
Sergipano Bittencourt Sampaio se notabilizou por escrever poemas e canções de repercussão nacional
Bittencourt Sampaio (1834/1895) não é um nome tão em voga nas terras do Cajueiro do Papagaio. Até porque, no último dez de outubro completaram 128 anos de sua morte.
Sergipano da cidade de Laranjeiras, Bittencourt se tornou uma figura muito importante na literatura brasileira, bem como, no campo jurídico e religioso. Foi também um importante nome político, tendo sido deputado e presidente da província do Espírito Santo, no segundo reinado do Brasil.
Homem de letras, Bittencourt também se notabilizou por escrever poemas de repercussão nacional, sendo, inclusive, nomeado a dirigir a Biblioteca Nacional. Seu nome é lembrado na literatura brasileira, tendo sido um dos grandes representantes do romantismo.
No campo religioso, Bittencourt foi um dos primeiros brasileiros a constituir estudos sobre o espiritismo, sendo membro fundador da “Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade”, em março de 1880, no Rio de Janeiro. Sobre o assunto, escreveu diversos artigos e livros, principalmente de cunho moral. Também escreveu, como médium que era, diversas receitas sobre homeopatia.
Mas, Bittencourt também fora magistral na música. Memoráveis eram os saraus literários e musicais que promovia, até porque, como amante da música, gostava de acompanhar-se ao violão. Teve como parceiro, nada mais, nada menos do que o genial Carlos Gomes.
Dessa brilhante parceria com Carlos Gomes, surgiu “Quem Sabe?”, uma das modinhas mais executadas nas casas de saraus pelo Brasil.
Carlos Gomes compôs “Quem Sabe?” em 1859. Tinha apenas 23 anos e o Brasil ainda era um Império. A música tinha o lirismo, a melancolia, o pessimismo de Carlos Gomes que vira sua mãe ser assassinada, sendo criado com muita dificuldade pelo pai.
A letra da canção, assinada pelo sergipano Bittencourt Sampaio, contém frases, pedaços que mostram um lado penoso, triste, que o poeta, sabedor da história pela qual passara seu parceiro, transcreve para a letra essa tristeza que representa esse pessimismo que se apoderava das pessoas cultas da época, ainda mais, tendo um lado triste e sombrio dessa trajetória.
O verso “da saudade agro tormento” representa com exatidão esse pensamento do parceiro Carlos Gomes. Esse verso transcrito na letra/poesia, reflete um momento triste que Bittencourt consegue extrair do parceiro.
“Quem Sabe?” já obteve várias regravações, dentre as quais podemos citar as de Francisco Petrônio, Dilermando Reis, Diana Pequeno , que a regravou no ano de 2001. Porém, seu maior sucesso se deu na bela interpretação de Agnaldo Timóteo (1936/2021), em 1969, no disco “Agnaldo Timóteo Comanda o Sucesso”. Em 2010, Agnaldo a regravou para o lançamento de seu CD – Ao vivo.
Mas, a parceria entre Carlos Gomes e Bittencourt Sampaio não parou por aí. O “Hino Acadêmico da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco” é um dos mais importantes legados deixados por Bittencourt Sampaio – ele iniciou o curso de Direito na Faculdade do Recife, porém, o concluiu somente na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. O ano era 1859.
Seu hino é entoado até hoje a cada ano, a cada aniversário da Faculdade, que muito lutou pelo Direito, pela igualdade dos direitos dos cidadãos. Em sua letra, o legado, o espírito de luta por essa igualdade: “Nossos pais nos legaram guerreiros, Honra e glória, virtude e saber, Nós os filhos de pais brasileiros, Pela Pátria devemos morrer, Mocidade, ela avante, ela avante, Que o Brasil vos aguarda com fé, Esse imenso colosso gigante, Trabalhe por erguê-lo de pé!.
Nos versos de “Quem Sabe?”, “tão longe de mim distante, onde irá meu pensamento”, jamais poderemos esquecer os pensamentos e os ensinamentos desse grande compositor, jurista, religioso, político sergipano. Onde irá meu pensamento? Tão longe. Tão longe.
A convite do jornalista Jozailto Lima, mantenedor deste Portal JLPolítica & Negócio, estarei aqui todas as quintas-feiras falando de coisas por trás da nossa boa música do Brasil. Fui elevado a articulista! Não me deixe só e venha você comigo.
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