INEGOCIÁVEL
Por G1 | 06 de Ago de 2018, 17h18
PCdoB quer Manuela vice em qualquer circunstância
Por acordo com o PT, deputada será vice de Lula ou – na hipótese de candidatura do ex-presidente vir a ser indeferida – de outro petista. Vice de Lula a ser registrado pelo PT é Fernando Haddad
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PCdoB quer Manuela vice em qualquer circunstância

A deputada Manuela D’Ávila durante convenção do PCdoB que aprovou a candidatura dela a presidente (Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo)

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) divulgou nota nesta segunda-feira (6) informando que a deputada estadual Manuela D'Ávila (RS) será candidata a vice-presidente "em qualquer circunstância" na aliança que, além do próprio PCdoB, reúne o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e o Partido da Causa Operária (PCO).

De acordo com a nota, Manuela será vice mesmo se a Justiça Eleitoral rejeitar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que encabeça a chapa. Neste domingo, o PT anunciou que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será o candidato a vice na chapa de Lula

Lula está preso desde abril em Curitiba, condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro – o que, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, o torna inelegível. Mas o PT e Lula contestam. A questão precisa ser decidida pelo TSE e só deve ser julgada depois do dia 15, prazo final para registro das candidaturas.

Pelo acordo entre PT e PCdoB, Manuela substituirá Haddad como vice de Lula se o ex-presidente tiver a candidatura deferida pela Justiça Eleitoral ou será vice de Haddad ou outro nome do PT caso Lula tenha a candidatura indeferida.

Com isso, o PCdoB deve retirar a candidatura de Manuela à Presidência, oficializada na última quarta-feira (1ª) em convenção da legenda.

"Face à circunstância excepcional em que o ex-presidente Lula está arbitrariamente preso, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será registrado como vice-presidente para vocalizar a orientação do ex-presidente até que se esclareça a estabilidade jurídica da candidatura de Lula. A seguir, em qualquer circunstância, Manuela será candidata a vice-presidente, seja com o deferimento ou não da candidatura de Lula", diz a nota do partido.

O PCdoB justificou a decisão defendendo a união da esquerda, mas, lembrou na nota divulgada que a fragmentação continua – o Partido Democrático Trabalhista (PDT) oficializou a candidatura de Ciro Gomes, e Partido Socialismo e Liberdade (Psol) aprovou a candidatura de Guilherme Boulos. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu não apoiar formalmente nenhum candidato e liberou os diretórios estaduais para fazer campanha para qualquer presidenciável à exceção de Jair Bolsonaro (PSL).

"Inviabilizada a unidade mais ampla dos partidos de esquerda, na reta final do prazo legal para definições, o PCdoB e o PT, conjuntamente, persistiram na busca de uma aliança e intensificaram as negociações entre si, tendo em conta que ambos os partidos e outras legendas construíram juntos, ao longo de trinta anos", afirmou o partido.

 

Íntegra da nota

 

Leia a íntegra da nota divulgada pelo PCdoB

Uma aliança pela vitória: Coligação PT-PCdoB

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) fixou como estratégia eleitoral conquistar a vitória das forças progressistas nas eleições presidenciais. Coerente com esse objetivo, buscou viabilizar a perspectiva de uma frente ampla, a partir da unidade da esquerda, como fator indispensável para essa almejada quinta vitória do povo. Trabalhou incessantemente por propostas programáticas unitárias, elaboradas pelas fundações dos partidos de esquerda, e contribuiu para a realização de uma série de reuniões com PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL.

Nesse ambiente de diálogo, o PCdoB e sua candidata Manuela d’Ávila foram incisivos na defesa de uma pactuação eleitoral progressiva das candidaturas para derrotar as forças conservadoras e golpistas. Em 22 de julho, o PCdoB e Manuela se dirigiram aos partidos de esquerda e os conclamaram à unidade desde o primeiro turno.

Na Convenção do Partido, Manuela foi consagrada candidata à presidência para, em nome do PCdoB, batalhar por esses objetivos. Manuela mediante uma campanha vibrante mobilizou amplos setores progressistas e populares, granjeando prestígio e respeito.

Nos últimos dias, o PCdoB intensificou as conversações em torno da unidade. Apesar de todo esse esforço, prevaleceu nesse campo a fragmentação.

O Partido dos Trabalhadores homologou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, grande liderança popular do país, que está arbitrariamente preso.

O Partido Democrático Trabalhista, por sua vez, oficializou a candidatura de Ciro Gomes, que corretamente aponta como saída para a grave crise do país um novo projeto nacional de desenvolvimento.

O Partido Socialismo e Liberdade, por sua vez, lançou Guilherme Boulos, candidato. E o PSB não coligou, nem lançou candidato, mas recomendou seus militantes apoio aos candidatos do campo progressista.

Inviabilizada a unidade mais ampla dos partidos de esquerda, na reta final do prazo legal para definições, o PCdoB e o PT, conjuntamente, persistiram na busca de uma aliança e intensificaram as negociações entre si, tendo em conta que ambos os partidos e outras legendas construíram juntos, ao longo de trinta anos, um campo político e social que resultou no importante ciclo dos governos Lula e Dilma. As duas legendas também estiveram coesas na luta contra o golpe de agosto de 2016, nas jornadas pela liberdade do ex-presidente Lula e pelo seu direito de ser candidato a presidente.

No último domingo (5), a direção do Partido dos Trabalhadores foi porta-voz de um convite do ex-presidente Lula para que Manuela d’Ávila assumisse a candidatura de vice na sua chapa.

Embora a proposta não contemplasse a unidade mais ampla resultante de uma composição que abarcasse as candidaturas de Lula, Ciro Gomes, Manuela, o PCdoB considerou que, diante da forte orquestração das forças conservadoras e golpistas para vencer as eleições, a coligação entre PCdoB e PT emergia como a aliança possível e importante para se construir a vitória das forças progressistas.

Em razão disto e em face da proposta apresentada pelo PT e pelo ex-presidente Lula, a Comissão Política Nacional do PCdoB decidiu aprovar a coligação com o PT, que inclui também PROS e PCO. Tomada a decisão, as presidentas do PT e do PCdoB – a senadora Gleisi Hoffmann e a deputada federal Luciana Santos – anunciaram que Manuela d’Ávila será a vice da chapa de Lula.

Face à circunstância excepcional em que o ex-presidente Lula está arbitrariamente preso, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será registrado como vice-presidente para vocalizar a orientação do ex-presidente até que se esclareça a estabilidade jurídica da candidatura de Lula. A seguir, em qualquer circunstância, Manuela será candidata a vice-presidente, seja com o deferimento ou não da candidatura de Lula.

Haddad e Manuela irão liderar ombro a ombro a jornada desde já em todo o país.

O convite do ex-presidente Lula evidencia o reconhecimento da dimensão que adquiriu a campanha de Manuela D’Ávila na disputa em curso. Sua voz corajosa e altiva, na defesa da unidade das forças progressistas e de um projeto nacional de desenvolvimento, soberano e democrático, de amplas conquistas para o povo e a classe trabalhadora e dos direitos das mulheres, da juventude, dos negros e da população LGBT, conquistou apoios e galvanizou entusiasmo.

A concretização da Coligação PT-PCdoB-PROS-PCO, que será liderada por Lula presidente e Manuela vice, é um acontecimento relevante na acirrada disputa em curso, uma vez que amplia as possibilidades de vitória das forças progressistas.

O PCdoB conclama seu coletivo militante, todos seus apoiadores, às forças populares, democráticas, patrióticas a se convergirem e combaterem para tornar possível a quinta vitória do povo nas eleições presidenciais, único meio para tirar o país da crise, e desencadear a jornada por um novo projeto nacional de desenvolvimento.

São Paulo, 6 de agosto de 2018.

Comissão Executiva Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

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