INJUSTIÇA
Por Jozailto Lima | 04 de Dez de 2017, 01h04
Evânio Moura, advogado de Ana Alves, reage: “Não cabe prisão”
Ele acha que houve traição à sua cliente e pede habeas corpus nesta segunda
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Evânio Moura, advogado de Ana Alves, reage: “Não cabe prisão”

Evânio Moura: prisão descabida e traiçoeira; defesa, só nesta segunda

Evânio Moura, advogado que defende a jornalista e presidente do DEM de Sergipe, Ana Alves, presa ao meio de sexta-feira, vê no caso da prisão dela pedida pelo Ministério Público de Sergipe e acolhida pelo Poder Judiciário sergipano “uma tremenda injustiça” e “uma traição”. 

“O problema é que agora a muleta interpretativa desses caras é obstrução de justiça. Tudo é obstrução de justiça, para justificar os pedidos de prisão sem fundamentação”, disse Moura.

O pedido de prisão preventiva de Ana Alves foi feito pelos promotores de Justiça Jarbas Adelino Filho, Luciana Duarte e Bruno Melo Moura - todos do Núcleo do Patrimônio Público. 

O primeiro deles é o coordenador do Núcleo. Coube ao juiz Alexandre Magno acolher. Ele é um magistrado substituto, é de fora do Estado de Sergipe e está no início de carreira

Ana Alves foi presa sob acusação de que estava metendo o dedo no cenário das investigações do Ministério Público sobre coisas erradas na contratação de pessoal na gestão do pai, João Alves, como prefeito de Aracaju de 2013 a 2016. 

Ela estaria, segundo o MPE, manipulando testemunhas. Obstruindo o trabalho investigativo do Ministério Público no contexto da Operação Caça-Fantasmas do Ministério Público Estadual, decorrente da Operação Anti-Desmonte. Ela não está, ou estava, sendo investigada. Era uma carta fora do baralho.
 
E é exatamente a isso que Evânio Moura reage. “Não cabe prisão para Ana Alves. Isso é um absurdo. Ela nunca foi ordenadora de despesa. Ela nunca ocupou cargo público no Governo do pai na Prefeitura de Aracaju”, disse o advogado na manhã de sábado ao JLPolítica, direto de São Paulo, onde se encontrava. 

“Estão fazendo justiça criminal neste país no grito. Não pode ser assim. A gente está voltando a um direito penal da Idade Média, que é um direito penal no qual você condena primeiro e acusa depois”, afirma o advogado.
 
Evânio Moura aponta suposta maldade até no horário em que decretaram a preventiva da sua cliente - o que o levou a ter chances de apresentar defesa somente nesta segunda-feira, dia 4. “Como cumpriram um mandado de prisão numa sexta-feira às 12h30, com o expediente da Justiça terminando às 13h, quando fui contatado já era 15 horas”, diz. 

“Mas nada disso é coincidência. Não acredito em coincidência. Isso foi de propósito”, reforça o advogado. “Infelizmente, fizeram uma tremenda injustiça com a gente: não disponibilizaram o acesso às principias peças do processo”, diz ele.

Segundo Evânio Moura, o anúncio da prisão de Ana Alves se deu “de forma traiçoeira”. “Na sexta-feira, o advogado Cristiano Cabral estava acompanhando ela no depoimento e aí, de forma traiçoeira, terminado o depoimento, disseram-lhe: “a senhora não vai poder voltar, porque nós temos aqui um mandado de prisão contra a senhora” e aí exibiram o mandado de prisão e ela ficou presa. Desnecessariamente”, insiste. 

Na manhã deste sábado, 3, Cristiano Cabral esteve no Presídio Feminino visitando Ana Alves. Não tem novidades a contar.  “Falei muito pouco com ela. Apenas em relação aos desdobramentos do processo. O que sei já foi dito pela imprensa: que ela está sendo medicada, divide a cela com outras presas, etc. Obviamente abatida, aguarda informações sobre o andamento do processo”, diz ele.

Evânio Moura foi informado da visita. “Ninguém está bem numa situação dessa. Além de tudo isso, de propósito e de sacanagem, divulgaram uma foto dela sendo fichada. Não sei qual o interesse público dessa divulgação. Esta nas redes sociais, já mandaram para mim. Eu mesmo aqui em São Paulo já recebi”, informa Moura. 

FOTOGRAFIA E HUMILHAÇÃO 

Na manhã de sábado, ao se deparar com a divulgação da foto de Ana Alves no momento em que era fichada no Prefem, o advogado Evanio Moura saiu do serio. Veja o que escreveu. 

"A quem interessa expor e humilhar o preso? Qual o propósito em divulgar uma foto de alguém sendo fichado? 

Qual a origem desse desejo atávico de vingança contra alguém que não foi sequer formalmente acusado?

Voltamos à Idade Média e as prisões processuais viraram um espetáculo degradante e humilhante.
Uma pena tratarmos acusados como condenados, destilando ódio e impropérios. 

Triste país que não respeita a Constituição Federal e os Direitos Humanos. 
Devemos repelir essas práticas nefastas e que demonstram nosso atraso civilizatório".

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