
Preconceito e discriminação são as principais bases da violência de gênero
“É preciso ter coragem para ser mulher nesse mundo. Para viver como uma. E para escrever sobre elas”. Essa frase traduz bem a sensação de (re)escrever sobre este tema neste espaço onde já mantive uma coluna chamada Mulher & Política. Uma escrita necessária, eu diria. Uma leitura mais necessária ainda, sem falsa modéstia - a partir desta semana, escreverei aqui todas as terças-feiras.
Isso porque as questões de gênero estão mais em voga do que nunca - da gramática aos vencimentos salariais - e, mesmo assim, nunca se matou tantas mulheres. Nunca seus corpos foram tão invadidos, expostos e subjugados.
Nunca os feminicídios foram tão constantes e cruéis, nunca o desejo feminino foi tão criticado e nunca a maternidade foi tão atacada. Enfim, a mulher, em seu amplo, complexo e profundo existir, sempre foi e continua sendo o alvo mais fácil do preconceito e da discriminação.
Esses dois sentimentos são as principais bases da violência de gênero e fazem perpetuar um ciclo vicioso que muito depõe contra a nossa sociedade: não é à toa que, desde a promulgação da Lei nº 13.104/15, que qualifica como feminicídio o homicídio de mulheres devido a sua condição de gênero, os registros aumentam ano a ano, indo na contramão da tendência de queda dos homicídios em geral.
Entre 2017 e 2022, a queda geral do número de homicídiosno Brasil foi da ordem de 31%, segundo dados do Monitor da Violência. No entanto, no mesmo período, o registro dos crimes de feminicídios aumentou 37% no Brasil.
Vale lembrar que, ao contrário dos homicídios em geral, cujas motivações são as mais variadas, os feminicídios têm sempre a mesma: a desigualdade de gênero. Essa desigualdade está presente nas relações sociais, é baseada na crença de que as mulheres são subalternas aos homens e de que suas vontades são menos relevantes.
Dessa forma, a violência de gênero reflete a radicalização desta crença que, muitas vezes, “transforma” as mulheres em objetos e “propriedade” de seus parceiros, tornando-as reféns desse ciclo vicioso que, além de ser rompido, também precisa ser discutido. Essa é a razão de ser deste espaço. Boa leitura!
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