordão brilhoso essencial para garantir a qualidade das peças.

"Nós vamos fabricar o nosso lacê com o fio que a gente quer e com a qualidade que a gente quer. Hoje é um dia que vai ficar na nossa memória para sempre. Só temos que agradecer. Não se trata de dinheiro, fazer renda faz parte da nossa história", disse Maria José, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora (Asderen).

Há algum tempo, as artesãs sofrem com a dependência de uma fábrica do Rio de Janeiro, única no país a produzir o lacê. O detalhe é que esta mesma empresa encerrou as atividades e deixou as rendeiras sem perspectiva de obter a sua matéria-prima.

Graças a um convênio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a empresa Torre Empreendimentos, foi possível a aquisição de 10 máquinas trançadeiras que irão salvaguardar a renda irlandesa em Sergipe. A doação no valor de R$ 50 mil possibilitou a compra das máquinas e as passagens aéreas para os técnicos.

"A empresa foi convidada a participar do evento cedendo essas 10 máquinas de bordados. É uma parceria que a gente vem tendo ao longo dos anos através da Fundação Brasil Ecoar, principalmente com a comunidade. Acredito que esse convênio ganhe grandes proporções", ressaltou Bruna Nascimento, gerente administrativa da Torre.

A Torre foi a responsável pela aquisição do maquinário, enquanto a Fundação Brasil Ecoar será a responsável pela implantação das máquinas nas associações que produzem a renda irlandesa.

"A doação das máquinas ajudará a manter viva essa cultura. Esses equipamentos dão sustentabilidade à cultura, à tradição. Isso vai dar perenidade à renda irlandesa e vai dar sustentabilidade, pois vai melhorar a qualidade e baratear o custo", afirmou José Antônio Torre Neto, proprietário da Torre.

Para a presidente nacional do Iphan, Kátia Bogéa, a sociedade precisa se engajar na luta da preservação do patrimônio cultural e tomar para si a responsabilidade de manter viva a tradição e a identidade da nação.

"Não tem dinheiro no mundo que pague a nossa identidade. Imagine se essa riqueza se perde? O trabalho das rendeiras é reconhecido mundialmente e retrata a identidade cultural de um povo. Precisamos que mais empresas e a sociedade como um todo nos ajude a preservar esse e tantos outros patrimônios", afirmou Kátia Bogéa.

A superintendente do Iphan em Sergipe, Katarina Ponciano, destacou o trabalho desenvolvido nas três associações e também na cooperativa beneficiadas com o maquinário. 

"Nós estamos em grande celebração enquanto salvaguarda. Estado de Sergipe tem a renda irlandesa como patrimônio imaterial do Brasil, é algo só nosso. Essas máquinas não só viabilizam a produção de lacê com mais qualidade, mas o aprimoramento da produção. É uma arte eminentemente feminina e de resistência", pontuou a superintendente.

As máquinas serão distribuídas com três associações nos municípios de Divina Pastora, Maruim e Laranjeiras e uma cooperativa localizada no Povoado Estiva, em Nossa Senhora do Socorro, sendo duas para cada uma delas. Outras duas máquinas ficarão em poder do Iphan para o mapeamento de outros grupos de produção da renda no Estado.

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