
Carlos Imperial: amado e odiado, marcou tempo
Se tem um nome de extrema importância na música e na produção musical brasileira, este se chama Carlos Imperial. Dono do bordão “dez, nota dez”, quando do julgamento das escolas de samba do Rio de Janeiro é até hoje repetido com sucesso pelo apresentador Jorge Perlingeiro.
Imperial tem uma importante passagem pelo sucesso. Mas também não foi sempre assim. Envolvido no lançamento de grandes personalidades musicais, a partir de Elis Regina, Tim Maia, Wilson Simonal, Paulo Sérgio, Clara Nunes e tantos outros, Imperial se projetou a partir do lançamento do primeiro disco que produzira para Roberto Carlos, “Louco Por Você” (Columbia Records/1961).
Antes tinha produzido dois compactos em 78 rotações pela gravadora Polydor. Os três discos foram um fiasco de vendas. Roberto até hoje não autoriza a reedição desses discos por sentir-se ser um mero imitador de João Gilberto.
Imperial também flertou com o samba de Ataulfo Alves. É considerado o último parceiro do sambista no sucesso “Você Passa Eu Acho Graça”, constante do primeiro álbum de Clara, que também não fizera sucesso.
Com o advento da Jovem Guarda, Imperial adere ao movimento ao compor grandes sucessos. Para Eduardo Araújo, compõe o estrondoso sucesso “O Bom”. Para Ronnie Von, escreve “A Praça” e para Paulo Sérgio, ainda sem expressão musical, compõe “Para o diabo os conselhos de vocês”, essa em parceria com Nenéo.
Em pouco tempo Paulo Sérgio torna-se o principal concorrente de Roberto Carlos, a ponto do Rei lançar em 1968 o único LP com nome “O Inimitável”. Todos os outros sempre tiveram como título o nome do Rei: Roberto Carlos.
Em pouco tempo, Imperial se torna um grande compositor, disputado pelos grandes intérpretes da música brasileira. Em 1969, Wilson Simonal gravou “Nem Vem Que Não Tem”, tornando-se um mega sucesso nacional e internacional. A grande atriz Brigitte Bardot também a gravou, na língua francesa.
Sempre atento às novidades impostas pelo momento musical, Imperial também está conectado ao grande sucesso e ao seu pupilo Tim Maia com a soul music brasileira, que fora denominado por Imperial como “som livre”.
Nesse segmento, aposta na carreira de um grande intérprete da música negra e vencedor de festival, Tony Tornado. Na garupa de Tony, também estava Guilherme Lamounier, grande parceiro de Fábio Jr. e compositor do sucesso “Seu Melhor Amigo”.
Mas Imperial também sempre estivera envolvido com polêmicas. Tido como um bon vivant, pelos vários episódios seguidos contra “os bons costumes”, Imperial tem a alcunha de “O Rei da Pilantragem”.
Para registrar esse momento, foi lançado em 1968, o LP “O Rei da Pilantragem - A Turma do Embalo Interpreta Imperial”. O disco vem com grandes interpretações das canções compostas pelo Imperial e produção do magnífico Rildo Hora.
Esse disco veio na onda de um anterior denominado “Pilantrália: Carlos Imperial e A Turma da Pesada”. Também tem a produção de Rildo Hora e conta com a participação de grandes nomes da música brasileira que estavam despontando à época, a exemplo de Wagner Tiso, Antônio Adolfo, Ed Maciel, o baterista Edison Machado e tantos outros que tiveram a consagração da MPB. “Pilantrália” também foi um disco para se contrapor ao movimento da Tropicália, uma espécie de concorrência, porém, de muita qualidade.
Na mesma linha da Pilantragem de Carlos Imperial, um outro disco também viera para lançar nomes novos da música brasileira: “A Turma da Pilantragem”, este com a produção de um grande seguidor de Imperial, Nonato Buzar.
Nesse disco, encontramos nomes que despontariam para a música brasileira, a exemplo de Cassiano, Regininha (Trio Esperança), José Roberto Bertrami, Márcio Montarroyos, o nosso saudoso Pedrinho Rodrigues, Alexandre Malheiros e tantos outros da MPB.
Mas foi na televisão que Imperial teve o seu ápice, como apresentador e também como adversário de vários programas de sucesso que criara para, simplesmente concorrer com outros programas de mesma temática.
Na TV Excelsior, criou o Programa “O Bom”, apresentado por Eduardo Araújo, para concorrer com o Programa “Jovem Guarda” da TV Record.
Outra grande concorrência foi criada contra o Programa “Esta Noite Se Improvisa”, apresentado por Blota Jr. Era um programa que divertia a plateia e também os lares brasileiros. Era uma espécie de “Qual é a Música?”.
Para se contrapor ao Programa da Record, Imperial criou um programa que ia na direção inversa do apresentador Blota Jr, que o público que ia assistir ao programa dele o vaiava. Ele, simplesmente ria e debochava do auditório, provocando ao mandar beijos pra plateia.
Imperial também integrara o elenco de produção de shows da TV Globo. Em 1971, foi o idealizador e codiretor do Programa “Alô Brasil - Aquele Abraço”. Mais tarde participou do jurado do Programa Flávio Cavalcante e também do Programa Sílvio Santos.
Ele também se tornou um grande entusiasta do cinema brasileiro, mais precisamente das pornochanchadas nos anos 1970 e 1980, onde explorava “literalmente” a sua condição de “pilantra”, ao desenvolver papéis normalmente debochados, onde exibia com bastante galhardia a beleza de suas “lebres”, como ele sempre as chamava. E olhe que foram filmes que lhe renderam excelentes bilheterias.
Neste 4 de novembro, Imperial completa 31 anos saudade. Tornou-se um nome muito importante na música brasileira, ao defender os artistas nacionais, e além de tudo, era um ferrenho torcedor do Botafogo de Futebol e Regatas.
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