Opinião
Por | 21 de Mar de 2018, 11h50
Sobre o fechamento da Fafen e o comportamento da velha política
O retrato perfeito da falência das nossas lideranças
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Sobre o fechamento da Fafen e o comportamento da velha política

Alessandro Vieira: \"a velha política se recusa a compreender os fatos e a dialogar com a população\"

[*] Alessandro Vieira
 
Diante da notícia do fechamento da fábrica da Fafen em Sergipe, com consequências gravíssimas para a população sergipana, em especial da região do Vale do Cotinguiba, tive a cautela de aguardar o posicionamento das tradicionais lideranças políticas sergipanas, tanto da situação como da oposição.
 
Infelizmente, é preciso reconhecer que elas se igualam na exploração política do drama humano vivenciado por milhares de famílias e na ausência de propostas concretas para a manutenção da cadeia produtiva que fomenta empregos e renda naquela região.
 
A velha política se recusa a compreender os fatos e a dialogar com a população, em especial com o setor produtivo atingido (direta e indiretamente) e com os moradores da região. Se limita aos ataques recíprocos, buscando o mero proveito eleitoral, e ao desejo de que os empregos sejam mantidos compulsoriamente pelo Estado, mesmo que a operação fabril acumule prejuízos de R$ 620 milhões apenas no ano de 2017.
 
É o retrato perfeito da falência das nossas lideranças, incapazes sequer de realizar um diagnóstico equilibrado sobre os fatos, que dirá de apresentar soluções para os graves problemas que se acumulam pelo Brasil.
 
A primeira questão a ser respondida é: qual a razão de um prejuízo tão elevado? A resposta da Petrobras aponta para o custo de produção e logística, pois a Fafen-SE precisaria de insumos que vêm de longe e manda seu produto final também para destinos distantes.
 
Para confirmar a veracidade da informação, basta uma consulta aos próprios funcionários da Fafen-SE ou mesmo para o Conselho Regional de Química, por exemplo. Ao que tudo indica, a afirmativa da Petrobras é verdadeira.
 
Em seguida, é preciso responder: vale a pena manter a fábrica aberta, preservando os empregos, por um custo (prejuízo) tão elevado? A única forma de manter os empregos é à custa do citado prejuízo?
 
A resposta, evidentemente, deve levar em conta que os prejuízos assumidos acabam sempre sendo pagos por todos nós, através de mais impostos ou de aumentos nos combustíveis.
 
Também deve considerar o funcionamento da cadeia produtiva local, ou seja, a atuação direta da Fafen-SE pode ser substituída por outro arranjo logístico que garanta a continuidade do ciclo de produção de fertilizantes na região? Essa última indagação pode ser facilmente respondida por uma consulta aos empresários da região.
 
É urgente buscar respostas concretas e soluções reais, deixando de lado a disputa cega de vaidades políticas e o manejo eleitoreiro dos medos e necessidades da população.
 
Também é indispensável apontar que o enorme prejuízo social é consequência da incompetência dos governos federal e estadual, não do mercado ou da empresa. O fechamento não foi uma surpresa.
 
Era necessário realizar o planejamento adequado e adotar medidas alternativas para manter a cadeia de produção em funcionamento, caso ela seja viável. Se é inviável, buscar alternativas de atividade econômica para a região antes de instalar o caos. Não é simples, não é fácil, mas é para isso que se elege um governo.
 
[*] É delegado da Polícia Civil de Sergipe, militante do Rede e pré-candidato ao Senado.
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