LAVA JATO
Por FOLHA DE S.PAULO ONLINE | 30 de Ago de 2017, 10h27
Moro nega pedido de Lula para ouvir advogado que acusa amigo do juiz
Duran, que trabalhou para a Odebrecht como operador financeiro e é réu na Operação Lava Jato
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Moro nega pedido de Lula para ouvir advogado que acusa amigo do juiz

Juiz Sergio Moro durante evento em São Paulo

O juiz Sergio Moro negou, nesta terça (29), um pedido da defesa do ex-presidente Lula para ouvir, como testemunha de defesa, o advogado Rodrigo Tacla Duran.

Duran, que trabalhou para a Odebrecht como operador financeiro e é réu na Operação Lava Jato, acusou um amigo de Moro, o advogado Carlos Zucolotto Junior, de intermediar negociações paralelas de delação premiada com a força-tarefa.

Zucolotto nega as acusações, e Moro afirmou ser “lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”. Duran, que tem dupla cidadania, está na Espanha.

A defesa de Lula pedia que Duran fosse ouvido como a última testemunha na ação que o acusa de receber propina da Odebrecht na compra de um terrenoque seria destinado ao Instituto Lula. A última audiência está programada para esta quarta (30).

Moro, porém, afirmou que não havia “base legal” para o pedido, e lembrou que o processo aguarda a oitiva da testemunha Maria Lúcia de Oliveira Falcon, nesta quarta (30), por quase um mês. Falcon estava viajando, e sua audiência foi remarcada após pedido da defesa de Lula.

FORAGIDO

O juiz ainda afirma, na decisão, que Duran é acusado de lavagem de cerca de US$ 18 milhões, e que fugiu para a Espanha quando da decretação de sua prisão preventiva.

“A palavra de pessoa envolvida, em cognição sumária, em graves crimes e desacompanhada de quaisquer provas de corroboração não é digna de crédito, como tem reiteradamente decidido este Juízo e as demais Cortes de Justiça, ainda que possa receber momentâneo crédito por matérias jornalísticas descuidadas”, escreveu Moro.

Para o juiz, a convocação de Duran servia a motivos “meramente protelatórios e duvidosos”, ainda que ele não se oponha que sejam apuradas “as mentirosas e fantasiosas afirmações extra-autos do foragido”.

Tacla Duran tentou fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, sem sucesso. No fim de 2016, teve a prisão decretada por Moro e chegou a ser detido na Espanha, mas foi solto quase três meses depois. O Brasil pediu a extradição do advogado, mas ela foi negada.

Desde então, Duran tem dado entrevistas criticando a Odebrecht e a força-tarefa da Lava Jato.

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