
Marielle Franco: morte simboliza supremacia do patriarcado e do preconceitos cotnra as pretas
Na última quinta-feira, 27 de julho, foi o aniversário de Marielle Franco. Faria 44 anos, mas foi assassinada antes dos 40 pela sua atuação como vereadora no Rio de Janeiro.
No 25 de julho foi comemorado em todo o Brasil o Julho das Pretas, na sua 11ª edição. Em 1992, ocorreu o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana.
Desde então, veio a definição do 25 de Julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. No Brasil, a Lei 12.987 de 2014 foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Na última semana fomos bombardeados com os detalhes sórdidos do assassinato, ainda sem mandante, da vereadora carioca. Esperemos!
Enquanto isso, trago aqui um pouco da pouco conhecida sensibilidade e beleza dessa intelectual que se debruçou sobre a situação da segurança pública no seu Estado para defender a população de favela. Em especial, aos mareenses, como ela se refere aos moradores da Favela da Maré.
O título da dissertação dela chama a atenção: UPP: a redução da favela a três letras. Já nos agradecimentos, compreendemos que Marielle quer falar para todo mundo.
Não somente para o universo acadêmico: quer agradecer asamigas, osamigos tudo! De bar, de praça, de prosa e de versos constantes.
Intelectuais orgânicos que miro como um horizonte para se manter nessa profissão. Tia Sulange-Bulão, Tia, pesquisadora e pedagoga nas horas vagas, Pâmella Passos amiga-funkeira e cumadre. (...) Obrigada pelo percurso. Aqui existe amor!
Sobre o seu trabalho voltado ao significado das Unidades de Polícia Pacificadora - UPP’s -, diz Marielle: Trata-se de averiguar quais as relações contidas nestas Unidades, intrínsecas ao processo de elaboração e consolidação de políticas na área de segurança pública. Nesse sentido, haverá um esforço de identificar se as Unidades de Polícia Pacificadoras representam uma alteração nas políticas de segurança ou se estas se confirmam como maquiagem dessas políticas. (...) e guardadas as peculiaridades de cada contexto histórico-político, permite identificar um Estado Penal que, pelo discurso da “insegurança social”, aplica uma política voltada para repressão e controle dos pobres.
A marca mais emblemática deste quadro é o cerco militarista nas favelas e o processo crescente de encarceramento, no seu sentido mais amplo. (Busca in: Repositório Institucional UFF, pdf UPP: a redução da favela a três letras).
Na semana passada, enquanto eu escrevia sobre a ativista negra, pesquisadora e poeta sergipana Beatriz Nascimento, que reconfigurou o conceito de quilombo, saiu o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023 - 361 páginas.
Nada temos a comemorar. A quantidade de estupros foi a maior da história: 74.930 casos, dos quais mais de 56 mil foram de estupro de vulneráveis.
Outro dado, não menos relevante e que nos interessa de perto: Sergipe é o Estado mais racista do Nordeste! O mapa saiu na Folha de S. Paulo do dia 20 deste mês. Sobre isso, eu vou aguardar maiores explicações de quem entende de tratamento de dados.
Voltarei ao Julho das Pretas, edição de/em Sergipe, para homenagear as nossas ativistas e escritoras negras: Ya Sônia Oliveira, Tânia Maria, Bethania Nascimento F. Gomes, Marina Ribeiro Lopes, Dona Alda Cruz, Ingrid Guimarães, Sara Rogéria, Heloá, Aglacy Mary, Maria Glória, Taylane Cruz, Maria Nely dos Santos Ribeiro, Gigi Poetisa, Thaty Meneses, Lídia Anjos, Edinéia Tavares, Marilene Santos, Laila Oliveira, Dani Souza, Anne Carol, Euyá Oliveira, Adriana Lohanna, Iza Negratcha, Rita Maia, Isabel Santos, Selma Santos, Alessandra Santos, Maísa Nascimento, Eleonora Vaccarezza, Margot Mattos, Marijalma Torres, Cleanis Silva, Dayse Santos Ramos, Dandara Vieira, Jaquelene Linhares, Lígia Borges, Virgínia Lúcia Meneses, Everlane Moraes, Vera Núbia Santos, Vera Vilar, Xifroneze Santos, Amanda Rodri, Zenaide Sandres e as saudosas Rejane Maria, Valdice Teles e Beatriz Nascimento - in memoriam -, mulheres que nunca fugiram às lutas. Terminamos com a frase da aniversariante Marielle Franco (presente!): Aqui existe amor!
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