
Pedro da Silveira Neto, Netinho: mais um sergipano na boa constelação da música brasileira
Já passou por sua cabeça estar escutando uma música com Chico Buarque, Gal Costa, Elis Regina, Clara Nunes, Milton Nascimento, Elba Ramalho, Dori Caymmi, Edu Lobo e tantos e tantos outros personagens do primeiro time da música brasileira e ali estar o clarinete de um sergipano de Simão Dias?
Mas é bem provável que isso aconteça e você nem saiba. Pedro da Silveira Neto é um músico sergipano que nasceu na cidade de Simão Dias lá no dia 4 de julho do ano de 1921.
Netinho, como era carinhosamente chamado, enveredou pela música através do seu pai, que era mestre da banda da cidade. Autodidata, Netinho, assim como seu pai, o senhor José Profeta da Silveira, começou as primeiras notas musicais em casa, interpretando canções das bandinhas do interior.
A música o livrou da guerra. Convocado para o Exército, foi servir em Salvador. Lá, prestou concurso para a banda do batalhão e, aprovado, ficou livre para não ir à Itália. Decididamente, a música o livrou da guerra e lhe deu o norte que sempre perseguira, trocando o barulho da guerra pelo barulho das notas musicais.
Mas, como todo músico, tinha o desejo e a vontade de seguir carreira num centro maior, e seu destino seria o Rio de Janeiro, na época a capital federal. Assim, aconteceu também com o nosso saudoso cantor e compositor João Mello e de quebra, o nosso sambista Pedrinho Rodrigues.
Já no Rio de Janeiro, Netinho continua seus estudos musicais e torna-se um virtuoso no clarinete. O saxofone também é outro instrumento que Netinho dominava. A fama, ele consegue no período em que esteve na Bahia, ocupando com grande audiência os programas radiofônicos na Rádio Excelsior e também no Cassino Tabariz. Foram mais de dez anos de protagonismo nas noites baianas.
Com a fama adquirida na Bahia, seu passe é disputado pelas grandes rádios do Rio de Janeiro, São Paulo e também pelas grandes Orquestras musicais. Devido à sua performance musical nas rádios, nos clubes, nas orquestras que passava, Netinho aceita um contrato com a Orquestra da Rede Globo de Televisão.
Lá, nosso simão-diense atua por mais de 20 anos ininterruptos, chegando a ser convidado para tornar-se spalla como saxofonista e clarinetista da Orquestra. É chamado de spalla o instrumentista que está ligado diretamente ao ator principal da peça, no caso ao maestro, uma espécie de braço direito.
Netinho também foi um exímio compositor, nos deixando uma coletânea de seis discos solos e mais de uma centena de gravações com as maiores expressões da música brasileira, além de ter acompanhado músicos internacionais, a exemplo de Liza Minelli, Sammy Davis Jr., Michel Legrant e outros enormes figuras da música.
A importância desse músico sergipano é tão grande que a Prefeitura do Rio de Janeiro o indicou para solista do Projeto Catacumba e no Espaço Cultural Sérgio Porto. Aliás, nesse espaço cultural Netinho foi homenageado pelo músico Henrique Cazes por seus 60 nos de música.
O texto do seu LP de 1977, “Chorinho, Cuíca e Tamborim”, tem a assinatura do pesquisador e agitador cultural Ricardo Cravo Albim. No texto, Ricardo compara a música de Netinho aos grandes nomes da música brasileira, a exemplo de Toquinho, Candeia, Nelson Cavaquinho e ao grande Sivuca.
Netinho nos deixou no dia 25 de outubro de 1994. Sua ausência ainda é sentida no seio da música instrumental quando no Brasil os cantores ainda gravavam com as grandes orquestras.
A convite do jornalista Jozailto Lima, mantenedor deste Portal JLPolítica & Negócio, estarei aqui todas as quintas-feiras falando de coisas por trás da nossa boa música do Brasil. Fui elevado a articulista! Não me deixe só e venha você comigo.
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