
Mas afinal, o que é mesmo o Drex?
O Banco Central anunciou este mês o funcionamento - em 2024 - da nova moeda digital brasileira, o Drex. Depois do PIX, promete ser mais uma transformação revolucionária no sistema financeiro do Brasil.
Mas afinal, o que é mesmo o Drex? É mais uma criptomoeda? Que história é essa de moda digital brasileira. Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o Drex não é um criptoativo.
Em resumo, um criptoativo é um ativo - algo que tem valor - virtual, transacionado em um grande banco de dados descentralizados - aí me refiro à não influência dos bancos centrais - denominado blockchain.
Há uma série de tipos de criptoativos como tokens fungíveis, tokens não fungíveis - NFT´s -, stablecoin, etc. As criptomodas são um tipo específico de criptoativo. Nomes como Bitcoin, Ethereum, Dogecoin, tornaram-se populares nos últimos anos, com grandes empresas operando exclusivamente com criptomoedas, patrocinando inclusive grandes equipes de futebol.
E o Drex? A diferença fundamental do real digital para uma criptomoeda é que o primeiro é regularizado pelo Banco Central. Não haverá nenhuma diferença entre o real comum e o digital. Ambos valerão a mesma unidade – R$1,00=$1,00 Drex.
Essa mesma cotação valerá também para a relação com outras moedas, como o dólar. Como consequência, o real digital não terá o mesmo grau de volatilidade – variação - no valor quando comparado às criptomoedas. Nada de especular com real digital.
Mas afinal, qual o motivo da criação de uma moeda digital no Brasil? Em primeiro lugar, é fundamental considerar a importância do que se denomina chamar de “Geração Z” - pessoas nascidas entre 1995-2010.
Para essa geração - os jovens atuais -, as relações do dia a dia – de qualquer tipo - são essencialmente digitais. Nada mais “atrasado” do que um sistema financeiro em que a moeda física esteja presente. Seja para transações do dia a dia, seja para investimentos.
O real digital permitirá que as pessoas possam ter uma “carteira digital” - gerenciada por instituições financeiras. O usuário final terá um “real tokenizado” - o real digital. De posse da nova moeda digital - instituições financeiras e usuários finais – investimentos, compra de bens, empréstimos, inclusive entre pessoas, dentre outras coisas, poderá ser feita 24 horas por dia, sete dias por semana, por meio digital.
Possibilitará maior inclusão financeira? Tenho minhas dúvidas, mas certamente trará para o sistema financeiro brasileiro a atualização tecnológica necessária. Atualmente existem 140 projetos de moeda digital sendo desenvolvidos ou em execução em diversos países.
Quem sabe em um futuro próximo a massificação da moeda digital possibilite a redução de “custos de transação” tão presentes na economia brasileira. Nesse caso, me refiro, principalmente, ao pagamento de custos extras, como por exemplo, taxas de cartório.
No atual nível de desenvolvimento de registro digital das transações financeiras, é muito “pré-século XXI” ainda pagarmos um valor - muitas vezes significativo -, pela geração de um documento físico. Resquícios de nossa colonização lusitana.
Em tempos de transações digitais, por que não contratos digitais?
Outra dúvida comum é como ficará o PIX com o advento do Drex? São coisas diferentes, que coexistirão. Um no mundo das transações “tradicionais” - PIX -, outro no mundo das transações digitais - o Drex.
O fato é que o sistema financeiro brasileiro é um dos mais avançados do mundo. As nossas dimensões territoriais e o histórico de hiperinflações forçaram os bancos a desenvolver soluções tecnológicas desde os anos 80 do século passado.
Que esse processo continue permitindo à maior parte da população brasileira - não importando a geração ou padrão de renda – o acesso ao sistema financeiro. Sinal de contemporaneidade.
Imagem: cdlsinop.com.br
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