PRODUTIVO
Por Assessoria do Parlamentar | 01 de Set de 2017, 17h55
Pimentel defende implantação de energia solar
Em audiência pública na Alese
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Pimentel defende implantação de energia solar

Luciano Pimentel disse que o debate foi mais produtivo do que esperava

A pequena participação de Sergipe no uso de energia solar foi um dos assuntos discutidos nesta sexta-feira, 1º, durante a audiência pública sobre Energia Renovável e Solar Fotovoltaica, realizada no Plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe. Idealizada pelo deputado estadual Luciano Pimentel (PSB), a audiência contou com especialistas do Estado, de universidades e escolas técnicas, além de representantes da iniciativa privada e do Ministério das Minas e Energia.

Luciano Pimentel disse que o debate foi mais produtivo do que esperava. O parlamentar lembrou que há muito tempo vem tentando ampliar o uso de energia solar em Sergipe, uma matriz energética limpa, renovável e de baixo custo. Na abertura da audiência, o deputado citou exemplos de lugares onde esse tipo de geração de energia é adotado em uma escala maior, como a Bahia e o Piauí, locais visitados por ele. Na Bahia, citou Pimentel, a companhia de energia, a Coelba, distribui equipamentos e estimula a adoção desse tipo de energia.

Em Sergipe, de acordo com o deputado, a participação da energia solar é quase simbólica. São apenas 50 unidades instaladas: 38 em residências, duas na zona rural, nove na área comercial e apenas uma na indústria. A audiência, explicou, tenta ampliar essa participação. “O Estado tem condições de gerar energia solar. A energia eólica carece de estudos e a nuclear, apesar de ser energia limpa, é uma energia cara para sua implantação, além de causar riscos ambientais à sociedade”, destacou. Pimentel disse que enquanto Sergipe engatinha, a Bahia constrói uma usina para geração e atendimento à 600 mil unidades habitacionais e o Piauí implanta usina para 300 mil unidades.

Ainda em seu pronunciamento, o deputado destacou o fato da crise de recursos hídricos encarecer a energia gerada pelas usinas hidrelétricas. Com a estiagem, os rios estão com o nível baixo afetando a produção de energia. “Em Xingó, em 2013, se produzia um milhão e 300 mil megawatts (MW). Em 2016, produziu apenas 950 MW, com uma redução de 27/2%. É mais fácil optarmos por trabalhar a energia solar”, assegurou.

O ex-deputado estadual Ivan Leite, diretor-presidente da Companhia Sul Sergipana de Eletricidade (Sulgipe), distribuidora de energia elétrica que atende 14 municípios, disse que já na década de 90, quando exercia o mandato, se discutiam alternativas para atender a sazonalidade do país, dependente das mudanças climáticas e da geração de energia hidrelétrica. “Estamos gerando energia por termelétrica, que é danoso do ponto de vista econômico e ambiental. Não podemos ser reféns dessa matriz energética. E a energia solar é uma energia simples. Hoje não é rentável, mas no futuro será”, explicou. A Sulgipe possui apenas duas unidades com energia solar instalada.

Para Guilherme Wehb Syrkis, representante do Ministério das Minas e Energia, não é fácil empreender nesse setor: existem expectativas e muitas incertezas para quem está nessa área. “Hoje é mais fácil vender esse projeto. Antes era muito difícil. As propostas eram caras e foram sendo barateadas como o passar dos anos. Também caiu muito o tempo útil dos equipamentos”, observou Guilherme, que é especialista nesse tipo de matriz energética.

Em sua palestra Guilherme Syrkis explicou os tipos de energia solar e também dos leilões que foram realizados para ampliar a oferta da energia fotovoltaica no país. “O governo federal se antecipou com os primeiros leilões de reserva, sendo um leilão em 2014, dois em 2015 e em 2016 infelizmente tivemos que cancelar o leilão porque a economia ficou complicada e a demanda em energia caiu muito”.

O representante do Ministério das Minas e Energia disse que incentivos que são concedidos pelo poder público e por agentes financeiros e de desenvolvimento, como o BNDES, são iniciativas que estimulam o setor. Guilherme falou sobre o mercado potencial que cresce e que conta com uma demanda que virou um desafio para a indústria e para o governo, e também sobre placas fotovoltaicas, que têm um custo mais barato no exterior. “Adoraria encher o país de painéis de energia solar, mas não temos como armazená-los”, frisou Guilherme Syrkis, que ajudou a fundar a Associação Brasileira de Energia Solar, com sete empresas na época e hoje com 200 associados.

Carlos Eduardo Gama, professor do Instituto Federal de Sergipe (IFS) e doutor em engenharia elétrica, disse que o consumo industrial em Sergipe está estagnado desde 2011 e lembrou que a produção de energia caiu no país. “Hoje se busca eficiência elétrica para se combater o desperdício de energia. Alguns modelos de geração de energia estão saturados”, observou.

O professor do IFS declarou que a energia solar é extremamente viável em Sergipe e que o IFS se prepara cada vez mais para apoiar essa demanda que virá. Carlos Eduardo disse que apresentou um projeto de geração fotovoltaica com diferentes tecnologias para o Nordeste, que vem sendo desenvolvido pelo Instituto Federal de Sergipe, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe. “É preciso buscar movas matrizes energéticas, somos dependentes da energia hidráulica e as energias alternativas servirão para aliviar essa matriz tradicional”.

Coordenador de grupo de pesquisa na Universidade Federal de Sergipe (UFS) sobre energia fotovoltaica, Douglas Riffel Bressan, Doutor em Engenharia Mecânica, defende a criação de uma política de estímulo para a geração de energia limpa e renovável. Para ele, o tema da audiência não é novo. “Sempre escuto falar quando o mundo entrará na área renovável. Observo que no mundo criaram novas fontes de energia, desde 2012, e isso é extremamente interessante e importante para o nosso futuro. A fonte de energia fotovoltaica tem grande potencial para o futuro. Além de ser uma fonte limpa e renovável, é grande geradora de empregos. A capacidade instalada também é expressiva”, salientou.

Douglas lamentou que Sergipe ainda esteja numa posição desconfortável. “Mas temos potencial para crescer. Falta pujança, que é o estamos buscando aqui nessa audiência. A questão da tarifa, de incentivos, o ICMS, isso pesa bastante. A maior parte de unidades instalada em Sergipe é residencial”, disse o pesquisador.

Presente na audiência, o deputado federal Valadares Filho disse que o encontro na Alese é iniciativa louvável e oportuna de Luciano Pimentel. O assunto, garantiu ele, será discutido também na Câmara Federal. “Vamos levar esse pleito para Brasília, para que nossa comissão também faça esse debate num âmbito nacional, para que possamos num futuro próximo beneficiar os consumidores que mais precisam. Isso demonstra um compromisso importante, muita gente pode não alcançar esse grande benefício, mas esse é um compromisso com o futuro”.

Também participou da audiência o procurador Vinicius Oliveira, o secretário de Turismo de Canindé do São Francisco e ex-senador Kaká Andrade, o secretário da Indústria, Comércio e Turismo, Ricardo Mascarello, o professor mestre, Elder Ribeiro Gama, diretor geral do IFS/SE, o superintendente da Caixa Econômica Federal de Sergipe, Marco Antônio Queiroz, o superintendente do Banco do Nordeste, Saumíneo Nascimento, e o gerente do SEBRAE, José Leite Prado Filho. O encontro reuniu ainda representantes de empresas especializadas na geração de energia solar, engenheiros, gestores municipais e estudantes da área técnica.

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