Articulista
Mário Sérgio Félix

É radialista, jornalista e pesquisador da MPB. Escreve às quintas.

Balthazar, ainda com muito amor, um pop star nacional à sergipana!
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Balthazar: um pop star sergipano que se embolou com grandes nomes

A década de 1970 foi muito profícua para a música sergipana - e brasileira, obviamente. Por aqui, além dos grandes intérpretes que já faziam sucesso, outros surgiram, a exemplo de Roberto Alves, As Moendas, Edidelson Andrade, Lisboa, Lucinha Fontes, Gravatinha e tantos outros que vieram no embalo de José Augusto, Pedrinho Rodrigues e João Mello.

Mas em meados daquele tempo, a música sergipana conheceu um jovem cantor que encantou todo o Brasil com a sua música, sua voz e principalmente com o seu carisma: Balthazar.

O Brasil pegava fogo nas canções de amor que faziam sucesso, e a elite chamava de música brega. Além de nomes que traziam nas canções letras com sentidos exacerbados de romantismo, outros difundiam acordes menos sofisticados, levando a música de amor ao exato estigma de brega.

Nesse sentido, um disco que tomou conta das paradas de sucesso no Brasil, levou a denominação de disco brega, quando, na verdade, de brega ele não tinha nada. Talvez, esse artigo venha corrigir um fato que por muito tempo ficou na imaginação do público, que é um defeito que o disco jamais teve: o nome de um disco brega.

“Cartas de Amor” é o primeiro disco gravado pelo sergipano Balthazar. A começar pela gravadora - Polyfar/Phillips -, detentora dos artistas mais cults na época da música brasileira. Tim Maia era do seu elenco, assim como Chico Buarque.

Para a produção do disco, Balthazar recebe da gravadora um profissional que além de produzir nomes de peso da música brasileira, também era responsável pelo repertório do maior vendedor de discos brasileiro, o Roberto Carlos. Seu nome: Mauro Motta.

As parcerias de Balthazar vão de Raulzito – “Doce, Doce Amor” –, Robson Jorge e Lincoln Olivetti na música “Eu e Ela”, gravada pelo rei Roberto Carlos. E muitas e muitas outras.

Já morando no Rio de Janeiro e conseguindo se enturmar com o pessoal do rock, do soul, da jovem guarda, da MPB, Balthazar se torna um grande amigo de Raul Seixas e, por óbvio, de Raulzito. Dessa amizade, nasce uma canção que seria um grande sucesso em todo o Brasil.

“Se Ainda Existe Amor” - Raulzito/Sandra Syomara - soma-se a outros grandes sucessos desse disco que consegue ser um campeão de vendas, como “Passagem Só de Ida” - Balthazar/Pedro Paulo/César Roberto -, “Sarah” - Francisco Xavier/Nem - e outras canções que deram a Balthazar e à gravadora cinco “Globos de Ouro”, mostrando a força e a beleza da música desse sergipano ainda hoje vivo.

O disco “Cartas de Amor” prima não só pelas parcerias das canções gravadas, como também pelo elenco que nele trabalhou. Como já fora dito, a produção é do competente Mauro Motta. Estavam trabalhando nesse disco Paulo Cesar Barros, que na época era o grande contrabaixista do famoso “RC-7”, conjunto do Rei roberto Carlos, bem como os metais eram comandados pelo genial Ed Maciel, que por muito tempo trabalhou com os grandes nomes da música brasileira, a exemplo de Chico Buarque, Milton Nascimento, Luiz Gonzaga e tantos e tantos outros.

Os vocais do disco ficaram a cargo dos irmãos Correa, que formavam os grupos “Golden Boys” e “Trio Esperança”. Na condução dos arranjos e das harmonias, um jovem talento que começava a trabalhar com nomes como Roberto Carlos, Gal Costa, Jorge BenJor, Gilberto Gil além dos outros maiores nomes da música brasileira: Lincoln Olivetti.

Com Robson Jorge, Lincoln começa uma parceria com Tim Maia e daí surge uma nova fase na música brasileira, a “disco music” que toma um rumo de grande sucesso. É dele o grande sucesso gravado pelo grupo “Painel de Controle”, “Black Coco”.

Em 1980, a gravadora Som Livre contrata a dupla Robson Jorge e Lincoln Olivetti para efetuar os arranjos e as harmonias de todo o elenco da gravadora. Ainda na produção do disco “Carta de Amor”, o baterista contratado para tomar lugar nas baquetas, nada mais é do que Ivan Conti.

Mas foi com o apelido de “Mamão” que ele tomou destaque na música brasileira. Junto com Alex Malheiros e José Roberto Bertrami, fundaram o trio de grande sucesso na música do Brasil, em especial no início daquela década de 1970: “Azymuth”. Bertrami e Alex Malheiros também participaram da gravação do disco.

“Cartas de Amor”, além de render grande sucesso nas paradas de sucesso, colocou o disco num patamar acima do normal na gravadora. Tanto que a performance obtida por Balthazar lhe rendeu um segundo disco pela mesma gravadora: “Se Eu Parar de Cantar”, em 1976.

Esse disco também foi um grande sucesso de vendas e reuniu novamente, grandes nomes da música brasileira na produção. Mas, aí já é outro artigo para o JL Política & Negócio.

 

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